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A BÍBLIA E O SUICÍDIO

“Polêmica!!!!”

Esta é a frase que nosso jovem irmão Gabriel, que congrega na igreja nos Pimentas, ante um assunto controvertido e com muitas opiniões diferentes, inclusive de respeitados estudiosos da Bíblia.

Foi o assunto que falei na Reunião dos Jovens na igreja local.

O que a Bíblia ensina sobre o suicídio? Pode um cristão fiel a Jesus chegar a cometer suicídio? Uma pessoa que comete suicídio pode ser salva ou perde a salvação automaticamente?

A palavra suicídio vem do latim (sui = auto e caedere = matar) é comumente entendido como a ação intencional de tirar a própria vida.

A pessoa que tenta ou comete suicídio, no passado era chamado de “suicida”. De 1990 em diante: pessoa com comportamento suicida para mostrar que a pessoa é mais que seu ato.

I – O SUICÍDIO NO BRASIL E NO MUNDO.

1 milhão de pessoas cometem anualmente.

Dados da ocorrência:

Mundo/Brasil

16 milhões de tentativas por ano no mundo. “No Brasil, acontece uma morte por suicídio a cada 45 minutos, mas para cada morte temos outras 20 tentativas. Os números são altos e preocupantes

Fonte: Agência Câmara de Notícias

No mundo, temos uma média de 800 mil suicídios por ano, o que significa que uma pessoa morre por suicídio a cada 40 segundos e a cada três segundos ocorre uma tentativa. 

As tentativas tendem a ser dez ou vinte vezes maiores que os suicídios completos.

Hoje, no Brasil, temos em média 12 mil suicídios por ano, o que equivale a uma morte a cada 45 minutos. Mesmo que as taxas brasileiras não possam ser consideradas proporcionalmente altas, o país é o 8o no ranking em números absolutos e, infelizmente, as taxas não param de crescer.

Há fatores capazes de aumentar o risco de suicídio, como uso de álcool ou drogas, términos de relacionamentos, perdas financeiras, abusos, luto ou presença de transtornos mentais. 

Homens cometem mais suicídio, mas a diferença com as mulheres vem aumentando. Também tem a ver com a tentativa ou meio utilizado: homens são mais letais.

Importante: 5/6 pessoas são diretamente afetadas profundamente. A pessoa se foi, mas deixou esse número de pessoas com marcas profundas do seu ato.

II – O SUICÍDIO NA HISTÓRIA

Até o século XIV – pecado mortal, por influência da igreja católica.

Concílio de Arles – confiscou a propriedade – 314 DC

Com o tempo foi encarado como ato insano.

Somente no século XX – A psiquiatria superou e a situação passou a ser encarada como uma patologia.

Freud: o resultado do predomínio do impulso de morte sobre o impulso vital.

Escreveu pouco sobre o assunto.

Hoje: são vários os fatores que levam a pessoa a cometer.

O suicídio é uma doença multidimensional, ou seja, é influenciada por vários fatores, como físicos, psíquicos, culturais, econômicos, sociais, situacionais e biológicos em uma pessoa que acredita no suicídio como a única solução para um problema. 

Suicídio não está relacionado à coragem, mas sim ao sofrimento.

O fato é que o comportamento suicida é mais comum do que imaginamos e qualquer pessoa em algum momento da vida pode ter pensado em acabar com a própria vida, precisando de ajuda, quando o suicídio começa a ser visto como uma possibilidade.

Causas mais comuns:

  • Estado emocional abalado por fatores fortemente estressantes
  • Episódio de depressão profunda
  • Enfermidades mentais, transtornos, …
  • Autoimagem baixa
  • Desespero = Falta de esperança, de perspectiva positiva

Mitos: 

Quem fala sobre suicídio nunca comete suicídio. Os pacientes que cometeram suicídio em geral deram avisos ou sinais de sua intenção. Qualquer ameaça deve ser levada a sério. 

Falar sobre suicídio com um paciente pode provocar um comportamento suicida. 

Falar sobre o suicídio em geral reduz a ansiedade ligada a esse tema, o que pode fazer que o paciente se sinta compreendido e aliviado.

III – O SUICÍDIO E AS RELIGIÕES

Judaísmo – condena o suicídio, porém o considera uma alternativa aceitável frente à ocorrência de certos pecados capitais. Contudo, até hoje, os judeus que se suicidam são enterrados à parte dos que morrem por qualquer outra causa. 

Hinduísmo é bastante ambíguo em relação ao suicídio, ora condenando-o, como homicídio ou aceitando (jejum até a morte chega a ser aceitp).

 Budismo – é a abstenção de destruir a vida, incluindo a própria. Contudo, fiel à sua tendência de compaixão, o budismo, diferentemente de outras religiões, não condena o suicídio, mas o considera uma ação negativa, que não se coaduna com a via da iluminação, a meta do budismo. 

IV – POSICIONAMENTOS EXISTENTES HOJE ENTRE OS RELIGIOSOS

  1. Todo aquele que comete suicídio, sob qualquer circunstância, vai para o inferno (posição tradicional do Catolicismo Romano).
  1. Um cristão nunca chega a cometer suicídio, porque Deus impediria. Se cometeu, não é um cristão verdadeiro.
  2. Um cristão pode chegar a cometer suicídio, mas perderá sua salvação.
  3. Um cristão pode chegar a cometer suicídio, sem que necessariamente  perca sua salvação.

V – E A BÍBLIA, O QUE DIZ?

Sobre a atitude do suicídio, a Bíblia não diz nada. Ou seja, a Bíblia relata os casos, mas não há juízo de valor.

No entanto, pessoas dedicadas a Deus, desejaram a morte.

Moisés, Elias, Jonas e Jeremias foram pessoas que desejaram a morte (Números 11:15; 1 Reis 19:4; Jonas 4:3; Jeremias 20:14-18).

Há exemplos de suicídios na Bíblia.

  • Abimeleque (Juízes 9:54) – estava ferido e não queria passar pela vergonha (na visão da época) de ter sido morto por uma mulher.
  • Sansão (Juízes 16:29-31) derrubou o templo onde se encontrava sobre si mesmo, mas com a intenção de se vingar de seus inimigos.
  • Saul e o escudeiro (1 Samuel 31:3-6) – mais um motivo de “honra”. Não desejava ser morto pelos filisteus.
  • Aitofel (2 Samuel 17:23) – em razão de seu conselho não ter sido seguido. Demonstra autoestima não saudável.
  • Zinri (1 Reis 16:18) – a cidade tinha sido tomada, suicidou-se para não ser capturado por seus inimigos.
  • Judas (Mateus 27:5) – remorso em razão da traição e posterior condenação do Senhor Jesus.
  • Carcereiro- tentativa (Atos 16:27) – tentava, imaginou que os prisioneiros tinham fugido.

Conclusões sobre os incidentes bíblicos: 

Nos incidentes mencionados acima, notamos muitas coisas. Primeiro, a maioria dos suicídios aconteceu no contexto de guerra, no qual tirar a própria vida foi o resultado de temor ou vergonha.

Segundo, são casos pessoais e, além do medo, refletem uma autoimagem demasiadamente pobre ou baixa autoestima. Todas as mortes tiveram lugar quando o indivíduo estava num estado mental altamente emocional.

Terceiro, o suicídio é mencionado sem que haja qualquer juízo quanto à moralidade da ação. Isso não significa que ele seja moralmente correto. Apenas indica que o escritor bíblico está simplesmente descrevendo o que aconteceu.

O impacto moral do suicídio deve ser avaliado segundo a compreensão bíblica da vida humana: Deus criou a vida, e nós não a possuímos para usá-la e descartá-la como bem entendermos. O sexto mandamento também tem alguma coisa a dizer sobre o assunto. Um cristão, portanto, não deveria considerar o suicídio como solução moralmente válida para o infortúnio de viver num mundo onde existe dor física e moral.

E finalmente, todas as pessoas que atentaram contra a própria vida, naquele momento, eram pessoas afastadas de Deus.

CONCLUSÃO

É pecado cometer suicídio?

Sim, desde o início da Bíblia, Gênesis 2:7, 9:6, Deuteronômio 30:19-20 e Êxodo 20:13. É Deus quem dá a vida, portanto, somente Ele pode tirá-la. Matar sempre foi pecado e conclui-se não somente a um terceiro, mas a própria pessoa. 

Claro que não utilizo esse texto para afirmar que o Estado não pode matar (pena de morte), pois há base bíblica para ela (Romanos 13:4). Pessoalmente sou contra a pena de morte pela possibilidade de um inocente ser condenado, ante a nossa justiça nem sempre ser justa.

Uma pessoa não convertida que se suicida perde a salvação?

Sim, mas não por causa do suicídio, mas por estar ainda debaixo da ira de Deus (João 3:16-17, 36) em razão de ter recusado Jesus e seu evangelho.

E um cristão, perde a salvação, se cometer suicídio?

Perde se abandonar a Jesus (Hebreus 10:26-31 e Romanos 8:38-39). Se quando cometeu o ato já estava afastado de Deus, perderá a salvação em razão do abandono do evangelho.

No entanto, importante pensar:

Nosso julgamento é feito sem o conhecimento completo da pessoa, sua situação e suas motivações.

Logo, se um cristão estava passando por uma depressão (sim, cristãos também passam), que o levou a se afastar do Senhor e nesse período, cometeu suicídio, deixemos com Deus o veredito final. Só Ele conhece plenamente as situações e as motivações da pessoa. Não sejamos tão rápidos e julgar uns aos outros. A empatia e compaixão devem estar presentes na irmandade.

Suicídio é um pecado grave, mas todo pecado o é (Romanos 3:23 e 6:23). Logo, o suicídio não é pecado imperdoável ante o sangue de Jesus (1 João 2:1-2). Somente recusar o evangelho ou, uma vez aceito, se afastar, é pecado imperdoável.

A igreja, como família de Deus, tem um papel importantíssimo na prevenção do suicídio. Não é por menos que existem tantos mandamentos “uns aos outros” no livro sagrado.

“Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros, para que vocês sejam curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo.” – Tiago 5:16

O papel da igreja – o corpo de Cristo, a família de Deus. “Uns aos outros” é para isso.

O que fazer diante da tristeza/depressão?

Busque ajuda na irmandade (Tiago 5:13-14)

Busque ajuda em profissionais da mente (psicólogos, terapeutas e psiquiatras), como buscamos médicos para os profissionais das doenças do corpo. Como igreja, estejamos prontos para nos animar uns aos outros.

“Também exortamos vocês, irmãos, a que admoesteis os que vivem de forma desordenada, consolem os desanimados, amparem os fracos e sejam pacientes com todos. Tenham cuidado para que ninguém retribua aos outros mal por mal; pelo contrário, procurem sempre o bem uns dos outros e o bem de todos. Estejam sempre alegres.” – 1 Tessalonicenses 5:14-16

Finalmente, se está com pensamentos suicidas em razão de sofrimento, lembre-se do que Deus pode fazer com você e através de você na vida de outros, como instrumento dele. Vai mesmo deixar de passar por essa bênção?

“Estou cercado pelos dois lados, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor. Mas, por causa de vocês, é mais necessário que eu continue a viver. E, convencido disto, estou certo de que ficarei e permanecerei com todos vocês, para que progridam e tenham alegria na fé.” – Filipenses 1:22-25

Fontes de minha consulta, além da Bíblia, para um aprofundamento maior sobre o assunto:

Como falar de forma segura sobre o suicídio, Karen Scavacini e MM Izidoro, Instituto Vita Alere

O suicídio e sua prevenção, José Manoel Bertolote, Editora Unespe

Sites:

https://www.respostas.com.br/deus-perdoa-suicidio/
https://biblia.com.br/perguntas-biblicas/o-suicidio-e-a-biblia/
https://biblia.com.br/perguntas-biblicas/suicidio-vamos-abrir-o-jogo/
https://youcat.org/pt/credopedia/suicidio/
https://ministeriofiel.com.br/artigos/ao-cometer-suicidio-o-cristao-perde-a-salvacao/
https://estiloadoracao.com/suicidio-na-biblia/
https://cvv.org.br/

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