A igreja é o corpo de Cristo na terra. É única e essencial. Somente na igreja de Cristo há salvação tanto quanto somente na Arca de Noé as pessoas foram salvas através da água. Agora, como seria possível ter uma igreja simples, verdadeira e alinhada com as Escrituras? Muitos cristãos hoje buscam um caminho mais próximo daquele traçado pelos primeiros discípulos — um caminho sem complicação, sem excesso de tradições humanas, mas com profunda reverência pela Palavra de Deus. Vemos, no entanto, que muitos lideres religiosos não sabem como voltar ao padrão do Novo Testamento e fazer a igreja na prática como resultado da obediência ao Novo Testamento.
O movimento da restauração é uma ideia que não busca exaltar homens ou doutrinas, mas busca, sim, exatamente isso: voltar ao modelo original da igreja descrito no Novo Testamento. Não se trata de criar algo novo, mas de restaurar aquilo que já foi estabelecido por Cristo e vivido pelas primeiras comunidades cristãs. E se você sente esse chamado, talvez esteja na hora de dar os passos certos para começar uma igreja segundo esse padrão bíblico.
1. O Primeiro Passo: Estudo e Oração
Toda obra que pretende glorificar a Deus deve começar em oração e em um estudo sério das Escrituras. Antes de qualquer planejamento humano, é essencial buscar a direção divina.
“Eles se dedicavam continuamente ao ensino dos apóstolos, à comunhão, à ceia do Senhor e às orações.” (Atos 2:42)
Esse versículo mostra o foco da igreja primitiva e temos este registro no Novo Testamento como base da igreja que Jesus deixou. Se queremos seguir o mesmo caminho, devemos mergulhar nas epístolas, nos evangelhos e no livro de Atos, entendendo não só o que era ensinado, mas como era vivido. Agora, devemos dar vida a estas palavras na prática de plantar a igreja que Jesus edificou.
Além disso, ore por sabedoria e discernimento. Peça a Deus que levante outros corações sinceros que compartilhem dessa visão. A obra de Deus nunca é solitária.
2. O Fundamento: Jesus Cristo, o Único Alicerce
Se tudo tem que ser construído sobre uma base sólida, qual é o fundamento da igreja?
“Pois ninguém pode lançar outro fundamento além do que já foi posto, que é Jesus Cristo.” (1 Coríntios 3:11)
A igreja verdadeira tem Cristo como cabeça e único fundamento. O único Pastor do Novo Testamento é Jesus, nem sequer os apóstolos eram conhecidos como pastores, eles faziam o trabalho para o Pastor porque foram chamados por Ele. Toda doutrina, prática e organização precisa estar centrada Nele. Isso significa recusar tradições ou costumes religiosos que não estão nas Escrituras. O padrão não é o que funciona culturalmente, mas o que é bíblico.
3. Começando com um Grupo Pequeno e Comprometido
Deus não começa grandes obras com multidões. Ele começa com poucos, mas com corações dispostos. A igreja começa com a pregação e a obediência ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo. A mensagem é Ele e as pessoas devem ser batizadas em nome Dele.
“Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali estarei no meio deles.” (Mateus 18:20)
Os primeiros discípulos se reuniam em casas, em pequenos grupos, com comunhão real, sinceridade e compromisso. Comece assim. Encontre pessoas que desejam viver a fé com transparência, estudar a Bíblia juntas e praticar o amor fraterno.
Essa simplicidade é poderosa. Ela permite crescimento orgânico e autêntico.
4. Culto Simples, Mas Significativo
O culto na igreja do Novo Testamento era simples, porém profundamente significativo. Era marcado por:
– Ensino bíblico – a palavra dos apóstolos era central.
– Comunhão – vida compartilhada entre irmãos.
– Ceia do Senhor – celebrada todo domingo, como em Atos 20:7.
– Oração – constante e fervorosa.
– Cânticos a capela – cantavam salmos e hinos espirituais uns aos outros, como ensina Efésios 5:19.
– Oferta voluntária – coletada no primeiro dia da semana, conforme 1 Coríntios 16:1-2.
Nada de aparato. Apenas coração, verdade e obediência.
5. Liderança Servil, Sem Hierarquia Humana
No modelo bíblico, a liderança da igreja não é uma posição de poder, mas de serviço. Segundo as próprias palavras de Jesus, o mais importante entre os discípulos são aqueles que servem como Jesus veio fazer.
“Paulo e Timóteo, servos de Cristo Jesus, a todos os santos em Cristo Jesus que estão em Filipos, com os bispos e diáconos.” (Filipenses 1:1)
Havia presbíteros (anciãos) e diáconos, escolhidos conforme sua maturidade espiritual e caráter. Não havia ‘pastores profissionais’ nem hierarquias complexas. A igreja é o corpo de Cristo e não uma empresa. Cada congregação tinha sua própria liderança, sem submissão a sistemas religiosos externos.
Isso liberta a igreja para ser o corpo de Cristo de fato — cada membro funcionando com graça e propósito.
6. Evangelismo e Discipulado: A Missão Continua
A igreja existe para espalhar o evangelho. E não basta apenas ganhar almas — é preciso discipular.
“Vão, portanto, e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.” (Mateus 28:19)
O objetivo não é criar denominações ou instituições, mas igrejas locais autônomas, fiéis ao ensinamento de Cristo. Ensine as pessoas a amar a Deus, a viver a Bíblia e a fazerem discípulos também.
Como diz Paulo a Timóteo: “E o que você ouviu de mim na presença de muitas testemunhas, confie isso a homens fiéis que sejam capazes de ensinar também os outros.” (2 Timóteo 2:2)
7. Autonomia Congregacional: Uma Igreja Livre
Cada igreja local, no Novo Testamento, era independente. Não havia uma sede central, nem um conselho administrativo ditando regras.
“A cada igreja escreva o que o Espírito diz às igrejas.” (Apocalipse 2:7)
Cada congregação era responsável perante Cristo, seu único cabeça. Essa autonomia protege contra burocracias e mantém a liberdade espiritual.
Claro, há lugar para comunhão entre igrejas, mas não para controle humano. A autoridade final sempre será a Palavra de Deus.
8. Vida Santa e Separada do Mundo
Ser sal e luz não é apenas ter boas intenções. É viver de maneira diferente.
“Portanto, amados, visto que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda impureza da carne e do espírito, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus.” (2 Coríntios 7:1)
Uma igreja que segue o padrão bíblico ensina e vive a santidade. Amor fraternal, disciplina bíblica (como em Mateus 18), e separação do mundo são características essenciais.
“Sede santos, porque eu sou santo.” (1 Pedro 1:16)
9. Somente o Que Está na Bíblia
O movimento da restauração é claro nesse ponto: nada além da Bíblia, nada aquém da Bíblia, e nada contra a Bíblia.
“Se alguém falar, fale como oráculos de Deus; se alguém ministrar, ministre como quem administra a graça de Deus.” (1 Pedro 4:11)
Não precisamos inventar novas práticas ou adicionar tradições. O que está escrito é suficiente. E quando nos mantemos dentro desses limites, honramos a Deus e mantemos a pureza da mensagem.
10. Persevere com Fidelidade
Por fim, saiba que o caminho não será fácil. Haverá críticas, dúvidas e até oposição.
Mas lembre-se:
“Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida.” (Apocalipse 2:10)
O objetivo não é agradar aos homens, mas a Deus. E como disse Paulo:
“Pois procuro agora o favor dos homens ou o de Deus? Ou estou procurando agradar aos homens? Se eu ainda agradasse aos homens, não seria servo de Cristo.” (Gálatas 1:10)
Permanecer firme na Palavra, mesmo diante das dificuldades, é o que define uma igreja verdadeira.
Conclusão: Um Chamado à Restauração
Começar uma igreja segundo o padrão do Novo Testamento não é uma aventura humana. É um chamado divino. Requer humildade, fidelidade, e disposição para deixar de lado o que é conveniente, mas não é bíblico.
Se você deseja viver essa experiência, comece com oração, estude as Escrituras, reúna um grupo pequeno e comprometido, cultive a simplicidade, valorize a liderança serva, evangelize com paixão, mantenha a autonomia e viva com santidade. Treine outros para que mais pessoas qualificadas biblicamente possam servir a igreja. Incentive os dons do Espírito Santo para que a igreja seja dirigida pelo Espírito e não por pessoas e suas crenças, vontades e interesses.
E acima de tudo: permaneça fiel. Porque no fim, não importa o tamanho da igreja, mas sim a fidelidade ao Senhor.