“Vão! Eis que eu os envio como cordeiros para o meio de lobos.” – Lucas 10:3

Apesar do texto referir-se à maneira como os 70 discípulos deveriam agir naquela missão especial, os princípios aqui aplicam-se em nossa missão de buscar e salvar os perdidos.

Jesus está dizendo: “vocês são os cordeiros, seus ouvintes são os lobos. Portanto, tenham isso em mente ao agirem no meio deles”.

De um lado, os lobos não têm regras, ainda são governados por Satanás, muitos nem sabem disso, e precisamos ter isso em mente quando agem como lobos. É a sua natureza.

Faz-me lembrar a história do cãozinho que, ingenuamente, tentou salvar o escorpião que estava se afogando, carregando-o nas costas até a margem. No meio do caminho o escorpião o picou e já se afogando o cãozinho disse: “Eu estava salvando você e agora ambos morreremos afogados”. O escorpião respondeu: “Lamento, mas essa é minha natureza, não resisti na vontade de picá-lo”.

Quando os cordeiros estão pregando aos lobos, estes utilizarão do seu método: falta de palavra, mentira, desonestidade, julgarão os cordeiros conforme sua régua, muitas vezes interpretando a boa vontade dos cordeiros do seu jeito, sempre com a pergunta: “qual o interesse dele por trás de toda essa gentileza e dedicação?” Desta forma, precisamos ter essa sabedoria, como disse Jesus, sermos “simples como pombas e prudentes como serpentes” (Mateus 10:16).

Ao mesmo tempo, precisamos agir como cordeiros, não utilizando os mesmos métodos dos lobos. Nada de subterfúgios ou mentiras para ganhar alguém para o reino de Deus. Muito menos violência, respondendo violentamente eventual violência sofrida, conforme nos ensina a Palavra de Deus:

“Não paguem a ninguém mal por mal; procurem fazer o bem diante de todos.” – Romanos 12:17

Lembremo-nos: o discípulo do Mestre é cordeiro no meio dos lobos. Logo, não esperemos atitudes de cordeiros dos lobos, é ingenuidade, como do cãozinho da história que contei. Ao mesmo tempo, somos os cordeiros, os cristãos da história, os que levam o prejuízo por amor ao reino, os que dão a outra face, os que perdoam, os que respondem palavras duras com bênçãos. 

Não ajamos como lobos, apesar de eu reconhecer que mesmo transformados em cordeiros, vez ou outra, o lobo que em nós habitava, chamado de velho homem, parece querer ressuscitar. Lamento confessar, mas já perdi a oportunidade de transformar lobo em ovelha por momentaneamente agir como lobo. Para vergonha minha.

Quando estamos levando o evangelho, precisamos entender que estamos saqueando o inferno e tirando de lá as almas perdidas, os lobos e, com o poder de Jesus (e não nosso), transformando-os em cordeiros, como nós. É uma guerra, que exige de nós muita dependência de Deus, no poder do Espírito Santo, para agirmos como novas criaturas, cordeiros e ovelhas de Jesus que somos.

“Ou como pode alguém entrar na casa do valente e roubar-lhe os bens sem primeiro amarrá-lo? E só então saqueará a casa dele.” – Mateus 12:29

“Ele nos libertou do poder das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado.” – Colossenses 1:13

Satanás é o valente, cuja casa está cheia daqueles que ainda não aceitaram o evangelho de Cristo. Vamos saquear a casa dele, agindo como cordeiros, sem violência, no poder do Espírito Santo, tirando de lá os cativos e transportando-os para o reino de Deus, a igreja de Jesus.

Lembrando sempre: os cordeiros somos nós, vamos agir como tais. Aqueles que estamos tentando resgatar ainda são lobos: sejamos sábios na maneira de tratá-los, não nos escandalizando quando agem conforme a sua natureza. 

Às vezes nos decepcionamos com os não cristãos por ingenuidade nossa. Também os não cristãos se decepcionam conosco, por às vezes esquecermos que somos cordeiros e precisamos agir como tais.