Quantos de nós já não se sentiu cansado, sem forças, desanimado? 

Muitos podem ser os motivos que nos levam ao desânimo, e pode ser que ele chegue a qualquer área de nossas vidas.

Interessante também é o fato de que podemos nos sentir desanimados numa área de nossas vidas e estarmos animados em outras. Não necessariamente passamos por desânimo em todas as áreas ao mesmo tempo.

Mas, como servos de Deus, podemos sentir desânimo também? Podemos, vez ou outra, permitir que esse sentimento tome conta de nós? E, ao senti-lo, o que podemos fazer?

Como sempre deve o servo de Deus fazer, vamos procurar na Bíblia a resposta para essa pergunta. Será que encontramos pessoas dentro das Escrituras que se deixaram levar pelo desânimo?

Podemos começar pelo profeta Elias no livro de I Reis 19 onde, após vencer 450 profetas pagãos, deixou-se abater e fugiu para uma caverna – “Ele, porém, entrou pelo deserto caminho de um dia, e foi sentar-se debaixo de um zimbro; e pediu para si a morte, dizendo: Já basta, ó Senhor; toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus pais.” (I Reis 19-4); parece que Elias estava bastante desanimado, não é mesmo?

E o que dizer de Moisés, falando com Deus sobre seu trabalho com o povo –

“Então Moisés ouviu chorar o povo, todas as suas famílias, cada qual à porta da sua tenda; e a ira do Senhor grandemente se acendeu; e aquilo pareceu mal aos olhos de Moisés. Disse, pois, Moisés ao Senhor: Porque fizeste mal a teu servo, e por que não achei graça aos teus olhos, pois que puseste sobre mim o peso de todo este povo. Concebi eu porventura todo este povo? dei-o eu à luz, para que me dissesses: Leva-o ao teu colo, como a ama leva a criança de peito, para a terra que com juramento prometeste a seus pais? Donde teria eu carne para dar a todo este povo? porquanto choram diante de mim, dizendo: Dá-nos carne a comer. Eu só não posso: levar a todo este povo, porque me é pesado demais. Se tu me hás de tratar assim, mata-me, peço-te, se tenho achado graça aos teus olhos; e não me deixes ver a minha miséria. (Números 11:10-15). 

Apenas dois exemplos de grandes servos de Deus que se deixaram levar pelo desânimo. 

Porém, apesar de passarem por isso, o que importa é a atitude para vencer esse sentimento. Tanto Elias quanto Moisés foram incentivados por Deus para continuarem o trabalho, recuperarem as forças e seguir em frente. Deus vai dizer a Elias que havia mais 7000 homens que, além dele, permaneciam fiéis a Ele (I Reis 19-18). E da mesma maneira vai dizer a Moisés que iria arranjar 70 homens para o auxiliar no trabalho (Números 11:16). 

Podemos aprender que, durante nosso trabalho para o Evangelho, estamos sujeitos de passarmos pelo desânimo, mas o que não podemos é ficarmos presos nesse sentimento que só tende a aumentar se não lutarmos contra ele. 

A maneira que Deus nos ensina para enfrentar o desânimo é não desistir e seguir em frente, mesmo que possa nos parecer custoso. Deus nunca abandona seu servo. 

Sabemos que temos um trabalho a ser feito, levando o Evangelho e pregando para as pessoas e, mesmo que ninguém nos note e que sejamos atingidos pelo desânimo, não desfaleçamos, como nos ensina o apóstolo Paulo

“Por isso não desfalecemos; mas ainda que o nosso homem exterior se esteja consumindo, o interior, contudo, se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós cada vez mais abundantemente um eterno peso de glória; não atentando nós nas coisas que se vêem, mas sim nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, enquanto as que se não vêem são eternas”. (2 Coríntios 4:16-18)

Conta-se uma estória que pode nos ajudar a enfrentar esses momentos de desânimo.

“Um casal de missionários voltava para casa após 50 anos servindo a Deus na África. Durante a viagem de volta no navio, eles vieram imaginando como seriam recebidos e que tipos de honra receberam de seus familiares e amigos, já que dedicaram praticamente a vida toda a serviço do Reino de Deus. Quando o navio se aproximava do porto, eles viram muitas bandeiras, bandas, fanfarras e uma festa preparada. Então pensaram: “Maravilha! Eles estão prontos para nos receber de volta! Que alegria!” Porém, quando saíram do navio depois de um bom tempo, já que estavam viajando na terceira classe, viram os papéis coloridos espalhados pelo chão e não havia mais a banda e as pessoas. Diante daquele silêncio, comentaram: “A festa deve ter sido por causa daqueles homens de terno no navio. Vamos embora!” Então foram para casa, cansados e frustrados, pois não havia ninguém para esperá-los, nenhuma recompensa sequer e o marido ficou tão revoltado que saiu batendo a porta e disse à sua esposa: “Eu vou dar uma volta, pergunta aí para o seu Deus se é isso que Ele tem pra nos dar depois de 50 anos de ministério!”. Aquele homem andou, andou, andou e, ao voltar, encontrou a esposa mexendo em alguma coisa na pia da cozinha. Ele entrou e perguntou à mulher em tom de deboche: “E então? Falou com o seu Deus se é isso que Ele tem para nos dar, depois de renunciarmos 50 anos da nossa vida dedicados ao ministério?” E a mulher, sem se virar, simplesmente disse: “Falei sim. Ah, é? E então, o que foi que Ele disse?” retrucou o homem. Ela respondeu: “Deus disse que nós ainda não chegamos em casa.”

Jesus disse que Ele foi nos preparar um lugar (João 14:2). Saibamos esperar. Ele nunca deixa de cumprir uma promessa!