“Todos davam testemunho dele e se maravilhavam das palavras cheias de graça que lhe saíam dos lábios. E perguntavam: — Não é este o filho de José?” – Lucas 4:22
“E Jesus prosseguiu: — De fato, afirmo a vocês que nenhum profeta é bem recebido na sua própria terra.” – Lucas 4:24
“Todos na sinagoga, ouvindo estas coisas, se encheram de ira.” – Lucas 4:28
“Jesus, porém, passando pelo meio deles, foi embora.” – Lucas 4:30
O episódio de Jesus na sinagoga de Nazaré, cidade onde cresceu, fez-me refletir o seguinte:
- Normalmente não somos respeitados pelos nossos iguais – É a expressão de Jesus: “Nenhum profeta é bem recebido na sua própria terra”. Isso acontece na família, na congregação local e no país, por exemplo. Na família às vezes alguém cresce, é respeitado pelos de fora, mas, exatamente dentro de família, pela pessoa ter crescido junto com os pais e irmão, não é respeitado e às vezes até desvalorizado. Isso aconteceu com José junto a seus irmãos, com seus sonhos (Gênesis 37) e até com Jesus.
Nas congregações locais também, a pessoa é convidada para ensinar em outras, é super bem recebida, às vezes até com exagero. Se for levar a mesma mensagem aos seus, poucos demonstram interesse.
Também no quesito país, às vezes valoriza-se mais o produto estrangeiro do que o local, mesmo possuindo a mesma qualidade. Esse é o dilema que começou com Jesus, mas é exemplificado de várias maneiras.
- A instabilidade dos ouvintes ou mesmo das pessoas a quem ajudamos. Inicialmente, os moradores de Nazaré elogiavam a Jesus, até sentirem-se ofendidos por suas palavras.
Esse é o dilema de qualquer pregador ou mesmo quando queremos ajudar alguém. Inicialmente somos acolhidos, de novo, até de forma exagerada. Porém, com o tempo, especialmente se vamos mostrando a verdade para a pessoa e esta não deseja mudar, podemos ser evitados e até rejeitados.
Lembro de várias pessoas que me pediram para ouvir sobre a Palavra de Deus. No início, que recepção! Mas, quando perceberam que a Palavra os desafiava a mudar de vida, era como um bisturi tocando fundo nos seus pecados, passaram a evitar-me.
Cuidado! O pregador pode ter até mesmo o fim de João Batista: “Não gostou da pregação, mata o pregador”. Claro que isso hoje dificilmente acontece de forma literal. Mas, pessoalmente, já fui “morto” da vida de várias pessoas que, por não gostarem da mensagem, passaram a me evitar. Precisamos aprender a não levar para o lado pessoal, pois rejeitaram a Palavra de Deus em primeiro lugar.
- O milagre de Jesus na cidade de Nazaré, passando no meio do povo, que deseja jogá-lo de um monte, é um dos poucos exemplos em que Jesus realizou milagres que o beneficiaram. Outros exemplos estão em João 8:59 e 10:39. Os milagres de Jesus, quase na sua totalidade, objetivavam ajudar pessoas: curou doentes, expulsou demônios, multiplicou pães, entre tantos outros.
É o mesmo que deve fazer um seguidor seu: seus bens, talentos, habilidades e conhecimentos devem ter como objetivo cumprir os dois maiores mandamentos, isto é, amar a Deus, amando ao próximo.
Como vimos, nos três pensamentos, Jesus é nosso exemplo em tudo: profeta rejeitado entre os seus (estejamos preparados para sermos rejeitados), a instabilidade emocional dos ouvintes (não nos embriaguemos com o acolhimento excessivo nem fiquemos depressivos com a rejeição) e utilizar o que temos de melhor objetivando, primeiramente, o próximo. Nos espelhamos, portanto, em Jesus, o Mestre dos mestres. Em tudo.