“Um dia Davi perguntou: — Será que resta ainda alguém da família de Saul, para que eu use de bondade para com ele, por causa de Jônatas?” – 2 Samuel 9:1
Esta semana iniciei a leitura de 2 Samuel e o texto citado foi um dos que destaquei em minhas leituras diárias.
O versículo tem um contexto específico, porém, da frase dita por Davi podemos extrair algumas boas lições.
No contexto, Davi deseja fazer o bem para alguém da família de Saul em razão da aliança que fizera no passado com o filho daquele, Jônatas (1 Samuel 20:16-17), atitude que, de um lado, demonstra a fidelidade de Davi para com seu amigo, a gratidão pelo bem que ele fizera e ainda há uma estratégia de tentar pacificar toda a nação, pois Saul pertencia a tribo de Benjamim e, com aquela atitude o novo rei deseja mostrar que deseja ter paz com a família de seu antecessor.
Ainda pensando no contexto da leitura daquele dia, destaquei a gratidão de Davi por Jônatas. Se há algo que é admirável numa pessoa é sua gratidão por aqueles que lhe deram a mão nos tempos de sofrimento. Davi era perseguido implacavelmente por Saul e Jônatas arriscou sua vida, seu relacionamento com o pai, pois sabia que Davi era inocente naquela situação. Como Davi, eu tenho na minha mente pessoas que me ajudaram em momentos em que mais precisava e sempre que lembro dessas pessoas, lembro com carinho, sempre que falo dessas pessoas, falo com gratidão, elogiando-as e se posso ajudá-las ou mesmo alguém ligadas a ela, não hesito, pois um senso de gratidão explode no meu peito.
Agora, tirando do contexto da história, gostaria de destacar essa frase de Davi:
“Existe alguém por quem eu possa usar de bondade?”
Acredito que todo discípulo de Jesus, todo filho de Deus, é uma pessoa que deseja abençoar o seu próximo e está sempre em busca de oportunidades para isso. O seguidor de Jesus não é centrado em si, mas tem um olhar de compaixão para as pessoas que o rodeiam e sempre que vê alguém necessitado tem essa disposição de usar de bondade por essa pessoa.
Uma pessoa convertida a Jesus leva muito a sério o segundo maior mandamento, isto é, amar ao próximo como a si mesmo(Mateus 22:39) e também amar seus irmãos em Cristo como Jesus o amou (João 13:34-35). Pois é constrangido pelo amor de Deus, teve o amor do Senhor colocado dentro do seu coração pelo Espírito Santo (Romanos 5:5) e por isso está sempre buscando ocasião para abençoar alguém.
E amar ao próximo é algo prático, é estender a mão a quem sofre, é suprir a necessidade do necessitado, é matar a fome do faminto, seja por um prato de comida, seja por um ouvido atento, seja mesmo por uma ajuda financeira num momento de crise.
Hoje fala-se muito de amor, as músicas são recheadas de menções ao amor ou a amar, mas, amor verdadeiro é demonstrado na prática e custa caro, como custou ao bom samaritana na parábola contada por Jesus em Lucas 10:25-37: o samaritano talvez nem tenha “sentido” tanta vontade de amar o homem caído no meio da estrada, mas teve compaixão que o motivou a parar, cuidar do homem, colocá-lo em seu animal, alugar uma hospedaria para cuidar melhor dele e, mesmo indo embora para seus compromissos, pagou a estadia do homem e comprometeu-se a pagar os demais gastos na volta. Isto é amor verdadeiro, prático e, principalmente, que custa caro. Por isso é tão difícil ter atitudes práticas de amor, pois exige sacrifício de tempo, dinheiro e muita disposição. Falar de amor é fácil, praticar é outra coisa, por isso o apóstolo João nos ensina a não amar somente de boca, mas de fato e de verdade (1 João 3:18).
No entanto, a pessoa que é seguidora de Jesus e habitada pelo amor de Deus em seu coração não hesitará quando for necessário demonstrar amor prático por alguém.
Que, como Davi, tenhamos essa mesma disposição: “há alguém sofrendo ou necessitado por quem possa usar de bondade?”
Finalmente, como disse Paulo:
“Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos, logo todos morreram” (2 Coríntios 5:14).
Esta frase nos motiva a suprir a maior necessidade de uma pessoa: conhecer Jesus, seu evangelho, seu plano de salvação e dele fazer parte. Assim, não há cansaço, tempo ruim ou preguiça para sairmos de nosso lar (ou mesmo dele nesses tempos de pandemia) e pregarmos a boa mensagem a quem quer ouvir. Afinal, por mais que façamos para alguém, nada é comparável como mostrar a essa pessoa que as portas dos céus estão abertas, aguardando seu arrependimento.
Que Deus nos abençoe e amar mais e mais, como Jesus nos amou, até o fim (João 13:1), mesmo que tenhamos que pagar o preço para isso, um preço que custa caro e nem sempre nossa natureza humana deseja pagar, mas, a nossa nova natureza espiritual, renascida em Cristo irá dia a dia matar e subjulgar a velha natureza, diminuindo seu espaço em nossas atitudes diárias.