Imagine a seguinte situação: você está conversando com um irmão que se afastou, ou está se afastando da comunhão com os demais irmãos, está deixando de comparecer às reuniões, aos cultos, aos estudos. Você percebe que ele está meio desanimado, não tem se envolvido com as programações, está cada vez mais distante. Você tenta ajudá-lo, procura ver o que está ocorrendo e, ao final, ele lhe responde: “vou procurar um lugar onde eu me sinto bem”.
Tenho certeza que essa não é uma situação incomum. Infelizmente muitas pessoas estão deixando de congregar onde congregavam porque “não se sentem bem”. Mas será que o problema é o local onde congregavam, ou os irmãos, ou a própria pessoa? Vamos ver como encontrar uma resposta bíblica?
“Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima.” (Hebreus 10:25)
Primeiramente vemos que congregar junto com nossos irmãos não é uma escolha, é um mandamento.
Depois, o sentimento de não sentir-se bem num lugar pode ter duas causas principais: ou o “lugar” não é aquilo que eu queria que fosse ou “eu” não estou de acordo com o lugar. Se o “lugar” aqui referido é a igreja (e não esqueçam que estou falando do sentido bíblico de igreja, que não é o prédio e sim cada um dos acrescentados ao reino de Deus) e a igreja pertence a Jesus, fica fácil ver que não é o lugar o culpado; portanto, só resta reconhecer que o erro está em mim.
Essa ideia de “não sentir-se bem na igreja” geralmente demonstra algum incômodo pela maneira como as coisas estão sendo feitas e como os irmãos estão se relacionando conosco, ou melhor, como nós estamos nos relacionando com os irmãos. Quando a igreja está fazendo seu papel bíblico de exortar e admoestar aqueles que estão fazendo algo que não agrada a Deus (Mateus 18:15-17) e quando somos nós que estamos recebendo essa admoestação e nos sentimos incomodados por isso, estamos apenas demonstrando que o erro está realmente em nós, e a vontade de procurar “um lugar em que me sinta bem” mostra que não estamos procurando o que é o correto, mas sim algum lugar em que possamos continuar fazendo o que estávamos fazendo, mas agora sem que ninguém me “recrimine”.
Ou seja, devemos tomar cuidado com esse pensamento de querer estar em um lugar em que “nos sintamos bem”, e nos tornarmos espiritualmente maduros pra reconhecer que eu não tenho que procurar me sentir bem, mas sim em obedecer ao que a Bíblia manda, mesmo que isso implique em receber admoestação e correção de irmãos que me amam e se preocupam com minha salvação.
Quando recebemos correção amorosa por estarmos falhando, conforme vemos em Hebreus:
“Ora, na vossa luta contra o pecado, ainda não tendes resistido até ao sangue e estais esquecidos da exortação que, como a filhos, discorre convosco: Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, nem desmaies quando por ele és reprovado; porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe. É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige? Mas, se estais sem correção, de que todos se têm tornado participantes, logo, sois bastardos e não filhos. Além disso, tínhamos os nossos pais segundo a carne, que nos corrigiam, e os respeitávamos; não havemos de estar em muito maior submissão ao Pai espiritual e, então, viveremos? Pois eles nos corrigiam por pouco tempo, segundo melhor lhes parecia; Deus, porém, nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade. Toda disciplina, com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça. Por isso, restabelecei as mãos descaídas e os joelhos trôpegos; e fazei caminhos retos para os pés, para que não se extravie o que é manco; antes, seja curado” (Hebreus 12-4-13)
Devemos nos sentir agradecidos por Deus providenciar irmãos que querem que continuemos firmes na caminhada até a salvação.