fbpx

OS MILAGRES E A COMPAIXÃO DE DEUS

“Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e compadeceu-se dela, porque eram como ovelhas que não têm pastor. E começou a ensinar-lhes muitas coisas.” – Marcos 6:34

Recentemente, a pedido de irmãos da igreja de Cristo em Guarulhos (Centro) preparei uma mensagem que recebeu o título “Os milagres na Bíblia”.

Naquele sermão, depois transformado em artigo, discorri explicando o que são milagres, exemplifiquei alguns deles e ainda expus a razão de Deus romper as leis naturais criadas por Ele e realizar um milagre (sinal no evangelho de João).

Vou resumir rapidamente as razões e para maiores detalhes, sugiro a leitura do artigo:

No Velho Testamento:

1) Para que o juízo de Deus se realizasse;
2) Para que o nome de Deus fosse engrandecido e respeitado;
3) Para que o plano de Deus se realizasse;
4) Para que o servo de Deus fosse respeitado como Moisés e Josué.

No Novo Testamento:

1) Para que a divindidade de Jesus fosse confirmada;
2) Para que a Palavra de Deus fosse confirmada;
3) Os milagres confirmava a chegada do reino de Deus, eram apenas uma pequena demonstração do que seria o reino de Deus;
4) Para criar fé nos ouvintes do evangelho;
5) Confirmou o ministério de Paulo para a própria igreja;
6) Satanás também opera milagres, bem como os falsos profetas.

De fatos, todos os motivos acima são bíblicos. No entanto, relendo o artigo e meditando sobre ele depois, notei que esqueci de falar provavelmente o maior motivo da realização de milagres tanto no Velho como no Novo Testamento: a compaixão do Senhor.

Jesus, a expressão exata de Deus (João 1:18, 14:9-10, e Colossenses 1:15) em muitos momentos foi movido por uma íntima compaixão por uma pessoa e por causa dela realizou muitos milagres. Parece que Jesus conseguia “entrar no íntimo da pessoa” e sofrer as dores dela.
No texto que abre este artigo, movido por compaixão, Jesus vê aquelas pessoas como ovelhas sem pastor e, por esse motivo, começou a ensinar-lhes a boa notícia do evangelho.

No entanto, quero mostrar no Novo Testamento, que muitos dos milagres de Jesus foram realizados motivados por sua compaixão pelos que sofriam.

“Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão, compadeceu-se dela e curou os seus enfermos.” – Mateus 14:14

Neste texto o Senhor se retira de barco para descansar um pouco. Ao desembarcar viu uma grande multidão e, ao invés de ficar irritado com aquilo, o texto diz que seu coração ficou compadecido e, por isso, Ele curou aquelas pessoas.

“Profundamente compadecido, Jesus tocou nos olhos deles. E imediatamente recuperaram a vista e o seguiram.” – Mateus 20:34

Na cidade de Jericó dois cegos gritam com alta voz: “Senhor, Filho de Davi, tenha compaixão de nós!”. Jesus lhes pergunta: “O que vocês querem que eu lhes faça?” Eles responderam: “Senhor, que se abra os nossos olhos”.

O texto seguinte enche meu coração de emoção e lágrimas saem dos meus olhos quando leio que Jesus ficou “profundamente compadecido” e por isso curou aqueles dois homens. Que alegria! Poder ver depois de tanto tempo andando na escuridão. Que alegria saber que nossos sofrimentos fazem o coração de Jesus ficar profundamente compadecido.

“Ao vê-la, o Senhor se compadeceu dela e lhe disse: — Não chore!” – Lucas 7:13

“Na cidade de Naim, estava uma mulher chorando, seu filho ia ao túmulo e povo carregando, Jesus parou o enterro e o povo reprovou, Jesus chamou o morto e morto levantou”.

Acabei de citar uma parte do conhecido cânticos “Cristo tem poder”, porém, a motivação mesma do Mestre foi sua compaixão pela viúva que acabara de perder o seu filho. Assim, Ele trouxe aquele jovem à vida e o devolveu à mãe que estava desamparada.

“Quando Jesus viu que ela chorava, e que os judeus que a acompanhavam também choravam, agitou-se no espírito e se comoveu.
E perguntou: — Onde vocês o puseram? Eles responderam: — Senhor, venha ver! – Jesus chorou.” – João 11:33-35

Talvez um dos grandes momentos onde a compaixão de Jesus aflorou. Mesmo sabendo que iria ressuscitar Lázaro, o Senhor sente a dor das suas irmãs e juntos com a multidão, talvez demonstrando sem precedentes sua humanidade, bem como talvez pense que terá que morrer na cruz para destruir o poder da morte, Jesus chora.

Porém, não é apenas no Novo Testamento que Deus realiza milagres movido por sua compaixão. Há um texto no livro de Juízes, quando o povo pede livramento e o Senhor diz que não vai livrar, olha só, mais uma vez, a compaixão de Deus aflorando.

“Mas vocês me abandonaram e serviram outros deuses. Por isso não os livrarei mais. Vão e clamem aos deuses que vocês escolheram. Que eles os livrem no tempo do aperto. Mas os filhos de Israel disseram ao Senhor: — Nós pecamos. Faze-nos tudo o que te parecer bem, mas, por favor, livra-nos ainda esta vez. E tiraram os deuses estranhos do meio de si e adoraram o Senhor. E ele já não pôde reter a sua compaixão diante da desgraça de Israel.” – Números 10:13-16 (grifo meu).


Como este texto me toca! Deus não pode reter sua compaixão diante da desgraça de Israel, que veio em razão de seus pecados. E mais, uma vez, levanta um juiz, Jefté, que livrará milagrosamente o povo de Deus de seus opressores.

Davi também conhecia a compaixão de Deus. Em duas ocasiões, ele esperou isso do Senhor. Quando Deus disse que seu filho morreria em razão do seu pecado com Bate Sebá e também quando soube da praga que o Senhor mandaria a Israel, em razão de seu pecado de levantar o censo. A resposta de Davi mostra o quanto o rei conhecia e tinha experiência da misericórdia do Senhor.

“O seus servos lhe disseram: — Que é isto que o senhor fez? Pela criança viva o senhor jejuou e chorou, mas, depois que ela morreu, se levantou e se pôs a comer! Davi respondeu: — Enquanto a criança ainda estava viva, jejuei e chorei, porque dizia: “Talvez o Senhor se compadeça de mim, e a criança continuará viva.” – 2 Samuel 12:21-22


“Então Davi disse a Gade: — Estou muito angustiado. Porém é preferível que caiamos nas mãos do Senhor, porque muitas são as suas misericórdias; não quero cair nas mãos dos homens.” – 2 Samuel 24:14

Aplicação e conclusão

Assim, quero concluir este artigo dizendo que Deus, em muitos dos seus milagres, foi movido por sua compaixão e misericórdia de nós, seres humanos. Tiago nos diz que toda boa dádiva vem de Deus (Tiago 1:17), por isso podemos levar a sério as palavras de Jesus:

“— Peçam e lhes será dado; busquem e acharão; batam, e a porta será aberta para vocês. Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e, a quem bate, a porta será aberta. Ou quem de vocês, se o filho pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se pedir um peixe, lhe dará uma cobra? 
Ora, se vocês, que são maus, sabem dar coisas boas aos seus filhos, quanto mais o Pai de vocês, que está nos céus, dará coisas boas aos que lhe pedirem?” – Mateus 7:7-11


Sei que a era dos dons miraculosos cessou (1 Coríntios 13:8-12), minha fé independe dos sinais de Deus, estou desenvolvendo uma fé madura que vive do que crê, não do que vê (2 Coríntios 4:18), porém, tenho seguido muito a orientação de Jesus em Mateus 7:7-11 – tenho pedido, buscado e batido a porta de Deus e quantas vezes verdadeiros milagres o Senhor tem realizado em minha vida.

Portanto, além de todos os motivos elencados no primeiro artigo, quero dizer que Deus é o mesmo, seu poder é infinito, sua misericórdia não tem fim, sua compaixão é profunda e podemos, sim, todos os dias clamar a Ele por nós mesmos, nossa família, a igreja, este mundo e, tenhamos certeza, quando Ele quiser, se for para o nosso bem, certamente milagres serão realizados em nossas vida motivados por sua compaixão profunda por nós, seus filhos e mesmo por suas criaturas. Deus é bom e seu amor é infinito.

E, finalmente, nós, como seguidores daquele que tantas vezes foi tocado pelo sofrimento das pessoas, tenhamos esse mesmo espírito: compassivo, perdoador, sempre pronto a dar uma nova chance a quem nos procura.

Ser cristão é ser um “pequeno cristo”, um imitador de Deus Pai e de Jesus, que vive andando nos passos do seu Pai e do seu irmão mais velho (Romanos 8:29, Efésios 5:1 e 1 João 2:6).

Nota: mensagem pregada no culto dominical da igreja de Cristo nos Pimentas, Guarulhos/SP., em 1º de novembro de 2020.

Mesa Redonda
O Livro Para os Jovens Cristãos

Patrocine o aplicativo