“Surgiu entre os discípulos uma discussão sobre qual deles seria o maior. Mas Jesus, sabendo o que se passava no coração deles, pegou uma criança, colocou-a junto de si e lhes disse: — Quem receber esta criança em meu nome é a mim que recebe; e quem receber a mim recebe aquele que me enviou; porque aquele que for o menor de todos entre vocês, esse é que é grande.” – Lucas 9:46-48
Podemos encarar essa discussão entre os discípulos como infantilidade, mas, é algo que, na prática, acontece muito em qualquer grupo.
Quem é o maior? O mais importante? O que tem mais autoridade? O que influencia mais? O mais amado? Os filhos perguntam aos pais: “Qual de nós gosta ou ama mais?” O pior que, às vezes, os pais caem nessa e histórias como Jacó e Esaú, os filhos de Jacó, em especial de José, trazem tristezas por esse motivo? Pessoas se gabam na internet pelos milhares ou até milhões de seguidores que têm. Qual a diferença que há com a pergunta dos discípulos?
Na própria igreja do Senhor quando temos conflitos (e muitos deles feios) não é em razão da doutrina, mas em razão de algum (ou alguns) ser ou serem tratados como os maiores e outros, por pensarem que o são, ficarem ressentidos por não terem um tratamento adequado segundo estes;
Querer ser maior, o mais importante, influenciar é algo que todos nós, sem exceção, precisamos, de tempos em tempos, nos vigiar e pedir a Deus que não sejamos “picados” por essa tendência.
Imagino Pedro, Tiago e João pensando que eram os maiores por terem passado algumas experiências com Jesus que outros não passaram como na transfiguração do Mestre. Alguns escritos afirmam que Tiago e João seriam primos de Jesus, logo podiam pensar ter tratamento especial. Talvez alguns olhassem com valores mundanos como Mateus, um homem rico, ex-cobrador de impostos. Enfim, provavelmente todos eles tinham um motivo para entender que seria o maior.
É irônico que começam essa discussão exatamente após Jesus dizer a eles que seria o “menor” ao morrer na cruz por eles e por toda a humanidade. De fato, como o próprio texto diz, eles não compreenderam.
O escritor diz que Jesus sabia o que se passava no coração deles. Como sabe o que se passa em nosso coração, lá no íntimo, nossas reais motivações, sentimentos, intenções. Isso deve, de tempos em tempos, nos fazer um inventário de nosso coração, observando quais sentimentos estão lá: compaixão, alegria, bondade e generosidade? Ou rancor, ressentimentos, maldade ou angústia? Ele sabe e, por isso, é importante termos consciência para pedir ao Senhor que tire de nós tudo o que não presta, lá do nosso interior.
“Porque do coração procedem maus pensamentos, homicídios, adultérios, imoralidade sexual, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias.” – Mateus 15:19
Jesus irá em vários momentos do seu ministério ensinar seus apóstolos sobre essa realidade: o menor, o que serve, esse é o maior, exemplificado em uma criança que o Senhor coloca no meio dos apóstolos.
Textos como este de hoje me fazem “baixar a bola” e pensar em mim apenas aquilo que convém, conforme o apóstolo Paulo nos ensina.
“Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um de vocês que não pense de si mesmo além do que convém. Pelo contrário, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um.” – Romanos 12:3.