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DIMINUIR PARA CRESCER

No geral somos altamente competitivos, não gostamos de perder.
Você já se sentiu diminuído por alguém?
Como você se sente ao perder ou se sentir diminuído?

A palavra “diminuir” ou “perder” quase sempre tem conotação negativa. Ninguém gosta. Queremos crescer em tamanho, crescer no trabalho, ver crescer a conta bancária, crescerem os filhos…

Uma vez, quando contei para uma pessoa que tinha passado no vestibular, ela disse na frente de todos: “Até que, enfim, vocês nos surpreendeu em algo”. Já se passaram mais de 30 anos desde que ouvi isso e ainda hoje lembro dessa frase. Simplesmente porque somos competitivos, não queremos perder, queremos sempre estar em crescimento, sermos considerados bons em alguma coisa.

QUANDO SER REBAIXADO É BÊNÇÃO.

O texto de hoje, cuja leitura recomenda, nos incentiva a exatamente o contrário, a aceitarmos a diminuição, a boa diminuição.

Houve um momento em que os ministérios de Jesus e João Batista coexistiram. João batizava, mas os discípulos de Jesus também.
Apesar de João já ter apontado que seu trabalho estava no fim, inclusive incentivando seus discípulos a seguir Jesus, parece que alguns deles não aceitatam o papel secundário do trabalho de João. Vejamos a frase que alguns deles disseram ao Batista:

“E foram até João e lhe disseram: — Mestre, aquele que estava com o senhor no outro lado do Jordão, do qual o senhor deu testemunho, está batizando, e todos vão até ele.” – João 3:26

Aquele comentário poderia criar um conflito entre João e Jesus, entre os discípulos deste e os discípulos do Mestre.

Esta frase faz-me lembrar a frase dita séculos antes por algumas mulheres após Davi voltar bem sucedido de sua luta contra o gigante Golias:

“As mulheres se alegravam e, cantando alternadamente, diziam: Saul matou os seus milhares, porém Davi, os seus dez milhares.” – 1 Samuel 18:7

Esta frase foi devastadora no coração de Saul, que dali em diante deixou de governar e teve como único propósito matar aquele a quem passara a considerar seu inimigo. Por mas de 10 anos Saul perseguiu Davi. E tudo começo naquele cântico inocente das mulheres.

Porém, João Batista, sadio em sua personalidade e suas emoções, convicto do seu papel reservado por Deus, disse algo que muitos de nós precisamos internalizar para sermos menos competitivos e termos uma identidade saudável.

“João respondeu: — Ninguém pode receber coisa alguma se não lhe for dada do céu. Vocês mesmos são testemunhas de que eu disse: “Eu não sou o Cristo, mas fui enviado como o seu precursor.” O que tem a noiva é o noivo; o amigo do noivo que está presente e o escuta se alegra muito por causa da voz do noivo. Pois essa alegria já se cumpriu em mim. Convém que ele cresça e que eu diminua.” – João 3:27-30

E não foi a primeira vez que João teve esta atitude para com seu primo Jesus. Isto aconteceu ainda no ventre de Isabel:
“Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança lhe estremeceu no ventre. Então Isabel ficou cheia do Espírito Santo.” – Lucas 1:41
“Pois, logo que me chegou aos ouvidos a voz da saudação que você fez, a criança estremeceu de alegria dentro de mim.” – Lucas 1:44
O comentário dos discípulos de João poderia tê-lo deixado triste e amargurado, ressentido com o sucesso de Jesus e seu aparente “fracasso”. Mas João sabia que seu “fracasso” fazia parte do plano de Deus, que seu trabalho estava completo, que seu papel era de coadjuvante no plano de Deus para salvar a humanidade na pessoa de Jesus.

Por isso, João termina com chave de ouro: “Convém que ele cresça e que eu diminua.” – João 3:30

Esta última frase de João me faz desejar aplaudi-lo de pé, pois é um grande exemplo para todos nós de como sermos humildes e aceitarmos o papel que Deus quer nos reservar.

LIÇÕES QUE JOÃO BATISTA NOS ENSINA

01 – Existe um simbolismo no batismo (quando nos tornamos seguidores de Jesus), isto é, somos revestidos de Cristo.

“Porque todos vocês que foram batizados em Cristo de Cristo se revestiram.” – Gálatas 3:27

No momento do batismo, após confessarmos Jesus como Senhor de nossas vidas, bem como os nossos pecados, arrependidos, o nosso velho homem é crucificado com Cristo. Por isso é chamado de o novo nascimento (João 3:3-5), momento em que passamos a andar em novidade de vida (Romanos 6:4), uma vez que somos novas criaturas nascidas em Jesus (2 Coríntios 5:17)
02 – Porém, sermos revestidos de Cristo é uma atitude contínua e depende de nós permitirmos que o Senhor cresça em nós, tomando todo o nosso ser.

“Logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. E esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim.” – Gálatas 2:20

“Meus filhos, por quem, de novo, estou sofrendo as dores de parto, até que Cristo seja formado em vocês.” – Gálatas 4:19

Todo cristão é habitado pelo Espírito Santo de Deus. Isto acontece no momento do batismo. Porém, nem todo cristão é cheio do Espírito Santo, pois depende dele permitir que o Espírito o encha, é algo que vai acontecendo diariamente, de glória em glória (2 Coríntios 3:18). Por isso Paulo nos incentiva a nos enchermos do Espírito (Efésios 5:18) para que a nova natureza nos torne coparticipantes da natureza de Deus (2 Pedro 1:4).

03 – Uma vez no reino de Deus, precisamos continuamente nos submeter à vontade de nosso novo Mestre.

“Venha a nós o vosso reino”, disse Jesus na oração do Pai nosso (Mateus 6:10). O reino já veio, é a igreja. Porém, individualmente, precisamos continuar pedindo que o governo de Deus nos tome de forma total, governando cada área de nossa vida.

Por isso precisamos buscar saber qual é a vontade de Deus em cada área da vida (Efésios 5:17) com o desejo de nos submeter a Ela
04 – Crescimento espiritual é permitir ser diminuído para que Cristo assuma o controle de nossas vidas.

Esta frase de João “convém que Ele cresça e eu diminua” deve ser o maior desejo, a maior aspiração de todo seguidor de Jesus. As pessoas precisam olhar para nós e verem o que viram nos apóstolos no início da igreja (Atos 4:13).

05 – Todos nós temos um papel reservado pelo Senhor. Não vamos “usurpar” esse papel ou querer assumir um que não nos pertence. (Filipenses 2:5-10).

João Batista sabia que seu papel, como coadjuvante, era preparar tudo para que Jesus brilhasse. Este é o papel de todo servo de Deus, cumprir seu papel com humildade, aparecer somente o necessário, pois seu desejo é ver Jesus brilhar. Na igreja do Senhor Jesus não é a maior estrela, Ele é a única estrela. Todos nós precisamos ter isso em mente. Isto evitará que o espírito competitivo humano contamine o reino de Deus. Se Jesus é a única estrela estaremos contentes com o papel que Ele nos tem reservado e o cumpriremos com dedicação e zelo (Romanos 12:3).

06 – Um discípulo de Jesus está continuamente diminuindo para que seu Senhor apareça de maneira poderosa. Somente assim Jesus pode reinar em nossas vidas.

Travamos uma luta diária contra o pecado e creio que o ego, a arrogância e o orgulho seja o que mais atrapalha hoje o corpo de Cristo. Pois, infelizmente, na queda no Éden, entrou em nós o desejo de sermos como Deus, como desejaram Adão e Eva. Sejamos honestos: queremos dominar, queremos ter a última palavra, queremos aparecer, o velho homem de tempos em tempos quer ressuscitar e por esse motivo travamos uma luta de vida ou morte contra o pecado (Hebreus 12:4), cortando de nós tudo o que nos atrapalhar a sermos fiéis e humides servos de Jesus (Marcos 9:43-48).

CONCLUSÃO

Pense e responda para você mesmo: o que eu preciso diminuir hoje que mais atrapalha Jesus crescer na minha vida? E decidamos sofrer as dores do crescimento, as dores para que sumamos, deixando Jesus assumir o controle.

Diminuir para crescer é o convite que faço a todos nós no dia de hoje.

Mesa Redonda
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