“E aí, sumido! Quem é vivo sempre aparece… da sepultura saiu… até que enfim…”
Você já deve ter ouvido essas frases e tantas outras semelhantes. Infelizmente, pessoas da igreja as proferem muitas vezes quando um membro não aparece na congregação por um tempo e depois retorna.
Aqui, antes de tudo, reconheço a importância da comunhão, de congregar, de partilhar o pão e o fruto da videira, de cantar junto, de ouvir a mensagem, como diz Hebreus 10:25:
“Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima.”
Mas será que essas frases são apropriadas para um membro que não aparece na congregação por algum tempo? Será que Jesus diria isso para um membro que há muito não aparece?
Para essa pergunta, eu prefiro deixar o próprio Jesus responder. Na história do filho pródigo (Lucas 15:11-32), Jesus mostra a reação do pai ao ver seu filho que havia se desviado, levado a herança e gastado tudo. *”E, levantando-se, foi para seu pai. Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou e beijou.” (v. 20)*
O pai deste homem não gritou “e aí, sumido!”, nem tampouco “quem é vivo sempre aparece” ou ainda algo parecido. Ele foi e abraçou.
Quando um irmão deixa de congregar, não nos compete julgar, mas antes de tudo entender, perguntar se está bem e no que podemos lhe ajudar.
Imagine um irmão que ficou doente e passou um mês sem congregar. Imagine que igreja é essa que não é capaz de ao menos perguntar, de visitar, de entender. Da mesma forma que o pai da parábola recebeu seu filho de braços abertos, será que nós, aos domingos, não deveríamos fazer o mesmo?
Será que quando dizemos frases como essas citadas não estamos até querendo mudar a história contada por Jesus? Será que quando um irmão se afasta, ele não tem o direito de ser recebido com dignidade? Será que Jesus diria uma frase destas? Temos algumas pistas, quando ele foi entregue por Judas para ser crucificado suas palavras foram:
“Jesus, porém, lhe disse: Amigo, para que vieste? Nisto, aproximando-se eles, deitaram as mãos em Jesus e o prenderam.” (Mateus 26:50)
Será que somos maiores que Jesus? E ainda, muitas vezes o irmão afastado é alvo de chacotas. Provérbios 26:18-19 diz: “Como o louco que lança fogo, flechas e morte, assim é o homem que engana a seu próximo e diz: Fiz isso por brincadeira.”
Ainda que o contexto aqui sejam as tais “mentirinhas”, acredito que vale para “brincadeiras” com irmãos afastados.
E por fim, a Bíblia é clara. Judas, no final de sua carta, diz: *”E compadecei-vos de alguns que estão na dúvida; salvai-os, arrebatando-os do fogo; quanto a outros, sede também compassivos em temor, detestando até a roupa contaminada pela carne.”*
“Sem lenha, o fogo se apaga; e, não havendo maldizente, cessa a contenda.”*
“Como o carvão é para a brasa, e a lenha, para o fogo, assim é o homem contencioso para acender rixas.”*
“As palavras do maldizente são comida fina, que desce para o mais interior do ventre.”*
Então, nossa missão quanto àqueles que estão afastados, em dúvida, vacilantes é esta. E estejamos sempre prontos para ouvirmos, mas tardios para falarmos, tardios para nos irarmos. Ref. Tiago 1:19.
Quando um irmão afastado volta à congregação, podemos trocar as chacotas, piadas e frases maldosas por atos como:
1. Ouvir o que ele tem a dizer e pelo que passou
2. Acolher como Cristo acolhe os que o buscam
3. Proferir frases de incentivo e apoio, que o aproximam de Deus
4. Amar antes de julgar
5. E servir, como Cristo serviu e lavou os pés de seus discípulos
Certamente os céus se alegrarão mais por um pecador que voltou, do que por um filho vacilante que, por frases malditas, se foi de vez. Que Deus te abençoe!