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DAVI, UM HOMEM CARNAL

Como saber diferenciar uma pessoa carnal de uma pessoa espiritual? Pelo tempo em que anda com Deus, no caso do cristão, pelo tempo de batismo? Pelo conhecimento da Bíblia? Pelos discursos espirituais que profere?

Nestes dois artigos que escreverei, veremos a partir de dois acontecimentos na vida de Davi, a diferença que existe entre um homem carnal, que pode até conhecer a Deus, bem como a Palavra do Senhor, mas esta ainda não está internalizada em seu coração e seu andar com Deus ainda não chegou a um relacionamento estreito com Ele.

Sugiro a leitura de 1 Samuel, capítulo 25 para uma maior compreensão do texto. Nessa época Davi era um fugitivo do rei Saul, que o perseguia para matar. Junto com seus 600 homens Davi era um fora da lei, que vivia de pequenos favores prestados como uma espécie de segurança particular. Foi o que ele fez ao entrar nas terras de Nabal.

Porém, a espiritualidade de uma pessoa se mostra exatamente quanto está em contato com uma pessoa carnal. E era tudo o que Nabal era. Vejamos como ele é descrito nas Escrituras: “ Nabal era grosseiro e mau em tudo o que fazia” (1 Samuel 25:3).

Pensando estar tratando com uma pessoa educada, vejamos as palavras elegantes de Davi que ele manda que alguns dos seus homens digam a Nabal: “Digam àquele afortunado: ‘Paz para você, paz para a sua casa e paz para tudo o que é seu! Soube que você está fazendo a tosquia das suas ovelhas. Os seus pastores estiveram conosco e nós não os maltratamos e nada lhes faltou durante todo o tempo em que estiveram no Carmelo. Pergunte aos seus moços, e eles lhe dirão. Portanto, que os meus rapazes encontrem favor em sua presença, porque chegamos em boa hora. Por favor, dê a estes seus servos e a Davi, seu filho, qualquer coisa que você tiver à mão.’” – vs. 6-8

Por essas palavras de Davi poderíamos concluir que estamos ante uma pessoa espiritual. Aliás, hoje em dia encontramos muitas pessoas (e nós mesmos podemos agir assim), cheias de palavras extraídas de textos bíblicos, mas, “aperta” um pouco, e veremos a mudança que as palavras sofrem. É o que acontecerá com Davi ao ouvir a resposta grosseira de Nabal.

“E Nabal deu a seguinte resposta aos servos de Davi: — Quem é Davi? E quem é o filho de Jessé? Muitos são, hoje em dia, os servos que fogem do seu senhor. Vocês acham que eu vou pegar o meu pão, a minha água e a carne dos animais que abati para os meus tosquiadores e dar a homens que eu não sei de onde vêm?” (vs. 25).

Palavras duras recebeu Davi, que fizeram o “sangue subir” como ocorreria com qualquer de nós. No entanto, creio que a maioria de nós, mesmo irados, seguiríamos nosso caminho. Mas, como agiríamos se tivéssemos a nossa disposição 600 soldados? Foi isso que fez Davi não somente irar-se, mas agir de acordo com a ira.

“Então Davi disse aos seus homens: ‘— Que cada um cinja a sua espada!’ E cada um cingiu a sua espada, e também Davi cingiu a sua. Cerca de quatrocentos homens seguiram Davi, enquanto duzentos ficaram com a bagagem.” – vs. 13

“Ora, Davi tinha dito: — Com certeza, de nada adiantou ter protegido tudo o que esse homem possui no deserto, e de nada sentiu falta de tudo o que lhe pertence; ele me pagou o bem com o mal. Que Deus me castigue, se, até o amanhecer, eu não matar todos os do sexo masculino que estão com ele.” – vs. 21-22

Eis aí Davi, o “homem segundo o coração de Deus” pronto para praticar uma carnificina, exterminar não somente Nabal com sua grosseria, mas todos os homens daquela família, inocentes, que pagariam pela tolice dita pelo senhor daquelas terras. Não fosse Abigail, descrita como “inteligente e bonita” no versículo 3, Davi cometeria uma loucura que provavelmente depois, mais calmo, iria se arrepender, como dito pela própria Abigail.

“E, quando o Senhor Deus tiver feito a meu senhor todo o bem que falou a seu respeito e o tiver colocado como príncipe sobre Israel, então, meu senhor, não terá motivo de pesar ou de remorso por ter derramado sangue inocente e por ter se vingado com as próprias mãos. E, quando o Senhor Deus tiver feito o bem a meu senhor, então lembre-se desta sua serva.” – vs. 30-31

Eis aí Davi, um homem que já tinha tido tantas experiências com Deus, quase caindo, agindo de forma carnal, longe da espiritualidade esperada do chamado “doce salmista de Israel” (2 Samuel 23:1). A espiritualidade de uma pessoa mostra-se exatamente no aperto, nos desafios e especialmente quando somos atingidos em nossa honra e dignidade. Foi o que aconteceu com Jesus que, poderoso, podia ter pedido a ajuda de legiões de anjos, mas nada fez ante os seus algozes, como bem reconhecido nas Escrituras.

“Pois ele, quando insultado, não revidava com insultos; quando maltratado, não fazia ameaças, mas se entregava àquele que julga retamente.” – 1 Pedro 2:23

Por isso Tiago descreve a verdadeira espiritualidade: “Quem entre vocês é sábio e inteligente? Mostre as suas obras em mansidão de sabedoria, mediante a sua boa conduta. Se, pelo contrário, vocês têm em seu coração inveja amargurada e sentimento de rivalidade, não se gloriem disso, nem mintam contra a verdade. Esta não é a sabedoria que desce lá do alto; pelo contrário, é terrena, animal e demoníaca. Pois, onde há inveja e rivalidade, aí há confusão e toda espécie de coisas ruins. Mas a sabedoria lá do alto é, primeiramente, pura; depois, pacífica, gentil, amigável, cheia de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento.” – Tiago 5:13-17

Onde se mostra a espiritualidade de uma pessoa? No momento em que somos atacados de forma injusta, recebemos o mal em lugar do bem que praticamos e, mais, temos recursos para repelir aquela atitude injusta (Davi ia repelir de forma desproporcional) e não o fazemos, mas nos entregamos a Ele, Deus, que julga tudo de forma reta.

É o que fará Davi em outro momento, anos depois, quando, novamente agredido, mostrará que após anos sendo moldado por Deus, agirá da forma espiritual que o Senhor esperava. Veremos, permitindo Deus, na próxima semana no artigo “Davi, um homem espiritual”.

Mesa Redonda
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