A sensibilidade espiritual ante o pecado é muito necessária na vida cristã. A pessoa que é cheia do Espírito Santo deseja enormemente agradar a seu Pai. Ela não espera pecar para pedir perdão. Mesmo antes de pecar essa pessoa já conseguiu discernir entre o bem e o mal e decidir, naquele momento, pela prática do bem (Hb 5:14).
Creio que Davi, doce salmista de Israel, seja um exemplo. Por isso o próprio Deus diz a respeito dele: “Achei Davi, filho de Jessé, homem segundo o meu coração, que fará toda a minha vontade.” (At 13:22-b).
Vemos esta atitude na vida de Davi, especialmente quando perseguido por Saul. Por duas vezes ele teve oportunidade de dar cabo na vida daquele que tanto tinha lhe feito mal. O rei estava dormindo e Davi se aproximou dele. Vejamos a sua atitude: “Então Davi se levantou e, sem ser notado, cortou a ponta do manto de Saul. Mas depois Davi ficou com dor no coração por ter cortado a ponta do manto de Saul e disse aos seus homens: — O Senhor Deus me livre de fazer tal coisa ao meu senhor, isto é, que eu estenda a mão contra ele, pois é o ungido do Senhor.” (1 Sm 24:4-b-6). A mesma atitude ele teve na segunda oportunidade: “Davi, porém, respondeu a Abisai: — Não o mate, pois quem pode estender a mão contra o ungido do Senhor e ficar inocente? (1 Sm 26:9). Ele sabia que seria o próprio rei, mas colocou nas mãos de Deus a responsabilidade por tirar Saul do seu caminho. Não foi isso que fez o Senhor Jesus ante seus inimigos (1 Pe 2:21-24)?
Em outra situação, já rei de Israel, Davi levantou o censo, algo que Deus não tinha ordenado. Vejamos ele ante o seu pecado: “Depois de haver recenseado o povo, Davi ficou com dor no coração.” (2 Sm 24:10a).
Esse é Davi, um homem com sensibilidade para não pecar, mas, ante o pecado consumado, seu coração dói e Ele vai ao Senhor arrependido.
No Novo Testamento, o Senhor Jesus mostra os requisitos necessários para sermos seguidores: pobres de espírito, pois sabe que não tem justiça própria ante o Todo-Poderoso, os que choram seus pecados próprios e por causa dos pecados dos outros e aqueles que buscam a limpeza do próprio coração (Mt 5:3-4 e 23:37).
De vez em quando noto meu coração duro, ressentido, amargo e logo faço uma lista do que estaria me deixando assim. É o meu inventário. Nessa lista, geralmente, há nomes de pessoas que, por ingenuidade, esperavam demais, muitas expectativas. Essas pessoas ficam na minha lista secreta (como também as situações). Passo a orar diariamente para que aqueles maus sentimentos deixem o meu coração. E graças a Deus, essas faxinas periódicas me fazem, de tempos em tempos, ter o coração puro, sem ressentimento com ninguém, pronto para servir e perdoar, até o próximo momento em que nova faxina precisarei fazer.
A oração de Davi inspira: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno.” (Sl 139:23-24).
De tempos em tempos preciso orar a Deus. E convido você a fazer o mesmo, uma faxina no seu coração. Por que eu levo isso tão a sério? “Procurem viver em paz com todos e busquem a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor. Cuidem para que ninguém fique afastado da graça de Deus, e que nenhuma raiz de amargura, brotando, cause perturbação, e, por meio dela, muitos sejam contaminados.” (Hebreus 12:14-15).
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