“Ezequias se agradou disso e mostrou aos mensageiros a casa do seu tesouro, a prata, o ouro, as especiarias, os óleos finos, todo o seu arsenal e tudo o que havia nos seus tesouros. Não houve nada em seu palácio nem em todo o seu domínio que Ezequias não lhes mostrasse.” – Isaías 39:2
“Isaías perguntou: — O que eles viram no seu palácio? Ezequias respondeu: — Viram tudo o que há em meu palácio. Não houve nada nos meus tesouros que eu não lhes mostrasse.” – Isaías 39:4
“Então Ezequias disse a Isaías: — Boa é a palavra do Senhor que você falou. Pois ele pensava assim: “Enquanto eu viver haverá paz e segurança.” – Isaías 39:8
Como escrevi no final do artigo da semana passada, hoje continuo a analisar os 15 anos de vida concedidos por Deus ao bom rei Ezequias
Sim, o livro de 2 Crônicas, nos capítulos 29 a 31, relata o bom reinado de Ezequias, responsável por um avivamento espiritual em Judá, com o templo de Deus purificado, o culto a Deus restabelecido e Páscoa voltando a ser celebrada, após o reinado de seu infiel antecessor, Acaz.
Após todo esse período de paz e prosperidade, Deus envia Isaías para avisar ao rei de que seu tempo estava no fim, que se preparasse para a morte. Ezequias não aceitava partir tão jovem, cerca de 29 anos e, por isso, pede a Deus que lembre-se de como andara nos caminhos do Senhor.
O artigo de hoje é complemento ao da semana passada e mostra o que aconteceu com Ezequias após Deus lhe conceder mais 15 anos de vida. O livro de 2 Crônicas explica bem:
“Muitos traziam presentes a Jerusalém ao Senhor e coisas preciosíssimas a Ezequias, rei de Judá, de modo que, depois disto, foi exaltado à vista de todas as nações.” – 2 Crônicas 32:23
“Mas Ezequias não correspondeu aos benefícios que lhe foram feitos, pois o seu coração se exaltou. Por isso veio grande ira sobre ele e sobre Judá e Jerusalém.” – 2 Crônicas 32:25
Deus livrou Ezequias do rei da Assíria, Senaqueribe, livrou-o da doença e da morte e o exaltou entre as nações. Como consequência, o coração da Ezequias se exaltou e ele não correspondeu aos benefícios feitos por Deus.
Pelo contrário, derreteu-se todo pela bajulação do rei da Babilônia e abriu toda a sua guarda a ele, mostrando todo o seu tesouro, inclusive seu arsenal e foi por isso advertido pelo profeta Isaías de que aquele reino seria o conquistador da nação de Judá em tempos futuros.
Ao invés de arrepender-se, Ezequias é egoísta e celebra o fato de que isto acontecerá no futuro, que ele estará em paz e é isto que lhe importa naquele momento. Além disso, nesse período ele gerará Manassés, seu sucessor, um dos piores reis de Judá. Na sua exaltação própria falhou como líder da nação e falhou como pai.
Quantas lições podemos tirar do texto de hoje?
1. Babilônia na Bíblia sempre representou o povo sem Deus, como aconteceu com Roma no Novo Testamento, a ponto de Roma ter recebido o apelido de Babilônia (1 Pedro 5:13). Hoje não é diferente, somos tentados constantemente para agirmos segundo os valores do mundo.
2. Uma das maneiras do mundo sem Deus conquistar os fiéis é amoldá-lo a seu modo de viver e pensar, mas isto de forma sutil, sem violência, até mesmo tentando agradar. Esta é uma estratégia do diabo. Por isso, no Novo Testamento Paulo diz: “E não vivam conforme os padrões deste mundo.” – Romanos 12:2a
Sim, o sistema do diabo durante muitos anos usou a estratégia da perseguição e ainda hoje o utiliza. Porém, a estratégia da sedução, de disfarçar-se de anjo de luz (2 Coríntios 11:14) é o que mais tem produzido bons resultados.
Enquanto a igreja era perseguida, foi muito difícil atingi-la. Quando foi permitida e até tornada oficial, durante séculos, a igreja de Jesus quase desapareceu, quando domesticada pelo poder temporal. É um perigo quando o povo de Deus se deixa permitir ter essa relação promíscua com o mundo.
Por isso Paulo diz: “Não se ponham em jugo desigual com os descrentes. Pois que sociedade pode haver entre a justiça e a iniquidade? Ou que comunhão existe entre a luz e as trevas?
Que harmonia pode haver entre Cristo e o Maligno? Ou que união existe entre o crente e o descrente?” – 2 Coríntios 6:14-15
Portanto, aprendamos com Ezequias a não nos deixar seduzir pelo mundo sem Deus, seus valores e não aceitarmos jamais sua amizade: “Gente infiel! Vocês não sabem que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo se torna inimigo de Deus.” – Tiago 4:4
3. Cuidado com as nossas escolhas e amizades. A quem abriremos nossa vida. Lembro do texto de Provérbios: “Não dê às mulheres a sua força, nem os seus caminhos às que destroem os reis.” – Provérbios 31:3
Sim, aqueles a quem permitimos acesso, abrimos nossa vida, estas pessoas terão influência sobre nós. Devemos, claro, amar ao próximo e sermos acessíveis a todos, para influenciá-lo com a Palavra de Deus. Mas tenhamos cuidado com aqueles a quem permitamos que entrem em nossa vida e nos influenciem. Começa com as amizades, mas também a pessoa com quem passaremos a vida, nosso cônjuge, esse terá enorme influência sobre nós. A escolha do cônjuge é a segunda decisão mais importante na vida.
4. Precisamos pedir constantemente a Deus que nos mantenha em rédea curta. Eis a razão pela qual não desejo riquezas. Porque preciso depender todos os dias de Deus para que meu coração não se exalte e eu seja tentado a abandoná-lo. Deus deu saúde a Ezequias, mais anos de vida, o exaltou perante as nações e como consequência, o rei ficou orgulhoso e soberbo. Por isso quando peço algo a Deus, sempre peço que me dê “o melhor dele”, não aquilo que naquele momento eu julgo ser o melhor, o “meu melhor”.
5. Não sejamos como Ezequias que resumidamente pensou: “se estarei bem, não importa o que aconteça com os outros”. E esses outros seriam seus descendentes, que seriam levados como cativos à Babilônia. Quando acumulamos muito podemos nos tornar autossuficientes e egoístas, pensando somente em nós. Não é de estranhar que são exatamente os que menos têm quem normalmente tem um coração mais generoso.
Aprendamos, pois, de Ezequias, um dos melhores reis de Judá, mas que sucumbiu a bajulação, aos elogios e à promoção do mundo sem Deus, representado pela Babilônia.
Ninguém é tão forte para resistir às tentações dos rebeldes contra Deus quando permitimos muito acesso deles em nossa vida. Sejamos vigilantes, de tempos em tempos fazendo um inventário do que temos permitido que entre em nossos corações, em nossa vida, desejosos de pedir a Deus que tiremos de nós e expulsemos tudo aquilo que não agrada ao nosso Pai celestial. Mesmo que para isso o Senhro nos mantenha em rédeas curtas, grudados a Ele, à sombra do Onipotente (Salmo 91:1).