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Me Adaptando

Me Adaptando…

João está sentado no sofá, lendo a Bíblia. Maria entra na sala com uma xícara de chá e se senta ao lado dele.

João parece curiosamente intrigado com o que está lendo, então, parecendo roer a unha do polegar ele se ajeita e olha para Maria e diz:
– Maria, eu estava lendo uma passagem que realmente me tocou hoje. Em Gênesis, quando Deus trouxe a mulher para o homem, Adão disse: “Isso é osso dos meus ossos e carne da minha carne” (Gn 2:23).
– Sim, e o que tem demais? – Perguntou Maria sem dar muita importância para as palavras de João, e continuou:
– Eu lembro dessa passagem. O que você achou tão especial?
– Caramba, Maria, a gente não pode nem ter uma conversa um pouco amistosa, você logo já vem respondendo com grosseria… me poupe.

A relação deles estava um pouco desgastada talvez pelo tempo ou pela rotina da vida. Eles já estavam casados há 13 anos e ainda sentiam que eram estranhos. De vez em quando, cada um no seu canto, pensavam secretamente como tinham chegado tão longe.

Nada como um dia atrás do outro e, depois de um tempo, João voltou àquele assunto novamente.
– Sabe aquela passagem que eu estava lendo outro dia que você me cortou, eu ainda estava pensando nela. A leitura me fez pensar em como somos uma só carne. Depois, outro dia, lendo outra parte agora no Novo Testamento, vi que Jesus destacou isso em Mateus 19: “O que Deus ajuntou não separe o homem” (Mt 19:6). É como se Ele estivesse nos dizendo que, em vez de nos separarmos, precisamos nos adaptar um ao outro.

João e Maria estavam pensando, sim, em divórcio. Nunca tinham falado abertamente sobre isso, mas nem precisava. Sempre colocavam panos quentes nos problemas, mas de vez em quando pequenas coisas era motivo para eles levantarem a voz e tanto perder o respeito quanto enfraquecer o amor.

Maria não podia ser tão indelicada como foi da última vez e desta vez se esforçou para ser e parecer gentil. João reclamava disso de vez em quando e ela dizia que ele era dodói demais, ele sempre achava que ela não era muito gentil, mas ela se defendia dizendo que ele é que era dramático, mas isso não ia acontecer desta vez, ela se controlou e mediu bem as palavras para manter um diálogo amistoso.
– Nos adaptar um ao outro? Isso faz sentido. Como se nosso casamento fosse parte de nós mesmos, como nosso corpo. É isso que você está pensando?
– Isso! – Disse o João animado em conseguir comunicar.

João e Maria, cada um no seu canto, secretamente estavam pensando que precisavam fazer alguma coisa para nutrir este relacionamento. Afinal, tinham ouvido num desses encontros de casais que eles estavam educando o tipo de marido que o filho deles seria e isto influenciava diretamente na felicidade dele e, consequentemente, a própria felicidade deles como sogros um dia.

Lucas estava servindo a igreja como evangelista por cerca de 12 anos. Atendia os casais uma vez por semana. Tirava o dia inteiro só para isso. Raramente um casal chegava para investir no casamento, geralmente era para salvar quando pouca coisa poderia ser feita. Lucas e Sofia também enfrentaram dias difíceis. Como evangelista e modelo para a igreja, muitas vezes dedicava-se mais ao aconselhamento para outros casais do que nutria o seu próprio casamento. Isso começou a mudar quando Sofia disse para ele que precisava se ouvir quando convidava os casais para chegarem durante aquele dia da semana para conversar. Lucas procurou um mentor, coisa que relutava a anos com muitas desculpas que, para ele, faziam todo sentido, mas depois de ouvir Sofia, ficou pensativo e decidiu tomar atitudes começando por ouvir a si mesmo. Entraram numa certa estabilidade e até os aconselhamentos eram feitos com mais autoridade, pois ele estava colocando em prática em casa.

João e Maria atenderam ao convite de Lucas e estavam sentados no sofá do escritório no prédio da igreja, buscando orientação. João estava realmente convencido de que tinha descoberto a roda para fazer girar o seu casamento e comentou entusiasmado:
– Lucas, estamos tentando entender melhor como fortalecer nosso casamento. Lemos que devemos nos adaptar um ao outro, como Jesus se adaptou quando veio à Terra.

Finalmente um casal chegou antes de pôr fogo em tudo para investir no casamento deles. Lucas estava animado com a possiblidade de ajudar de alguma maneira.
– Ah, essa é uma lição poderosa. – Disse Lucas – Pensem no sacrifício de Jesus. Ele se adaptou à vida humana, obedeceu seus pais terrenos, mesmo sendo divino (Lc 2:51-52). Ele se submeteu a todas as limitações humanas por amor a nós.

Este assunto tinha sido tema de uma das mensagens da série sobre família e, finalmente alguém tinha ouvido. João e Maria continuaram a falar animadamente sobre adaptação no casamento e Lucas deixou que pensassem que a descoberta era deles. Maria até parecia mais animado do que João e disse:
– Quer dizer que, assim como Jesus se adaptou, nós também devemos fazer o mesmo no nosso casamento?
– Isso mesmo, Maria! Jesus nos mostrou que a adaptação é essencial. Ele lidou com os apóstolos, apesar de suas falhas e egoísmo. Se Ele pôde fazer isso, por que nós não podemos nos adaptar aos nossos cônjuges?
– Uma ilustração que gosto muito ouvi uma vez de um irmão chamado John Pennisi. Ele disse que todo mundo tem uma parte do corpo que não gosta, mas nem por isso a corta, antes, se adapta. Legal quando ele fez a gente pensar que, se a gente se adapta a este corpo que não escolhemos, por que não nos adaptar ao nosso cônjuge que nós escolhemos? Basicamente, a gente tem que escolher amar, porque amar é uma decisão e não sentimento. Sentimento é paixão e paixão passa, amor, é amor, é de Deus e Deus é este amor inclusive o amor entre homem e mulher é o amor de Deus, o resto é paixão.

Eles conversaram por uma hora e o tempo voou. Lucas voltou para casa à noite e contou para Sofia tudo o que aconteceu naquele dia.
– Nem pareceu que era um aconselhamento Sofia. Você precisava ver o brilho nos olhos deles por terem descoberto – Lucas ressaltou com os dedos – a lição de adaptação no casamento!
– É, acho que eu consigo ver o brilho dos olhos deles nos seus olhos, Lucas – Disse Sofia estendendo a mão e levantando da mesa para irem ao sofá.

Novamente na casa de João e Maria a vida continuava a mesma, mas diferente. As palavras deles e as reflexões que Lucas compartilhou com eles ainda ecoava.
– João, eu estava pensando – Maria quebrou o silêncio da sala antes de ir para a cama dormir. – Eu já te disse que estou muito orgulhosa de você? – Até ela estranhou estas palavras saindo espontaneamente dela. Por um segundo ela pensou que nunca tinha falado isso para João e ao mesmo tempo falava com receio de que no dia seguinte tudo voltaria ao normal.
– Eu acho que a gente poderia sentar um dia e fazer uma lista de atitudes que a gente pode mudar ou tentar aqui em casa. Eu estou disposta a mudanças.
– Ah, não sei, esse negócio de lista não funciona. Acho que a gente deveria ser mais espontâneo.

Maria sentiu uma brisa de decepção, mas não comprou a briga. A adaptação estava começando mesmo. Fossem alguns dias atrás, eles iriam dormir brigados, mas não essa noite.

João ficou na sala vendo televisão, sem assistir, ele estava realmente pensando e fazendo uma lista mental de coisas que ele faria para surpreender Maria. De manhã, Maria acordou e viu uma lista de 5 coisas que João tinha escrito no papel. A primeira coisa da lista era uma frase curta: “Me Adaptando…”

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