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O CRISTÃO NA POLÍTICA?

INTRODUÇÃO

Há algumas semanas publiquei o vídeo “O cristão e o governo” no canal da Igreja de Cristo nos Pimentas, no qual descorri sobre a responsabilidade que o discípulo de Jesus tem de ser obediente aos governantes, mesmo os maus, pois todo governante tem a chancela divina e quando usurpa da concessão que lhe é dada pelo Todo-Poderoso, prestará contas a ele. Para maiores detalhes, sugiro que assista o vídeo mencionado.

No dia em que o vídeo foi compartilhado, um irmão em Cristo me perguntou: E o cristão na política? É correto? Até que ponto a igreja deve engajar-se politicamente? Pode utilizar de seus recursos para eleger um dos seus membros para um cargo político? E, uma vez eleito, essa pessoa deve trabalhar somente pela igreja ou pela sociedade em geral?

Pensando nessas perguntas sinceras, gravei novo vídeo através do qual respondi essas questões tomando como base, claro, as Escrituras Sagradas.

A POLÍTICA FAZ PARTE DA VIDA

“— Vocês são o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens. Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada no alto de um monte.” – Mateus 5:13-14

Queiramos ou não, a política faz parte de nossa vida. A própria palavra “política” significa “algo relacionado a grupos sociais que integram a Polis (cidade)” Polis eram as cidades-estados da Grécia antiga. O ser humano vive em grupos, se relaciona, então, mesmo não sabendo, ao relacionar-se, está fazendo “política”.

O discípulo de Jesus precisa ser sal da terra e luz do mundo, isto é, ele deve agir de tal maneira que influencie a sociedade de sua época. Temos dupla nacionalidade, celestial e terrena, mas viveremos bons anos aqui na terra (que não se compara a eternidade na Jerusalém celestial) e precisamos, sim, agir como sal e luz para que a terra não apodreça (como o sal fazia para preservar a carne) nem caia na escuridão.

Desta maneira, o cristão deve, sim, posionar-se no tocante aos grandes tema de sua época. Deve, primeiro, viver o evangelho de Jesus, mas, depois, também proclamar este evangelho. Não deve se omitir sob a alegação de que está esperando a volta de Jesus quando, então, estará em casa.

O filho de Deus deve, por exemplo, votar, acompanhar o seu eleito, cobrar, fiscalizar e manifestar-se através dos meios corretos, claro que sempre de maneira cortês e educada. Eu, por exemplo, vez ou outra escrevo para jornais manifestando-me quanto a temas atuais como as reformas do atual governo, serviços públicos que não estão funcionando na cidade, temas como aborto, pena de morte, a questão dos homossexuais perante as Escrituras Sagradas, entre outros.

NOSSA PÁTRIA É CELESTIAL


“Jesus respondeu: — O meu Reino não é deste mundo. Se o meu Reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas agora o meu Reino não é daqui.” – João 18:36

“Mas, agora, desejam uma pátria superior, isto é, celestial. Por isso, Deus não se envergonha deles, de ser chamado o seu Deus, porque lhes preparou uma cidade.” – João 11:16
“Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” – Filipenses 3:20

Por outro lado, não podemos cavar fundo nossas raízes neste mundo. Como Jesus, nosso reino não é daqui, é celestial. Desta maneira devemos investir no espiritual, naquilo que é eterno.

A maneira de contribuirmos para um mundo melhor é, primeiro agindo como discípulo de Jesus, em obediência aos seus ensinamentos. Um discípulo do Senhor é um cidadão melhor, respeitador, cumpridor das leis, é um trabalhador mais dedicado, consegue ter uma família mais equilibrada.

Desta maneira, a melhor maneira de contribuirmos para um mundo melhor é gastarmos o melhor de nossas energias na pregação do evangelho. Quando reservamos tempo para os perdidos, para aqueles que estão buscando Deus, além de estarmos tirando uma alma do inferno e transportando-a para o reino de Jesus (Colossenses 1:13) também estamos trazendo à sociedade um cidadão melhor, que poderá ser conhecido como ex: ex-ladrão, ex-desonesto, ex-mentiroso, ex-sonegador de impostos, ex-fofoqueiro e assim sucessivamente (1 Coríntios 6:9-11). Sim, o evangelho transformador (Romanos 1:16) pode sim, fazer com que tenhamos uma sociedade muito melhor. E para isto, não preciso me candidatar a qualquer cargo público. Como discípulo, vou atingindo o mundo. E como a igreja é uma coletividade, muitos discípulos fiéis que vivem e pregam o evangelho podem ser uma influência muito positiva no local onde habitam.

Por outro lado, como diz o apóstolo João, este mundo jaz no maligno (1 João 5:19) e seu sistema é governado por Satanás, o príncipe deste mundo e deus deste século (João 14:30 e 2 Coríntios 4:3-4). Este mundo também está reservado para ser destruído (2 Pedro 3:10-13) e JAMAIS haverá uma conversão de toda a humidade (ou todo o Brasil) aos pés do Senhor Jesus em razão do livre arbítrio que o Senhor nos dá.

Às vezes ouço frases, como “o Brasil é do Senhor Jesus”. Infelizmente, é ingenuidade imaginar a conversão dos 210 milhões de brasileiros, pois, como o próprio Senhor Jesus disse “o caminho dele é estreito e a porta da salvação também é estreita” ao contrário do caminho da salvação. E Ele mesmo diz que a maioria irá escolher o caminho largo, da perdição (Mateus 7:13-14). Dos 4 solos na parábola do semeador, somente um deles aceita a Palavra e produz frutos (Marcos 4:1-20).

Daí a razão para evitarmos investir nossas energias em projetos neste mundo, passageiro, que derreterão quando o Senhor Jesus destruir esta terra, mandar os rebeldes e desobientes para o inferno e os seus seguidores para seu reino eterno no céu (2 Tessalonicenses 1:7-9).
“Antes de tudo, peço que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças em favor de todas as pessoas. Orem em favor dos reis e de todos os que exercem autoridade, para que vivamos vida mansa e tranquila, com toda piedade e respeito.” – 1 Timóteo 2:1-2

O que podemos, fazer, então? O texto escrito por Paulo nos orienta. Orar por todas as autoridaes e procurar viver vida mansa e tranquila, esperando inteiramente em Deus que, no momento certo, fará toda a justiça.

Claro que minha oração pelas autoridades é, primeiro, que o Senhor dê a elas sabedoria pois governar não é fácil. Assim, precisamos ter misericórdia e compaixão das autoridades. Por outro lado, quando vemos um governante que de propósito quer perseguir os cristãos, os mais fracos e cometer injustiças, especialmente com os mais vulneráveis, devemos orar ao Senhor pedindo que Ele faça a justiça dele, como fez com Herodes quando ele usurpou a autoridade que lhe foi concedida pelo Todo-Poderoso (Atos 12:20-23).

E O CRISTÃO POLÍTICO? PODE?

Muitos utilizam como exemplo José, Daniel e Neemias que, de fato, foram políticos no seu tempo, José como governador do Egito, Daniel como um dos prefeitos escolhidos por Nabucodonosor e Neemias administrou Israel na volta do exílio.

No entanto, o contexto histórico era outro: José foi colocado por Deus como governado para preservar Israel e a nação se multiplicar, Daniel foi utilizado por Deus para a preservação do seu povo no Egito e Neemias também num momento importante, a volta do exílio babilônico. Nenhum deles “candidatou-se”, nem existiam eleições naquela época. Foi o próprio Deus quem os colocou lá.

Não há nada na Bíblia que proíba um cristão de candidatar-se. No entanto, ele precida estar bem alicerçado espiritualmente e biblicamente pois o sistema político hoje, em especial o brasileiro, é totalmente corrompido. Um discípulo de Jesus que queira ser eleito terá que fazer acordos, primeiro com o chefe do seu partido (sem um partido político ninguém é eleito no Brasil), depois fazer o jogo das casas legistativas, seja como um membro, no caso de vereador, senador e deputado ou relacionando-se com elas, caso faça parte do executivo.

Os exemplos de “cristãos” na política têm mostrado o quanto é difícil preservar-se incontaminado e, por isso, entendo que um cristão serve melhor na sociedade como um cidadão comum do que como um político. Alguém pode argumentar: “mas um cidadão comum também está sujeito a corromper-se”. Isto é verdade, todos os dias somos desafiados a nos mantermos incontaminados deste mundo (Tiago 1:27). Porém, as oportunidades de se contaminar no mundo políticos são maiores em razão da disputa do poder e do dinheiro (Mamon, Mateus 6:19-21 e 24). E estes são poderosos e já corromperam pessoas que, quando candidatas, agiam e falavam de uma maneira e, uma vez eleitas, mudaram totalmente. Por este motivo, mesmo que eu tenha oportunidade, jamais me candidatarei a um cargo público.

Acredito que posso contribuir melhor para o plano de Deus como discípulo de Jesus, um evangelista que faz questão de ensinar o evangelho, do que como um vereador, deputado ou qualquer outro cargo político.

Creio que a igreja deveria utilizar toda a energia para salvar o maior número possível de pessoas da perdição no inferno e, uma vez salvas, estas pessoas contribuirão para tornar a sociedade melhor.

Claro que um discípulo fiel pode contribuir para que hajam leis mais justas como, por exemplo, um deputado. No entanto, nos três primeiros séculos, a igreja não participou do poder político, pelo contrário, foi por ele perseguida e foi nessa época que a igreja mais influenciou o mundo. A escravidão foi abolida da maioria das nações, leis foram feitas para proteger os mais pobres, exatamente como resposta a crescente influência do evangelho de Cristo.

Outra coisa que depõe contra os chamados “políticos evangélicos” é que agem como despachantes de suas denominações e patrocinam leis vergonhosas como esta que anistia as “igrejas” que não pagaram os impostos. Chegaram até mesmo a chantagear o Presidente da República para que não vetasse a lei. Interessante que o Presidente vetou sob pena de cometer crime de responsabilidade, mas, em seguida, trabalhou pela derrubada do seu próprio veto, o que mostra o quanto a aproximação religião e Estado é danosa para a sociedade.

Um político cristão pode, sim, claro, defender seu grupo religioso de eventual perseguição, mas deve trabalhar para toda a coletividade, não apenas o seu grupo.

CONCLUSÃO

Um cristão pode entrar na política e candidatar-se a cargos eletivos? Sim, não há nada na Bíblia que incentive ou proíba.
Porém, olhando os valores bíblicos, entendo que o discípulo de Cristo será muito mais útil gastando sua energia cumprindo o mandamento que Jesus nos deu pouco antes de subir aso céus:

“Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as coisas que tenho ordenado a vocês. E eis que estou com vocês todos os dias até o fim dos tempos.” – Mateus 28:19-20

Podemos lutar por direitos trabalhistas, sociais, por uma sociedade mais justa e igualitária. No entanto, a maior luta que um seguidor de Jesus fará e trará reflexos não somente na sua época, mas reflexos eternos, será compartilhar o evangelho. Cada pessoa que se arrepende dos seus pecados, é batizada em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e passa a fazer parte da igreja, o reino de Deus aqui na terra, está saindo de um “barco furado”, isto é, deste mundo, e entrando na arca de Jesus (1 Pedro 3:20-21), a igreja, que o levará são e salvo para as mansões celestiais na volta gloriosa do Senhor.

Este mundo não tem jeito, jaz no maligno, será destruído. Por que investir tanto em algo cujo destino final é a destruição? Por que investir tanto neste “barco furado”. Vamos nos salvar e salvar a maioria possível, levando-os a fazer parte da arca de Jesus, a igreja, o reino dele aqui na terra, que nos levará sãos e salvos às regiões celestiais.

Que Deus ilumine nossas mentes e corações!

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