“Chora amargamente de noite, e as lágrimas lhe correm pelo rosto. Entre todos os seus amantes não têm quem a console. Todos os seus amigos a traíram; tornaram-se seus inimigos.” – Lamentações 1:2

“Chamei os meus amantes, mas eles me enganaram; os meus sacerdotes e os meus anciãos morreram na cidade, quando estavam à procura de mantimento para restaurarem as suas forças.” – Lamentações 1:19

Há algum tempo fiz a leitura do das Lamentações de Jeremias, escrita pelo profeta provavelmente da Babilônia e é, como o nome diz, em grande parte, uma lamentação pela derrota de Jerusalém, capital do reino de Judá, agora destruída, com poucos habitantes, apenas os mais pobres, desta forma, quase que inteiramente desabitada.

Ao invés de comemorar o acerto de suas profecias, ou mesmo de dizer ao povo a famosa frase: “Eu não te disse?!”, Jeremias lamenta a queda de Jerusalém e neste capítulo, ora fala por si próprio, ora escreve como se fosse a própria cidade lamentando a sua ruína.

O texto escolhido hoje mostra Jerusalém abandonada por seus amantes. Amantes aqui podem ser as nações em quem se apoiou como, por exemplo, o Egito, pensando que teria segurança em seus aliados e virou as costas para o seu esposo fiel, o próprio Deus. Amantes aqui podem ser os deuses das nações, ídolos, pedaço de maneira em que não há força nenhuma.

O texto me fez lembrar o relato de pessoas que abandonaram o seu cônjuge sob o argumento: “ele é insuportável” ou “como é amoroso, cuidadoso, de caráter, bom para comigo”, ao relatar o amante ou àquele que lhe fez abandonar o marido. Puro engano. O mesmo pode ser aplicado ao homem que abandonou sua esposa, trocando-a pela amante, pela mulher adúltera.

Já ouvi frases do tipo “pensei que ele era ruim, mas não imaginei encontrar alguém tão ruim como esse, que tanto me maltrata”. Ou “você não imagina o que é passar a noite chorando, sem ter quem console”.

Pois é! Primeiro abandonou a Deus, depois seu cônjuge, para ficar com o amante. Alguém que faz isso certamente terminará mal, pois aquilo que se planta, se colhe.

Amante aqui também pode ser a esperança que mantemos em algo que não que seja Deus. Pode ser nós mesmos, relacionamentos que colocamos no lugar de Deus, esperança em pessoas ao invés do Senhor. No início, parece que suprirão todas as nossas necessidades. Porém, a alma humana é tão profunda que somente alguém tão grande como Deus para supri-la. Dinheiro, poder, sexo, novos relacionamentos, fama, bens, nada pode suprir aquilo que somente Deus pode fazer.

Porém, mesmo chorando e lamentando, o profeta olha para Deus e sabe que não é o fim, pois as misericórdias do Senhor são infinitas, basta a cidade voltar-se para Ele arrependida e será recebida.

Que jamais aconteça conosco, que somos discípulos de Jesus, abandonar o Senhor pelos amantes. Afinal, como igreja, somos a noiva de Cristo e individualmente, precisamos nos manter apegados ao corpo para que, no dia das bodas do Cordeiro de Deus, Jesus, com sua noiva, sejamos parte integrante dela.

E para você que, por acaso, esteja longe, afastado do Senhor, todos os dias é dia de ir ou voltar aos braços do Pai Amoroso e misericordioso, que é o Senhor Deus.

Ele ouve os seus gemidos, sua dor, seu choro, nas madrugadas solitárias, pois ele conhece os bastidores da sua vida e, como um marido ou esposa fiéis e amorosos, deseja consolar você.