Nos últimos meses temos procurado enfrentar juntos o sofrimento do Edinho na batalha contra uma doença que está nas mãos de Deus. O Edinho é um parceiro destes esforços que tenho tentado desenvolver para servir a igreja. Ele e o Sérgio estão comigo desde o começo em 2004.

Fui para Curitiba visitar o Edinho e fui direto para o hospital já na chegada. Ele tinha feito uma cirurgia na quinta-feira, e eu cheguei na sexta. Ele apenas me viu, mas, como estava sob efeito de morfina, não conseguiu me dar atenção. Acho que ele me ouviu brincando que tinha ido buscá-lo para o Congresso. Depois, naquele mesmo dia, estive no começo do Congresso 3 em 1 e conversei com centenas de irmãos. Todos me perguntavam a mesma coisa: “Como está o Edinho?”. Chorei algumas vezes tentando responder…

Sempre que escrevo para ele, recebo a mesma resposta. Tentei variar as perguntas, mas ele sempre responde igual:
— Edinho, como está a luta hoje?
— Estou bem. – Ele responde…

Mesmo sabendo da batalha que ele está enfrentando, ele sempre responde que está bem. Então, comecei a responder assim para quem me pergunta:
— O Edinho está bem, mas o corpo dele não.

Nestes últimos dias, ao ver o sofrimento, a fé, a esperança e o amor que temos recebido em mensagens e preocupações, esta passagem me faz lembrar da luta do Edinho:

“Por causa disto, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então é que sou forte” (2 Co 12:8-10).

Temos orado, e Deus sabe o quanto. Quando faltam palavras, nossa fé e esperança aumentam pelo amor que sempre recebemos de Deus e dos irmãos.

Estou emocionalmente muito envolvido, mas minha irmã, a Tita, está ainda mais. Afinal, ela trabalhou naquele hospital, cuidando de milhares de casos. Uma coisa que ela sempre comenta é que o Edinho nunca reclamou.

Como está o Edinho? A Tita sabe, mas talvez nem consiga falar tudo. Talvez ela nem consiga dizer tudo, porque muitos dos termos médicos são complexos e difíceis de entender. Mas, sempre que fala, ela responde com fé e esperança — o melhor remédio para todos nós. Oramos pela cura, mas, na nossa fraqueza, vamos aceitar, acima de tudo, a resposta de Deus.

Desde o início dessa fase na vida do Edinho, ela foi bem clara e o desafiou com perguntas difíceis. E o Edinho respondeu com firmeza: “Estou pronto!”. Daí vem nossa esperança. Deus, em Cristo Jesus, nos dá essa segurança. Sabemos que somos pecadores, mas também sabemos que, estando em Cristo, somos purificados. Essa é a nossa esperança e segurança.

De fato, a situação física dele não é nada boa, mas seguimos firmes na oração, na fé e na esperança. A Tita tem sido nossa força em ação. Peço que orem por ela também, para que Deus a fortaleça emocional, espiritual e fisicamente. Deus sabe o quanto ela tem se dedicado e o quanto ora, mas, mais do que qualquer um de nós, ela completa sua fé com ações. Outra pessoa muito importante também tem sido a Linda, a esposa do Edinho. Ela também deve ter sido preparada para este momento. Orem pela Linda, pelo Jonathas e pelo Guilherme, filhos do Edinho. Para que eles estejam firmes e sejam ajudados por Deus para tratar desta situação. Talvez ninguém esteja perguntando como eles estão e eles não falam, estão diretamente ligados e sofrendo, mas o silêncio também quer dizer muita coisa.

No domingo, dia 15 de setembro, meu pai completou 82 anos. Ele nem quis comemorar. Nossa mãe, que está perto dos 80, também precisa de orações para enfrentarmos este momento juntos. Todos nós sofremos, mas não se compara ao que o Edinho está passando. Quando perguntam como ele está, ele diz que está bem… mas sabemos que a realidade é outra. Tentamos usar um pouco de humor, quando possível, para amenizar a dor, tanto para ele quanto para nós.
— Edinho, se você está bem, o que está fazendo no hospital?
É bem capaz de ele responder que está de férias do trabalho…

Temos sido confortados por irmãos de todos os lugares, até de outros países. Nossa família tem sido cuidada por essa grande família em Cristo há muitos anos. Lembro-me, como o Edinho deve lembrar, de quando decidimos entrar para a família de Deus. Antes, éramos religiosos, mas a busca por Deus parecia vazia. Íamos aos lugares, entrávamos e saíamos da mesma forma, sem sentir mudança. Mas, quando começamos a frequentar a igreja, tudo foi diferente. Éramos crianças, mas sentíamos o amor de Deus na congregação do Cajuru.

Durante nossa infância e adolescência, nossas brincadeiras incluíam “fazer batismo” e “tomar a ceia”. Um dia, isso ficou sério e tomamos a decisão de verdade. A igreja de Cristo é marcada pelo amor, e, quando uma criança consegue perceber isso, sabemos que estamos no caminho certo. O Edinho conheceu essa mensagem desde cedo. E, por isso, mesmo não estando bem fisicamente, ele está bem espiritualmente. Um dia ele disse que foi para dias como este que ele esteve em tantos cultos, encontros, ouviu mensagens, participou de ceias, fez ofertas, cantou, se alegrou e chorou. Ele se preparou para estar pronto para este momento.

Um dia, toda nossa batalha espiritual será finalizada e, finalmente, se tornará realidade. Maranata!

No dia 19, ele começou a quimioterapia e agora está com uma bomba de infusão por três dias. Continuem as orações, por favor. Eu oro como sabendo que esta situação atual é passageira. Ele vai vencer de qualquer forma, qualquer que sejam os acontecimentos, a vitória já está garantida.

O Edinho está bem…