A edição deste mês do boletim informativo das igrejas de Cristo na cidade de Guarulhos, “Amo Jesus – Porque Ele me amou Primeiro”, trouxe como tema, “Aprendendo com os nãos”, aliás, modéstia à parte, bem desenvolvido pelos escritores do informativo das congregações guarulhenses. Caso um irmão tenha interesse em receber o arquivo em PDF basta entrar em contato comigo.
Os responsáveis deste mês pela divisão do tema geral incumbiram-me de escrever sob o assunto: “Porquê tantos nãos na Bíblia?” Fiquei curioso em saber a quantidade de negativas nas Escrituras e fiz uma pesquisa na Bíblia América da Sociedade Trinita-riana e fiquei muito surpreso com o resultado. Salvo erro no programa (não dá para conferir), eis o resultado:
Em toda a Bíblia, há 8.409 citações “não” em 6.772 versículos. No Velho Testamento: 5.765 citações em 4.641 versículos. No Novo Testamento: 2.644 vezes em 2131 versículos.
Em contrapartida, a palavra “sim” aparece apenas 462 vezes na Bíblia em 435 versículos, sendo 316 na Velha Aliança e 146 na Nova.
A conclusão a que é possível chegar é que os “nãos” aparecem muito mais vezes que os “sins”. E não podemos nem dizer que no Novo Testamento existem menos termos negativos para concluir que Deus na Nova Aliança é mais permissivo. Enquanto a velha aliança possui 66 livros, a nova contém apenas 27. Isto é, proporcionalmente, os “nãos” de Deus são iguais em ambas as alianças.
Ao comentar essa pesquisa com minha esposa, ela disse: “Não me surpreende, pois o número de “nãos” que falo para o Josué é muito maior do que os “sins” que digo para ele, pois muito do que pede não trará bons resultados para ele mesmo”.
Eis a razão, portanto, de Deus, que nos ama de maneira perfeita (Hebreus 12:10) nos dar tantos mandamentos negativos e também nos responder “não” tantas vezes. Nas palavras do próprio Senhor Jesus, temos:
“Ou quem de vocês, se o filho pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se pedir um peixe, lhe dará uma cobra? Ora, se vocês, que são maus, sabem dar coisas boas aos seus filhos, quanto mais o Pai de vocês, que está nos céus, dará coisas boas aos que lhe pedirem?” – Mateus 7:9-11
Aqui está a resposta para a pergunta feita no artigo proposto: Deus nos ama e sempre quer o melhor para nós. E mais, Ele nos conhece e sabe exatamente o que fará bem ou mal para nós. O Senhor faz conosco como fazemos com nossos filhos uma vez que, mesmo querendo dizer “sim” para eles, temos que dizer “não”. Muitas vezes eles não percebem que estão pedindo pedra, cobra e escorpião, pensando que são pão, peixe e ovo (Lucas 11:12). Pedimos muitas vezes para Deus apenas para esbanjarmos em nossos prazeres (Tiago 4:3), que despertarão nossa parte decaída, de onde provém o pecado e toda forma de mal (Mateus 15:19).
A outra razão de existirem tantos mandamentos negativos na Bíblia ocorre em razão de nossa natureza pecaminosa, sempre disposta a fazer o mal (Romanos 3:10-18). Por isso Deus nos diz “não matará”, “não adulterarás”, “não furtarás” (Êxodo 20:13-15), “não saia de vossa boca nenhuma palavra suja” (Efésios 4:29), entre outros mandamentos negativos.
Finalmente, quero destacar que no Novo Testamento os mandamentos negativos vão, de fato, diminuindo, pois Deus está imprimindo em nossa mente e coração Sua vontade (Hebreus 8:10). A própria regra de ouro, originalmente negativa, nas palavras de Jesus, torna-se positiva:
“— Portanto, tudo o que vocês querem que os outros façam a vocês, façam também vocês a eles; porque esta é a Lei e os Profetas.” – Mateus 7:12
O motivo disso é que estamos em processo de transformação, interna, de glória em glória (2 Coríntios 3:18) e, desta forma, a lei de Jesus resume-se a dois mandamentos: amar a Deus acima de tudo e ao próximo como a nós mesmos.
Desta maneira, ao cumprirmos os dois maiores mandamentos, vamos matando nossa natureza terrena, que não é destruída por regras do “faça ou não faça” (Colossenses 3:20-23), mas por atitudes de imitadores de Jesus e de Deus (1 Coríntios 11:1 e Efésios 5:1). Aos poucos, vamos dizendo mais e mais sim para todas as promessas e mandamentos positivos de Deus (2 Coríntios 1:19-20) e não para a velha natureza, decaída, mas morta por Jesus na cruz no momento de nosso batismo (Romanos 6:3-4).