“Então Satanás respondeu ao Senhor: Pele por pele! Um homem é capaz de dar tudo o que tem pela sua vida.” – Jó 2:4

Continuo minha viagem bíblica lendo o Velho Testamento. Esta semana cheguei no livro de Jó, no qual, permitindo Deus, passarei 8 semanas tirando dali minhas reflexões diárias que tenho publicado nas redes sociais Facebook, Whatsap e Telegram. Convido-o a acompanha-las.

A frase que abre este artigo, dita por Satanás, quando Jó foi elogiado pelo Senhor, põe em dúvida uma fé centrada somente no Senhor e não nas bênçãos que Ele pode proporcionar. Afinal, Ele é galardoador ou recompensar daqueles que o buscam (Hebreus 11:6).

O que Satanás disse a Deus sobre Jó tem sua versão moderna: “todo homem tem seu preço”. Possivelmente o diabo tem em mente a maneira como facilmente enganou Adão e Eva e a maioria dos seres humanos desde então.

Satanás tem muita verdade em suas palavras. Quantas pessoas, fiéis a Deus, o trocam por algo que imaginam ser melhor. Nem estou falando da saúde, mas troca-se Deus facilmente por um emprego, um cargo melhor, por poder. Por Mamon (o dinheiro), então, nem se diga, basta ver quantas pessoas que falavam de Deus até de forma bem intencionada, mas, quando perceberam que religião era uma forma de ganhar dinheiro fácil, passaram a utilizar o nome de Deus por fins mercantilistas. Hoje em dia troca-se Deus até mesmo por um relacionamento ou pela fama.

Já vi pessoas que, doentes, foram atrás de curandeiros, falsos profetas, na esperança de serem curadas. Neste sentido Satanás tem razão: no aperto, na provação, muitos caem na fé e trocam a Deus pelo alívio imediato de suas dores.

Mas Satanás erra ao generalizar. Sim, a maioria das pessoas, no aperto ou na tentação, pode, sim, negar a Deus. Mas, depois de Jó, há tantos outros, os heróis da fé, que fizeram do Senhor seu melhor bem e não o negaram, sendo fiéis até a morte. 

Basta olhar a lista enorme dos heróis da fé de Hebreus 11, especialmente a partir dos versículos 35. Estas pessoas não hesitaram em morrer defendo o nome do Senhor e seus valores, pessoas que, segundo o texto sagrados, “o mundo não era digno” (vs. 38a) e “Deus não se envergonha de ser chamado o seu Deus” (vs. 16-b). Como Ele deve sentir orgulho em ouvir falar do Deus de Abraão, o Deus de Paulo, o Deus de Estêvão, o Deus de Maria, o Deus de Priscila, entre tantos homens e mulheres que honraram o seu nome.

E seguir a Jesus nos dias de hoje é andar nos passos da fé, crendo no invisível, sendo fiéis, independente das circunstâncias da vida.

Minha fé ainda não é tão firme como a fé do patriarca Jó, que ante o sofrimento inexplicável disse: “temos recebido de Deus o bem; por que não receberiamos o mal?” (vs. 10-b).

Ele ainda não sabia que Deus não é a fonte de nenhum mal (Tiago 1:17), mas viveria a realidade escrita séculos depois por Paulo: “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus” (Romanos 8:28). Deus não é a fonte do mal, mas é tão poderoso e Senhor da história, que utiliza até mesmo o mal para que o bem triunfe no final.

Como última aplicação quero “cristianizar” as palavras de Satanás: “Um homem é capaz de dar tudo o que tem pela sua vida.”

Sim, no Novo Testamento somos desafiados a dar tudo o que temos pela vida verdadeira, a vida eterna.

“Se alguém vem a mim e não me ama mais do que ama o seu pai, a sua mãe, a sua mulher, os seus filhos, os seus irmãos, as suas irmãs e até a sua PRÓPRIA VIDA, não pode ser meu discípulo. ” – Lucas 14:26

Deus era o maior bem de Jó. Que Ele seja também o nosso maior tesouro, razão pela qual vendemos tudo o que temos, até mesmo nossa vida (Mateus 13:44) para ganharmos a oportunidade de tê-lo como Senhor e Pai nesta vida e com Ele passarmos a eternidade. 

Que Satanás, meu irmão, minha irmã, não tenha se enganado somente com respeito a Jó. Que todos os dias, quando ele lançar seus dados inflamados contra nós, encontre em mim e em você, pessoas, sim, frágeis, seres humanos que, como Jó, até sofrem por causa de sua fé, mas pessoas, que utilizam todos os dias das armas espirituais e não desistem jamais de Jesus e seu Caminho, pessoas que trocam tudo o que têm, até sua prória vida, pela sublime vocação de passarem a eternidade ao lado do seu amado Pai celestial.

“Na verdade, considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor. Por causa dele perdi todas as coisas e as considero como lixo, para ganhar a Cristo e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, mas aquela que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé. O que eu quero é conhecer Cristo e o poder da sua ressurreição, tomar parte nos seus sofrimentos e me tornar como ele na sua morte, para, de algum modo, alcançar a ressurreição dentre os mortos.” – Filipenses 3:8-11