“Deixem-se circuncidar para o Senhor; circuncidem o seu coração, ó homens de Judá e moradores de Jerusalém, para que o meu furor não saia como fogo, por causa da maldade do que vocês fazem, e queime, sem que haja quem o possa apagar.” – Jeremias 4:4
Esta semana comecei a ler o livro de Jeremias, o chamado profeta chorão, que durante anos pregou objetivando o arrependimento do povo de Deus no Velho Testamento antes do exílio babilônico.
A circuncisão, aquela cirurgia que todo israelita do sexo masculino realizava no prepúcio do órgão genital, durante séculos, foi a marca da aliança feita por Deus com Abraão e sua descendência (Gênesis 17:10-14). Abraão tinha 99 anos quando a realizou (Gênesis 17:24).
Os judeus eram orgulhosos da circuncisão e inclusive chamavam de incircuncisos, de forma pejorativa, todos os não judeus, especialmente os filisteus, seus inimigos (1 Samuel 17:26).
O problema é que, com o tempo, a circuncisão em si, bem como todas as leis dadas por Deus como o sacrifício de animais, a guarda do sábado, o dízimo, o jejum, entre outros, ganharam um valor pelo ato em si e não como deveria ser, a marca da aliança de Deus com seu povo que, como consequência, viveria em retidão e justiça diante do seu Deus, obediente a Ele e especialmente amando ao próximo.
“Portanto, circuncidem o coração de vocês e deixem de ser teimosos.” – Deuteronômio 10:16
Por isso, os profetas começaram a falar, como Jeremias, da necessidade do povo circuncidar o seu coração, isto é, não bastava ser fisicamente circuncidado, precisava ser espiritualmente e internamente consagrado a Deus.
O apóstolo Paulo, no Novo Testamento, repete esta mesma ideia:
“Porque não é judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na carne. Porém judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão é a do coração, pelo Espírito, não segundo a letra, e cujo louvor não procede de seres humanos, mas de Deus.” – Romanos 2:28-29
Na Nova Aliança uma nova circuncisão foi introduzida e ela acontece no momento do batismo, o novo nascimento, após crermos em Jesus como nosso Senhor e Salvador, confessarmos a Ele, nos arrependermos dos nossos pecados e sermos imersos nas águas em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
“Nele também vocês foram circuncidados, não com uma circuncisão feita por mãos humanas, mas pela remoção do corpo da carne, que é a circuncisão de Cristo, tendo sido sepultados juntamente com ele no batismo, no qual vocês também foram ressuscitados por meio da fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos.” – Colossenses 2:11-12
Hoje em dia acontece de muitos cristãos acreditarem que simplesmente por serem batizados, está tudo bem. Que não há a necessidade de uma mudança de vida, o batismo, como a circuncisão para os judeus, tornou-se um fim em si mesmo. O apóstolo Paulo, mais uma vez, corrige essa ideia equivocada:
“Fomos sepultados com ele na morte pelo batismo, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também nós andemos em novidade de vida.” – Romanos 6:4
Desta forma, como Jeremias incentivou o povo de Deus na sua época a serem circuncidados de coração, hoje em dia precisamos também pregar a muitos cristãos a necessidade de um batismo de coração, que sem um genuíno novo nascimento, sem uma mudança de vida, sem o ser uma nova criatura, utilizando o poder do Espírito Santo, o batismo torna-se apenas um banho mal tomado. Jesus precisa ser não somente o Salvador, mas também o Senhor diária da vida daqueles que o confessam e são batizados.
A gente vê “cristãos”, que foram batizados, mas ano após ano, as manias, os pecados, os valores, as atitudes, permanecem as mesmas, numa demonstração de que não tornaram-se verdadeiramente novas criaturas (2 Coríntios 5:17).
Olhemos o que a circuncisão representou no Velho e no Novo Testamento:
“Agora, pois, se ouvirem atentamente a minha voz e guardarem a minha aliança, vocês serão a minha propriedade peculiar dentre todos os povos. Porque toda a terra é minha, e vocês serão para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa.” – Êxodo 19:5-6
“Àquele que nos ama e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados, e nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai, a ele a glória e o domínio para todo o sempre. Amém!” – Apocalipse 1:5-6
Que da mesma maneira que a circuncisão para um judeu fiel, a imersão nas águas venha nos levar a viver em santidade de vida, de forma íntegra, santa e justa diante de Deus e das pessoas também (Lucas 2:52).
É isto que precisamos viver e também pregar a todos os que nos procuram querendo saber como serem fiéis seguidores de Jesus. Que antes do batismo sejam formados verdadeiros discípulos do Senhor Jesus.
“Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as coisas que tenho ordenado a vocês.” – Mateus 28:19-20
Não vamos nos enganar dizendo: “fui batizado há tantos anos” se esse ato bíblico não representou em nós o viver em novidade de vida.