Não precisam me convidar a um rodizio de sushis porque não sou fã deles. Também, se eu não tiver com fome, certamente não irei a um rodízio de pizza, mesmo sendo minha preferência – ficamos bem desapontados quando alguém vai a um rodízio e não come “para valer a pena”, não é? Já no self-service será pouco provável que alguém ponha no prato alguma comida que não goste, pois consideraria desperdício pagar por aquilo que não está disposto a comer ou experimentar.
O rodízio nos convida assim: Se esbalde, seja guloso naquilo que te apetece, experimente muito, mas muito “mais do mesmo”!
O chamado do self-service é: Pode variar um pouco, pode colorir seu prato, mas não saia do confortável, não corra riscos e nunca pague o preço para provar daquilo que você não gosta!
Podem ficar tranquilos os comilões de plantão. Não pretendo com isso dar juízo de valor ao tipo de restaurante, ou tipo de comida que alguém prefere. Quero somente fazer uma breve reflexão…
Embora rodízio e self-service pareçam tipos muito distintos de alimentação, ambos partem da mesma premissa: SE SATISFAÇA COM O QUE GOSTA E NÃO SAIA DA ZONA DE CONFORTO!
Em Lucas 14, Jesus está participando de um banquete com fariseus, publicanos, homens importantes e acostumados a experimentar boa comida. Jesus os via disputando os lugares de honra à mesa, percebia que eles julgavam Jesus por curar no sábado e sabia que estes participavam do banquete mais interessados em julgar e condenar do que em ouvi-Lo ou ter um relacionamento com Ele.
Aqueles homens gostavam de comer e beber, principalmente se não precisavam pagar por isso, não é? Mas, Jesus aproveita a oportunidade para mostrar que não há nenhuma honra em dar banquetes para aqueles que podem retribuir o agrado:
“Mas, quando der um banquete, convide os pobres, os aleijados, os mancos, e os cegos.(Lucas 14:13)”
Que cena desconfortável para aqueles homens, não é? O que ganharia em troca? Qual honra teria fazer parte desse tipo de banquete?
O Mestre continua ainda falando em parábolas sobre um banquete que fora preparado para pessoas importantes, mas estes não quiseram participar. E o resultado? O anfitrião não desperdiçou a comida, nem desistiu de festejar… ele mandou os servos em busca daqueles que estavam dispostos a comemorar junto com ele: os famintos, os sem honra, os esquecidos!
Parece até descabido alguém recusar um convite para um banquete, mas, a verdade é que fazemos isso o tempo todo!
O banquete a que Jesus se refere é celestial. Ele começa a parábola em resposta à exclamação:
“Ao ouvir isso, um dos que estavam à mesa com Jesus, disse-lhe: “Feliz será aquele que comer no banquete do Reino de Deus”. (Lucas 14:15)
Nós somos os convidados de honra do banquete celestial. Mesmo sendo mancos, cegos, aleijados espiritualmente. Mas, precisamos estar atentos para não usarmos desculpas descabidas para não participar; e, uma vez que somos convidados e aceitamos o convite, não podemos nos ensoberbecer e nos vangloriar por isso, nem nos acomodar.
Jesus continua falando em calcular o preço de segui-Lo. Acredito que ele está falando isso porque a recompensa desse banquete não virá aqui neste mundo… vamos precisar esperar, oferecer outros banquetes para outros pobres e aleijados… vamos precisar ter perseverança e, principalmente, sair da zona de conforto para que o Senhor trabalhe através de nós.
Ele espera que sejamos anfitriões sensíveis para suprir os necessitados, não porque somos bonzinhos, mas porque fomos convidados antes, sem merecermos, para participarmos do banquete com o Mestre.
Jesus nos chama para um banquete, não é um rodízio, nem self-service, teremos uma grande variedade de alimento espiritual, de experiências de fé, de oportunidades de viver o relacionamento com Ele, uma infinidade de possibilidades de sermos anfitriões de banquetes para os necessitados. Nesse convite, não há espaço para escolhas acomodadas, nem para medo no que é novo, nem desculpas… só há uma forma de se saciar neste banquete: participando por inteiro!
“Se alguém vem a mim e ama o seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos e irmãs, e até sua própria vida mais do que a mim, não pode ser meu discípulo. E aquele que não carrega sua cruz e não me segue não pode ser meu discípulo. (Lucas 14:26-27)