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Você quer ser curado?

Vou contar uma história que acompanhei em minha trajetória profissional, como psicóloga em saúde mental:

“Seu Joaquim (como chamarei) era um homem de menos de 45 anos, que andava mendigando de cidade em cidade. Ele havia feito uma cirurgia de hérnia umbilical e, provavelmente pela falta de cuidados, a cirurgia não cicatrizou corretamente. Então, ele mostrava a cirurgia inflamada no umbigo para que as pessoas pudessem lhe ajudar dando dinheiro por causa da sua situação. O fato é que Seu Joaquim antes trabalhava na agricultura e, diante do estado de doença, não tinha mais condições de trabalhar. Certo dia, ela apareceu no CAPS (serviço de saúde mental), onde eu trabalhava, numa pequena cidade do interior, sabendo que lá teria refeições de graça. A equipe de trabalho toda se comoveu, procuramos os órgãos competentes, acolhemos Seu Joaquim numa residência terapêutica até providenciarmos a tão necessária cirurgia de reparação da hérnia. Para nós, estava tudo certo, iriamos resolver a vida daquele homem, restabelecendo sua saúde e a autonomia para o trabalho.

Era o que pensávamos, até que ele começou a expressar que estava sentindo falta do dinheiro que recebia e das andanças pelo mundo… até que, às vésperas da cirurgia, ele entrou em surto psicótico, não reconhecendo ninguém, falando coisas desconexas, totalmente desorganizado, subindo até num poste de luz!  Diante da situação, adiamos a cirurgia e precisamos tratar sua saúde mental. Meses depois, ele estava melhor e pôde fazer a tão esperada cirurgia. Para sanar a dificuldade financeira, conseguimos um benefício do INSS para que ele se organizasse e voltasse a exercer as atividades de agricultura em algum momento… e esse momento nunca aconteceu… Seu Joaquim nunca voltou a ter saúde mental e lucidez suficientes para estabelecer uma vida com autonomia. Vive ainda na residência terapêutica, aos cuidados da equipe que trabalha na saúde mental, com uma condição limitada de gerenciamento de vida.

Para nós, equipe de trabalho, foi algo impactante e chocante. Nos questionamos durante muito tempo: “Onde erramos?”, “O que poderíamos ter feito de diferente?”. Hoje, sabemos que não necessariamente cometemos um erro. Só não avaliamos as implicações de tanta mudança na vida de Seu Joaquim, que antes, na sua juventude, já havia apresentado sintomas de psicose. Só nos restou a opção conviver com a expectativa frustrada de resolver a vida de alguém que já estava ‘satisfeito’ com a vida que levava.

Pensando em cura e resolução de vida, me veio uma reflexão a partir do Evangelho de João, capítulo 5, com a história do paralítico no tanque Betesda. Um homem inválido há 38 anos, com chances remotas de entrar primeiro naquele tanque para ser curado. Esse homem teve sua vida transformada completamente através do encontro com Jesus.

Jesus, também Mestre em fazer perguntas, surpreende com esta: “Você quer ser curado?” – Chego a imaginar a reação de espanto das pessoas diante desse questionamento. Como assim, Jesus? Não seria óbvio? Por que Ele fez essa pergunta?

Como a explicação não fica clara nas escrituras, só podemos presumir algumas coisas diante da pergunta feita por Jesus:

  1. Que Ele, Jesus, em sua grande misericórdia e amor, se interessa no querer e no bem-estar daquele homem;
  2. Jesus, com o questionamento, ofereceu ao homem a chance de declarar sua vontade de receber uma transformação de vida;
  3. Além disso, Jesus também lhe concedeu o tempo de refletir nas implicações que a cura poderia trazer na vida dele.

No versículo 7, Disse o paralítico: “Senhor, não tenho ninguém que me ajude a entrar no tanque quando a água é agitada. Enquanto estou tentando entrar, outro chega antes de mim”.

Segundo essa resposta, a desesperança já tinha tomado conta dele, fazendo com que ele estivesse próximo ao tanque não pela esperança de cura, mas provavelmente por uma expectativa de obter alguma esmola, por estar num lugar movimentado com muitas pessoas.

Adiante, no texto, em João 5:12-14, Jesus e o homem se encontram uma segunda vez:

Então lhe perguntaram: “Quem é esse homem que lhe mandar pegar a maca e andar? ” O homem que fora curado não tinha ideia de quem era ele, pois Jesus havia desaparecido no meio da multidão. Mais tarde Jesus o encontrou no templo e lhe disse: “Olhe, você está curado. Não volte a pecar, para que algo pior não lhe aconteça”.

O que poderia acontecer de pior? Passar 38 anos aleijado não seria a pior coisa para a vida de uma pessoa?

Nosso Mestre, quando andou aqui na terrena, curou muita gente e sempre nos mostrou que o foco dEle sempre foi a CURA ESPIRITUAL. Há sim, algo pior para nos preocuparmos: a doença espiritual. Essa nos torna inválidos para o Reino de Deus, nos torna aleijados para os planos que o Senhor nos preparou, a doença espiritual é a única capaz de nos causar a morte eterna.

            Jesus nos pergunta: “Tu queres ser curado?”

Ao mesmo tempo que Ele também sabe que a cura espiritual é o mais importante para nós, pois nos leva à eternidade ao lado Dele.

“Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.” (1 Pedro 2:9)

“Vivam como pessoas livres, mas não usem a liberdade como desculpa para fazer o mal; vivam como servos de Deus.” (1 Pedro 2:16)

Se queremos mesmo ser curados, devemos fazer morrer as nossas vontades, nosso “Eu”, nossa natureza egoísta, mimada e pecaminosa, para não mais mendigarmos pelas coisas terrenas, mas vivermos gozando da liberdade em Cristo, sendo participantes de uma cidadania celestial.

“Ele mesmo levou em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, a fim de que morrêssemos para os pecados e vivêssemos para a justiça; por suas feridas vocês foram curados.” (1 Pedro 2:24)

Jesus já pagou o maior e mais doloroso preço para que pudéssemos ter o privilégio de sermos curados. Agora, temos a melhor parte, o acesso à nova vida, à oportunidade de vivermos em obediência e sendo uteis ao propósito maior, anunciando a verdadeira cura para aqueles que precisam ser sarados.

Que possamos viver de maneira digna do Senhor, agradando-O em todas as coisas, sendo frutíferos em toda boa obra que Ele antes nos preparou. (Colossenses 1.10)

O Pedreiro e o Lapidário

Quando criança, lá em Cajazeiras, tive a oportunidade de ver de perto o trabalho de pedreiros abrindo espaço na rocha para a construção de casas; assim como já vi artista com seu martelo talhando rochas para transformar em lindas joias e obras de arte. Estes dois trabalhos, embora sejam com a mesma matéria-prima, são executados de maneira muito distinta: para limpar um terreno, o pedreiro usa a dinamite para abrir a rocha e, mesmo se tratando de algo rígido, é preciso cautela e cálculo preciso para não deixar o terreno imprestável e aproveitar ao máximo o material da rocha que foi despedaçada. Já para a obra de arte, o lapidário utiliza ferramentas que possam perfurar, moldar, dar brilho, tirando pequenas lascas que, pouco a pouco, irão proporcionar estrutura e forma à dura pedra.

“Não é a minha palavra como fogo, diz o Senhor, e como um martelo que esmiúça a pedra?” (Jeremias 23.29)

O versículo no livro do profeta Jeremias fala que o trabalho de Deus se aproxima mais do Lapidário que vai tirando lascas da pedra que, sem destruir a pedra bruta, usa o martelo com perícia para obter algo único. Se você já se rendeu à Palavra, sabe bem que a Palavra de Deus bate certeira nos veios do coração endurecido. Marteladas precisas vão tirando lascas de vaidade, desconfiança, avareza, orgulho, egoísmo, desamor, preguiça, falsidade… e, assim, vai desfazendo o bloco insensível para dar lugar a um lindo receptáculo de vontade de Deus.

Parece, em alguns momentos, que o trabalho do poderoso “artista” está sendo feito com dinamite, eu bem sei que dói, incomoda, nos tira da zona confortável que tanto apreciamos. Todos os dias somos desafiados a permanecer em transformação, seja negativa, ou positivamente; quem pode saber ao certo o que o espera nesse dia? As oportunidades de transformação são inevitáveis!

Para os seguidores de Jesus, há uma motivação real para aceitar a dor advinda da transformação: A certeza de que o “Lapidário”, que é o Senhor Deus Todo Poderoso, fará Seu trabalho de modo perfeitamente calculado para não dilacerar a rocha que reveste nosso coração. Se nos colocarmos nas mãos dEle, receberemos golpes certeiros através da Sua Palavra, então o quebrantamento verdadeiro acontecerá e seremos lapidados a cada dia para sermos a obra de arte que Deus planejou em nós.

“Vos darei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. Ainda porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis as minhas ordenanças, e as observeis.” (Ezequiel 36:26-27)

Cantai os Livramentos que o Senhor nos Dá!

Quando eu era criança, por volta dos seis anos, meu irmão Raniere Vieira se acidentou enquanto brincava com álcool e fogo, sofrendo queimaduras bem graves no corpo todo. Eu assisti a tudo muito assustada, e me lembro da cena claramente. Quem o conhece sabe que foi um grande livramento! Ele está bem vivo, sem sequelas e hoje até contamos a história de “quando Raniere colocou fogo em si mesmo”… Nossa mãe não acha nada engraçado, claro… mas a gente ri assim mesmo.

Na época, não havia SAMU e carro próprio era artigo para poucos em Cajazeiras, nossa cidade natal. Foi uma correria, tumulto e desespero para minha mãe prestar socorro. Apareceu então, de maneira milagrosa, um parente que morava em outra cidade e chegou para visitar-nos de surpresa! Este parente socorreu meu irmão, levando de carro para o hospital. Este foi somente o primeiro passo do socorro, porque mesmo sem tratamento especializado para queimados, com a falta de recursos da medicina na década de 80 e todos os perigos que meu irmão corria, cada passo do tratamento foi se desdobrando em vitória e mais vitória. Nem foram necessárias as cirurgias de reconstrução para que ele se recuperasse perfeitamente do acidente.

Essa é uma história bem marcante de quando o Senhor nos socorreu na tribulação. Hoje, mais de trinta anos depois, ainda fico maravilhada quando me lembro da diligência de Deus naquela situação desesperadora.

Sei que cada um tem uma história de livramento, socorro, cuidado da parte de Deus em hora de desespero. Esses momentos nos marcam com mais facilidade.

Mas, nunca quero perder de vista que, mesmo quando não estou atenta, quando não estou vendo, quando parece que nada de ruim está acontecendo, Deus não dorme, Ele zela pela minha segurança e da minha família. Não somente a segurança física, mas principalmente a segurança espiritual.

Por isso, eu louvo em alta voz:

“Elevo os meus olhos para os montes; de onde me vem o socorro? O meu socorro vem do Senhor, que fez os céus e a terra. Não deixará vacilar o teu pé; aquele que te guarda não dormitará. Eis que não dormitará nem dormirá aquele que guarda a Israel. O Senhor é quem te guarda; o Senhor é a tua sombra à tua mão direita. De dia o sol não te ferirá, nem a lua de noite. O Senhor te guardará de todo o mal; ele guardará a tua vida. O Senhor guardará a tua saída e a tua entrada, desde agora e para sempre.” (Salmos 121:1-8)

Histórias de Esperança Para os Pequeninos

Final de ano chegando. Para uma professora de Escola bíblica dominical infantil (EBD) já é época de avaliar o currículo do próximo ano, organizar material, estruturar as aulas e se deparar com o velho dilema: as crianças mais velhas não “aguentam” mais ouvir as mesmas histórias! Elas já conhecem todos os personagens, não há nada de novo! Então, vem a tentação que eu chamo de “saga da mirabolância”. Percorrer o mundo da internet pesquisando ideias, usar quilômetros de emborrachado e T.N.T. fabricando cartazes e aventais e enfeites, encher a casa de recicláveis, tudo isso no intuito de bolar um currículo mirabolante para entreter as possíveis entediadas crianças da geração do consumo e das redes sociais.

Já ouvi muitos pontos de vista sobre o ministério infantil: “Ah, dar aula para as crianças é só pra quem é muito criativo. Isso não é pra mim!”; “Isso é pra quem tem muito tempo sobrando, porque é uma dedicação de meio período, tendo que fabricar tanto material para trabalhar.”; “Bem que esse ministério é mais pra americano, que tem loja pra comprar todo material já pronto e bem baratinho.”

Se você faz parte desse serviço numa congregação pequena (caso da maioria das igrejas de Cristo no Brasil), então sabe do que estou falando. Temos que tirar leite de pedra para conseguir os materiais de ensino que sejam diferentes das folhinhas impressas em preto-e-branco, não é? Precisamos também ter muito jogo de cintura para adequar a mensagem às classes com crianças de várias idades. Parece meio caótico, se formos adentrar nas exigências pedagógicas da atividade de “ensinar”. Por outro lado, não devemos negligenciar a busca por um serviço de excelência, dada a importância da tarefa em questão.

A ministração de ensino bíblico infantil não é recreação, nem momento de entreter crianças para não perturbarem os adultos na adoração. O ensino infantil é espaço evangelístico, de edificação da igreja e de doutrinamento, sim!

Romanos 15:4:  Pois tudo o que foi escrito no passado, foi escrito para nos ensinar, de forma que, por meio da perseverança e do bom ânimo procedentes das Escrituras, mantenhamos a nossa esperança.

E não há necessidade de tanto pavor! Por isso, quero encorajar você, professor, a não ter medo de contar as mesmas histórias… A EBD infantil é um lugar de contar histórias, sim! QUE BOM QUE SÃO AS MESMAS HISTÓRIAS! Porque não são contos inventados, mas são contados do livro sagrado, a Bíblia. E não há nada errado em repeti-las. As crianças podem até ajudar a contar tudo de novo, não desanimem se elas já sabem o final de todas as histórias, se elas parecem não encontrar nada novo nelas… Isso não é problema nenhum.

Mas, é importante atentar para uma coisa: se as crianças saem de lá vibrando mais com a força de Davi do que com o Deus a quem Davi servia e confiava, então estamos falhando. Se elas contam uma história de um grande engenheiro Noé, que construiu a arca e juntou os bichos, sem contudo enfatizar o poder do Criador e a necessidade do homem obedecer a Ele, então, estamos falhando.

Que as crianças vibrem e se animem com o Grande e Poderoso Deus a quem servimos e amamos! As histórias são um meio para afirmarmos e confirmarmos nossa fé e esperança nas gloriosas promessas em Cristo Jesus.

A história não se completa em si mesma. Tem algo mais: um exemplo a ser seguido ou evitado; um aspecto do Deus todo-poderoso a ser reforçado; uma lição de fé a ser destacada; o Caráter e a Soberania divina a serem enaltecidos; uma esperança a ser renovada.

Por causa dessa maravilha, ser professor da escola bíblica dominical é tarefa para qualquer cristão fiel, animado com os princípios da doutrina bíblica, temente aos ensinamentos das sagradas escrituras, desejoso por compartilhar as grandezas do Deus todo-poderoso e Pai amoroso.

A tarefinha de pintura é pano de fundo, os visuais devem ser pano de fundo, os equipamentos pedagógicos também são pano de fundo… a sã doutrina é a essência. É aprendendo dela que nos tornamos firmes em Cristo. Assim foi com o discípulo Timóteo, tendo aprendido desde pequeno com a sua avó, que provavelmente não tinha os recursos audiovisuais atuais:

Recordo-me da sua fé não fingida, que primeiro habitou em sua avó Lóide e em sua mãe Eunice, e estou convencido de que também habita em você. (2 Tm 1:5)

Quanto a você, porém, permaneça nas coisas que aprendeu e das quais tem convicção, pois você sabe de quem o aprendeu.  (15)  Porque desde criança você conhece as sagradas letras, que são capazes de torná-lo sábio para a salvação mediante a fé em Cristo Jesus. (2 Tm 3:14-15) 

Então, primeiramente, que sejamos bons exemplos de perseverança e obediência para as crianças; Em segundo lugar, que desejemos acompanha-las e ensina-las sobre o amor e temor ao Deus grandioso e amoroso. Por último, podemos trocar ideias de como tornar o momento da história em algo lúdico, feito na linguagem da criança, que é sempre menos exigente e mais acolhedora do que nós, adultos.

Cristãos Operantes e Produtivos

Era uma menininha de pouco mais de 6 anos, esperta, falante e de olhos expressivos. Certo dia, foi levada pelos tios a um evento. Ela sempre andava acompanhada da irmã, somente 2 anos mais velha. As duas compartilhavam da mesma “fartura” – “faRtava” comida na mesa para satisfazê-las, ainda em fase de crescimento. A menininha curiosa, decidiu escapar um pouquinho por ali e, atenta, acabou babando por um bolo de chocolate que brilhava na cantina daquele lugar; seus olhos pidões não passaram desapercebidos para a moça que vendia lá. Generosamente, ela presenteou a menina com um pedaço daquele suculento bolo de chocolate – num lampejo de consciência, a menina lembrou-se da irmã mais velha e no quanto ela iria gostar do bolo. Mas, a fome, a vontade de comer e a ânsia de satisfação tomaram conta e a menina lambeu até o prato, sozinha, sem dividir com ninguém. Depois da satisfação, com o gostinho do chocolate ainda na boca, caiu em si, sentiu culpa por não ter incluído a irmã na doçura… mas já havia comido tudo. Até criou coragem e foi pedir outro pedaço para a moça generosa: falou a verdade, disse que era para sua irmã, mas a moça desculpou-se, alegando não poder dar outro pedaço.

Que frustração! O bolo, que deveria adocicar a boca dela, agora amargava pela culpa por não ter compartilhado. E ela já não enxergava outra chance de reparar isso. Somente 30 anos depois, a história do bolo de chocolate foi contada para a irmã “excluída”. Claro, foi motivo de risadas, porque a irmã nunca sentira falta de um bolo de chocolate que nem sabia ter existido! E a vida já lhe dera muitas oportunidades de outros bolos e guloseimas. Até pode parecer bobagem, mas a irmã que comeu o bolo, precisou de ajuda para se perdoar por esse “ato de egoísmo”, que aos seus olhos teria sido muito sério.

Contei sobre uma criancinha. Quem de nós ousa julgar a atitude dela? A infância é a fase egocêntrica e, naturalmente uma criança pensa primeiro em suas próprias necessidades e satisfações. Não deveria haver culpa a respeito disso.

Sabemos então que essa fase deve passar, o egocentrismo deve dar lugar à empatia, generosidade e pensamento coletivo. Ou, deveria acontecer conosco de maneira tão natural, se a carne não fosse assim tão fraca. “Pois tudo o que há no mundo — a cobiça da carne, a cobiça dos olhos e a ostentação dos bens — não provém do Pai, mas do mundo.” (1Jo 2:16 )

O egoísmo que ainda reside em nós afeta todas as áreas de nossa vida; nele está a raiz das discórdias, rebeldia, maledicência, avareza, corrupção, e muitas outros pecados. E não adianta para o cristão alegar que vive bem com todos, que a família está unida, faz o bem aos pobres e é desapegado das riquezas, se ele não estiver compartilhando com os outros o maior e mais generoso presente que recebeu gratuitamente, comprado por alto preço de sangue inocente: AS BOAS NOVAS DA SALVAÇÃO EM CRISTO JESUS.

Se você já foi alcançado pela graça redentora do Pai celestial, é porque gerações e gerações de cristãos, ao longo dos anos, decidiu obedecer o mandamento do “Ide”, se desprendeu de si mesmo, seja do medo da morte, vergonha, timidez, preconceito, conforto, terra natal ou cultura… e essa mensagem redentora pôde alcançar o seu coração e transformar a sua vida.

“Apesar de termos sido maltratados e insultados em Filipos, como vocês sabem, com a ajuda de nosso Deus tivemos coragem de anunciar-lhes o evangelho de Deus, em meio a muita luta.” (1Ts 2:2)

Se, por algum motivo o cristão não se acha na obrigação de “dividir o bolo de chocolate”, é porque ainda não cresceu. O Senhor nos chama para proclamar, compartilhar, anunciar a oportunidade de redenção por toda a terra. Ele nos justifica e também nos capacita para o serviço:

2Pe 1:2-8  Graça e paz lhes sejam multiplicadas, pelo pleno conhecimento de Deus e de Jesus, o nosso Senhor.  (3)  Seu divino poder nos deu todas as coisas de que necessitamos para a vida e para a piedade, por meio do pleno conhecimento daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude.  (4)  Por intermédio destas ele nos deu as suas grandiosas e preciosas promessas, para que por elas vocês se tornassem participantes da natureza divina e fugissem da corrupção que há no mundo, causada pela cobiça.  (5)  Por isso mesmo, empenhem-se para acrescentar à sua fé a virtude; à virtude o conhecimento;  (6)  ao conhecimento o domínio próprio; ao domínio próprio a perseverança; à perseverança a piedade;  (7)  à piedade a fraternidade; e à fraternidade o amor.  (8)  Porque, se essas qualidades existirem e estiverem crescendo em suas vidas, elas impedirão que vocês, no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo, sejam inoperantes e improdutivos.

O chamado do Senhor é para que possamos crescer em sabedoria e conhecimento do Seu Filho Jesus, para que sejamos OPERANTES e PRODUTIVOS para o Reino, aproveitando sabiamente cada oportunidade, porque os dias são maus (Ef 5:15-16). E não há nada mais produtivo do que semear a Palavra de Jesus para os que estão no mundo.

Aquela menininha carregou a culpa por anos, e era um simples bolo de chocolate… estejamos atentos para as oportunidades de compartilhar o maior presente que recebemos: Cristo Jesus e a alegria da vida eterna!

“Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.” (1Pe 2:9)

A Força da Natureza

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Eu sou paraibana e sertaneja. Já testemunhei terra seca, a tristeza de ver gado morto por falta de água, desesperança com a plantação seca e infrutífera; mesmo não sendo de família agricultora, cada sertanejo se torna empático com a dor que a seca causa no povo. Não me interessa discutir sobre políticas públicas ou estratégias de enfrentamento da seca, desejo agora considerar a Força Da Natureza.

Vivendo na Amazônia brasileira, tenho o privilégio de presenciar diariamente um outro extremo: um céu cinza escuro, fortes ventos e trovoadas e relâmpagos assustadores acompanham a grande queda d’água diária. De verdade, chove praticamente todos os dias. No início era muito assustador para nós, tudo é muito intenso! Agora, a força da chuva demanda assombro e fascínio ao mesmo tempo!

A chuva faz parar a cidade. Até estou acostumando com a ideia dos compromissos se estabelecerem antes ou depois da chuva. Os transtornos realmente existem com o alagamento diário e o trânsito que já é difícil se torna impossível.

Só me resta ver a chuva. Ao olhar pela minha varanda o temporal se formando posso contemplar a expressão do poder do Criador. Se a manifestação da natureza criada é assim tão espantosa, o que dirá da natureza do próprio Deus?

Mesmo tão inteligente e astuto, apesar de contar com o avanço da tecnologia, o homem não tem o poder de fazer chover – o homem não consegue produzir aquele céu cinza de chuva, nem os raios e trovões; ele também não consegue fazer parar a chuva, não adianta se inquietar, reclamar, só nos resta esperar a força da natureza se aquietar no seu próprio querer.

Isso me faz pensar nos discípulos dentro daquele barco sendo balançado pelas ondas, desesperados para tirar a água que entrava no barco, o pavor diante das grandes ondas, os gritos, o esforço e o cansaço físico que sobreveio na tentativa de resolver aquela situação (Marcos 4: 35-41).

O pavor de não termos o controle da situação assombraria qualquer um de nós… e acontece de vez em quando, não é? Nos momentos em que não temos o controle, a vontade de lutar, controlar, resolver, sanar, acaba nos fatigando e nos fazendo reclamar: “Senhor, o Senhor não se importa?!”

A vida nos proporciona tempestades, isso é certo… e na tempestade temos escolhas. Podemos lutar sozinhos contra ela… e perdermos, pois não temos controle sobre a força da natureza.

Podemos confiar que Jesus está no barco, que mesmo se estivermos cansados e fatigados, ansiosos e temerosos, titubeantes e questionadores, Jesus está no barco conosco.

Não adianta questionar a natureza: “Por que agora? Por que comigo?”

Quando somos levados ao limite de nossas forças, o Senhor nos faz lembrar de algo grandioso: Ele se importa! Quando somos fracos, então somos fortes. Lancem sobre ele toda a sua ansiedade, porque ele tem cuidado de vocês. (1 Pedro 5:7)

Há momentos em que posso ouvir Jesus me perguntando: “Por que você está com tanto medo? Ainda não têm fé?”

Vale lembrar que o poder à nossa disposição consiste Nele, o mesmo Jesus que faz aquietar o mar e o vento.

Pois Deus que disse: “Das trevas resplandeça a luz”, ele mesmo brilhou em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo. Mas temos esse tesouro em vasos de barro, para mostrar que este poder que a tudo excede provém de Deus, e não de nós. (2 Coríntios 4:6-7)

Está fatigado pelas tempestades? Se sente desgastado andando contra o vento? Está esperando a chuva forte passar porque já percebeu que não tem forças contra ela?

Não se aflija!! Não tenha medo!!!

Jesus está ao teu lado. Confia, tenha fé e abra bem os olhos para se maravilhar com a Força da Natureza Divina!

Por isso não desanimamos. Embora exteriormente estejamos a desgastar-nos, interiormente estamos sendo renovados dia após dia, pois os nossos sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma glória eterna que pesa mais do que todos eles. Assim, fixamos os olhos, não naquilo que se vê, mas no que não se vê, pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno. (2 Coríntios 4:16-18)

Vida Cristã não tem “Stand By”

“O semeador semeia a palavra. Algumas pessoas são como a semente à beira do caminho, onde a palavra é semeada. Logo que a ouvem, Satanás vem e retira a palavra nelas semeada. Outras, como a semente lançada em terreno pedregoso, ouvem a palavra e logo a recebem com alegria. Todavia, visto que não têm raiz em si mesmas, permanecem por pouco tempo. Quando surge alguma tribulação ou perseguição por causa da palavra, logo a abandonam.

Outras ainda, como a semente lançada entre espinhos, ouvem a palavra; mas quando chegam as preocupações desta vida, o engano das riquezas e os anseios por outras coisas, sufocam a palavra, tornando-a infrutífera. Outras pessoas são como a semente lançada em boa terra: ouvem a palavra, aceitam-na e dão uma colheita de trinta, sessenta e até cem por um”. (Marcos 4:14-20)

Na parábola do semeador, Jesus fala de 4 tipos de pessoas:

A primeira, ouve a palavra, mas Satanás logo vem e retira o que foi semeado. Podemos imaginar uma pessoa que vive mergulhada nos prazeres do mundo, sem perceber a urgência de cuidar da vida espiritual, sem interesse naquilo que é divino.

A segunda, ouve e recebe a palavra com alegria, mas não se firma na caminhada cristã por conta das dificuldades e perseguições por causa da palavra. O tipo de pessoa que, ao pesar e medir os custos, optam por não pagar o preço de ser cristão, considerando como perda, decidindo viver na comodidade do mundo, sem firmeza de esperar o ganho celestial prometido na Palavra.

A terceira, também ouve e acolhe a palavra, porém, o mundo oferece muitas coisas e ela é enredada pelo aqui e agora. Isto faz com que esta pessoa se torne infrutífera. Interessante perceber que a semente é acolhida pela pessoa, mas, ao ser sufocada pelas ocupações e preocupações, a semente não frutifica.

A quarta pessoa é terreno fértil, solo bom que aceita a palavra e frutifica, agradando a Deus.

Numa reunião de oração ouvimos a confissão de um irmão que esteve afastado por quatro meses; ele nos alertava do quanto era fácil se afastar. Este irmão vinha num ritmo de estudos bíblicos semanais, com todo o esforço, mesmo depois de um dia pesado de trabalho em construção civil, mas estava lá firme, sedento… de uma semana para outra, começou a pensar em ocupar os domingos trabalhando também, preocupado com o novo filho que está para nascer e as novas despesas… falou que, aos poucos foi ‘escorregando ladeira abaixo’, sem perceber. No início sentia uma falta e uma culpa por não estar presente nas atividades da igreja, mas, como passar das semanas, as desculpas se tornaram plausíveis na mente e assim, ele ia se desculpando internamente e pensando: “Estou só dando um tempo, daqui a pouco eu volto; preciso resolver umas coisinhas e depois apareço.”

Graças a Deus que ele conseguiu deixar que o Espírito do Senhor o movesse de volta para a comunhão. Ele contou que já sentia velhos hábitos voltando numa facilidade enorme… e a guarda já ia abaixando cada vez mais.

E juntos, refletimos no fato de como é fácil mudarmos o foco! Como é fácil ser a terceira pessoa que Jesus falava na parábola! Como é fácil ser o tipo de pessoa onde a semente é sufocada e não frutifica! Até as bênçãos podem nos tirar o foco e nos fazer esquecer do alimento principal, o que nos nutre para continuarmos frutificando. Os apetites mais perigosos não são por algo venenoso, ou mortal, mas pelos prazeres simples da terra, estes vão nos enchendo e nos saciando até substituírem o apetite pelo próprio Deus.

Que estejamos alerta para que as demandas da vida não retirem nosso foco. É importante considerarmos que a caminhada cristão não entra em “Stand By”, ou “Função Soneca”… não existe parada no cronômetro do tempo com Deus.

No relacionamento com o Senhor só existe duas opções: ESTAR MAIS PERTO DE DEUS, ou ESTAR MAIS LONGE DE DEUS. Se suas decisões não estiverem alinhadas ao fato de estar mais perto de Deus, então, você só pode estar se afastando de Deus.

Cuidado! A ocupação e preocupação com as demandas do mundo só resultam em estagnação, ociosidade, desinteresse e desânimo na vida espiritual. Estas coisas, quando colocadas acima do interesse pela Palavra e pela atuação no Corpo de Cristo, tornarão o cristão infrutífero.

Deus deseja se relacionar conosco e se coloca disponível para todo aquele que deseja estar perto dEle. Ele nunca irá criar empecilhos para que nos aproximemos da Sua presença, Ele está disposto a nos nutrir do que há de melhor para sermos frutíferos nas obras que Ele preparou para nós. Sendo assim, cuidemos para que a nossa mente e vontade não criem barreiras no nosso relacionamento com Aquele que é Perfeito e Soberano – DEUS.

Vocês foram ressuscitados com Cristo. Portanto, ponham o seu interesse nas coisas que são do céu, onde Cristo está sentado ao lado direito de Deus. Pensem nas coisas lá do alto e não nas que são aqui da terra. (Colossenses 3:1-2)

Self-Service, Rodízio ou Banquete?

Não precisam me convidar a um rodizio de sushis porque não sou fã deles. Também, se eu não tiver com fome, certamente não irei a um rodízio de pizza, mesmo sendo minha preferência – ficamos bem desapontados quando alguém vai a um rodízio e não come “para valer a pena”, não é?  Já no self-service será pouco provável que alguém ponha no prato alguma comida que não goste, pois consideraria desperdício pagar por aquilo que não está disposto a comer ou experimentar.

O rodízio nos convida assim: Se esbalde, seja guloso naquilo que te apetece, experimente muito, mas muito “mais do mesmo”!

O chamado do self-service é: Pode variar um pouco, pode colorir seu prato, mas não saia do confortável, não corra riscos e nunca pague o preço para provar daquilo que você não gosta!

Podem ficar tranquilos os comilões de plantão. Não pretendo com isso dar juízo de valor ao tipo de restaurante, ou tipo de comida que alguém prefere. Quero somente fazer uma breve reflexão…

Embora rodízio e self-service pareçam tipos muito distintos de alimentação, ambos partem da mesma premissa: SE SATISFAÇA COM O QUE GOSTA E NÃO SAIA DA ZONA DE CONFORTO!

Em Lucas 14, Jesus está participando de um banquete com fariseus, publicanos, homens importantes e acostumados a experimentar boa comida. Jesus os via disputando os lugares de honra à mesa, percebia que eles julgavam Jesus por curar no sábado e sabia que estes participavam do banquete mais interessados em julgar e condenar do que em ouvi-Lo ou ter um relacionamento com Ele.

Aqueles homens gostavam de comer e beber, principalmente se não precisavam pagar por isso, não é? Mas, Jesus aproveita a oportunidade para mostrar que não há nenhuma honra em dar banquetes para aqueles que podem retribuir o agrado:

Mas, quando der um banquete, convide os pobres, os aleijados, os mancos, e os cegos.(Lucas 14:13)

Que cena desconfortável para aqueles homens, não é? O que ganharia em troca? Qual honra teria fazer parte desse tipo de banquete?

O Mestre continua ainda falando em parábolas sobre um banquete que fora preparado para pessoas importantes, mas estes não quiseram participar. E o resultado? O anfitrião não desperdiçou a comida, nem desistiu de festejar… ele mandou os servos em busca daqueles que estavam dispostos a comemorar junto com ele: os famintos, os sem honra, os esquecidos!

Parece até descabido alguém recusar um convite para um banquete, mas, a verdade é que fazemos isso o tempo todo!

O banquete a que Jesus se refere é celestial. Ele começa a parábola em resposta à exclamação:

“Ao ouvir isso, um dos que estavam à mesa com Jesus, disse-lhe: “Feliz será aquele que comer no banquete do Reino de Deus”. (Lucas 14:15)

Nós somos os convidados de honra do banquete celestial. Mesmo sendo mancos, cegos, aleijados espiritualmente. Mas, precisamos estar atentos para não usarmos desculpas descabidas para não participar; e, uma vez que somos convidados e aceitamos o convite, não podemos nos ensoberbecer e nos vangloriar por isso, nem nos acomodar.

Jesus continua falando em calcular o preço de segui-Lo. Acredito que ele está falando isso porque a recompensa desse banquete não virá aqui neste mundo… vamos precisar esperar, oferecer outros banquetes para outros pobres e aleijados… vamos precisar ter perseverança e, principalmente, sair da zona de conforto para que o Senhor trabalhe através de nós.

Ele espera que sejamos anfitriões sensíveis para suprir os necessitados, não porque somos bonzinhos, mas porque fomos convidados antes, sem merecermos, para participarmos do banquete com o Mestre.

Jesus nos chama para um banquete, não é um rodízio, nem self-service, teremos uma grande variedade de alimento espiritual, de experiências de fé, de oportunidades de viver o relacionamento com Ele, uma infinidade de possibilidades de sermos anfitriões de banquetes para os necessitados. Nesse convite, não há espaço para escolhas acomodadas, nem para medo no que é novo, nem desculpas… só há uma forma de se saciar neste banquete: participando por inteiro!

“Se alguém vem a mim e ama o seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos e irmãs, e até sua própria vida mais do que a mim, não pode ser meu discípulo. E aquele que não carrega sua cruz e não me segue não pode ser meu discípulo. (Lucas 14:26-27)

Detalhes

É de impressionar a habilidade de um rapaz aqui em Belém, que pede dinheiro num sinal: ele é cego, mas tateando por segundos a janela e o retrovisor do carro, consegue acertar o modelo de qualquer carro que ele toca. Eu, mesmo usando todos os meus sentidos, mal consigo reconhecer meu próprio carro quando me aproximo dele!

Nunca perguntei como ele adquiriu essa habilidade. Certamente não aprendeu ouvindo alguém descrever as características dos carros, mas ele mesmo precisou tocar, sentir os detalhes repetidamente, para que, aos poucos, fosse reconhecendo com as próprias mãos cada particularidade diferencial entre os modelos de carros.

Isso me fez pensar na minha vida espiritual… sobre o meu conhecimento da Palavra de Deus. Se conheço verdadeiramente, se toco, apreendo cada detalhe da natureza de Cristo, tomando como base a Palavra viva contida na Bíblia, acabo por correr menos riscos de errar o alvo com ventos de doutrinas, ensinos e promessas enganosas baseadas na astúcia humana. Conhecendo cada detalhe das promessas de Deus na Sua Palavra, me apropriando da características da natureza de Cristo, o meu Salvador, saberei, de olhos fechados, quando não se trata dos ensinamentos dEle.

Com isso, desejo estar diligente para estudar, compreender e guardar em meu coração a Palavra de Deus. É muito fácil deixar a morosidade, a displicência tomar conta do dia, é tentador colocar as emergências do dia-a-dia acima da prioridade da salvação, é convidativo viver no comodismo de pegar emprestado ‘a sabedoria’ dos outros em ensinos mastigados e impessoais, quando o Senhor disponibiliza a oportunidade de se relacionar direta e pessoalmente comigo através do meu querer e minha prática devocional, de oração, leitura da Palavra e meditação.

 “Tu és o meu abrigo e o meu escudo; e na tua palavra coloquei a minha esperança.” (Salmos 119:114)

Desejo a persistência e perseverança de buscar os detalhes de Jesus a cada dia enquanto eu viver aqui, quero ser desejosa por usar os meus sentidos para estar na presença de Deus e poder me apropriar do verdadeiro propósito de vida, que é a esperança da glória e a declaração pública dessa esperança para aqueles que ainda não conhecem o Nosso Jesus Cristo, Salvador!

(…) temos ouvido falar da fé que vocês têm em Cristo Jesus e do amor por todos os santos, por causa da esperança que lhes está reservada nos céus, a respeito da qual vocês ouviram por meio da palavra da verdade, o evangelho que chegou até vocês. Por todo o mundo este evangelho vai frutificando e crescendo, como também ocorre entre vocês, desde o dia em que o ouviram e entenderam a graça de Deus em toda a sua verdade. (Colossenses 1:3-6)

Apenas um Toque

No último final de semana tivemos aqui com a Igreja em Belém do Pará um encontro de mulheres, onde pude compartilhar com as irmãs a história de uma mulher e seu encontro com Jesus, o Mestre dedicado e amoroso. A passagem bíblica base está em Marcos 5:1-36, e Lucas 8:40-49.

O capítulo 5 do evangelho de Marcos começa com Jesus expulsando a “Legião” de demônios que atormentavam um homem. Os demônios são jogados numa manada de mais de 2 mil porcos, que acabam se jogando despenhadeiro abaixo. A narrativa é assustadora para quem consegue se “tele transportar” e imaginar assistindo ao vivo aquele episódio! Jesus, é expulso da cidade, por ter causado tamanho prejuízo aos donos dos porcos. A vida do homem endemoninhado foi totalmente restaurada a partir do encontro com Jesus e ele pode testemunhar as boas novas a todos os que o conhecem.

Me sinto visceralmente comovida quanto leio sobre os milagres de Jesus descritos nos evangelhos, não somente porque vejo o imenso poder dEle sobre a morte, sobre as forças da natureza, as doenças, os demônios e tudo o que existe, mas porque, como mulher, me sinto tocada com a FORMA que Ele exerce o seu poder.

Jesus havia chamado os 12 discípulos e há pouco começara seu ministério, mas, numa sociedade carente, oprimida pelos governantes, sedenta por pão, sofrendo para ser curada das doenças… a fama de Jesus se espalhou rapidamente e, onde ele passava, multidões o acompanhavam, o comprimiam e apertavam. Nesta “correria” em que eles estavam vivenciando, aparece um homem querendo que o Mestre vá até a casa dele curar a filha moribunda.

No meio daquela multidão, está uma IRRELEVANTE MULHER, que saiu de casa com uma esperança: Se eu tão-somente tocar em seu manto, ficarei curada”. A doença dela era invisível aos olhos dos outros, porém, a tornava IMPURA*. A mulher sofria de hemorragia há 12 anos. Podemos inferir que, se ela tivera marido, este já não estava mais com ela; se nunca casara, também já havia passado do tempo; se tinha família, já não havia vida social e afetiva para que os seus não se tornassem impuros pelo contato com ela. Já não restava esperança na medicina, pois ela já tinha gasto tudo e não conseguia ficar curada.

Afeto, para as mulheres, significa segurança, proteção, conforto e aprovação, estas coisas consideramos de vital importância. O afeto se dá principalmente pelo toque físico e, esta mulher já não contava com isso na sua vida. Ela não participava mais das festas, dos cultos públicos na sinagoga; estava morta socialmente. Mas, ela se apegou provavelmente à última chance que lhe restava. Era uma missão de risco! E se alguém a visse na multidão? E se a acusassem de tirar a “pureza” daqueles que se comprimiam ali?

Contudo, ela decidiu correr todos os riscos… se enveredou na multidão, aproximou-se do Mestre e tocou-lhe as vestes! (Mc 5:29) “Imediatamente cessou sua hemorragia e ela sentiu em seu corpo que estava livre do seu sofrimento.” 

O que ninguém esperava era a reação de Jesus: (Mc 5:30) No mesmo instante, Jesus percebeu que dele havia saído poder, virou-se para a multidão e perguntou: “Quem tocou em meu manto? “

Imaginem! Isso é pergunta que se faça numa multidão?

Mais do que saber QUEM, Jesus desejava TOCAR a vida da pessoa que tinha sido curada. Interessante que dele não saía poder aleatoriamente; o processo de sair poder se dava pelo encontro de Jesus com alguém que tinha fé e esperança de ser agraciado com o poder dEle.

A mulher, tremendo de medo, esperando uma repreensão, escaldada pelo sofrimento, não se acovarda e se apresenta a Jesus prostrando-se aos seus pés. Ela, que era insignificante no meio de tanta gente, meio que atrapalhando a missão de Jesus a caminho de curar a filha de um dos dirigentes da sinagoga… Mas a fé que ela demonstrou fez uma multidão parar e esperar.

Seguidamente, Jesus lhe dá os melhores momentos a serem vividos:

(v.34)  Então ele lhe disse: “Filha, a sua fé a curou! Vá em paz e fique livre do seu sofrimento”.

Diante de todos Ele expressou que ela não era mais impura. Publicamente, Jesus fez questão de devolver àquela mulher a vida social, a dignidade, a esperança, a paz e deu-lhe um sentido de renovação para vida dela.

É impossível não ser tocado com a empatia e sensibilidade dEle, que mesmo tão grande consegue servir num universo tão pequeno como o nosso! Ah… bendito seja o Deus, nosso Pai, que nos agraciou com a Palavra escrita na Bíblia, e através dela, lemos uma linda carta de Amor de Deus para nós!

Desejo ter a coragem, a fé e esperança dessa mulher e nunca me acovardar em busca do Mestre Jesus. Certamente, este foi o maior e mais impactante encontro que ela teve na vida!

E você? O que tem feito para se encontrar com o Mestre? Já sentiu o poder dEle em sua vida? Não perca tempo! Faça todo o possível por esse encontro, porque é o único que transforma morte em vida!

*No livro de Levítico 15:19-25 podemos aprender sobre as normas impostas na Lei mosaica diante da impureza pelo fluxo de sangue.