Minha filha de 11 anos gosta muito de cozinhar, e leva muito jeito pra isso! Ela toma iniciativa de ir para a cozinha, inventa receitas e o resultado geralmente é bem feito. Mas, algumas vezes ela se sente tão segura de si que não aceita sugestões, dicas ou conselhos de como executar, ignorando o fato de não ter experiência suficiente para fazer tudo sozinha. Isso, por vezes, gera algum estresse e desentendimento.
Porém, eu acabo percebendo que comigo não é muito diferente. Eu não costumo pedir ajuda, acredito (mesmo que no automático) que posso fazer tudo sozinha e me pego carregando peso maior do que deveria. Mas, generosamente o Senhor deseja me ensinar sobre equilíbrio e humildade, por isso compartilho com vocês mais uma história sobre irmandade e amor:
Quem tem filhos pequenos sabe o quanto é difícil manter uma rotina de organização e limpeza da casa. O tempo voa, a demanda de cuidados com a criança é grande e os serviços se acumulam velozmente. Quando nossa família voltou de Campina Grande para João Pessoa (depois de vivermos 5 anos lá) estávamos com nossas filhas nas idades de 18, 9, 3 anos e a caçula com 8 meses. Fora a mais velha, que se ocupava o dia com os estudos, tínhamos 3 crianças pequenas que demandavam muito de nós. Júnior foi trabalhar numa oficina mecânica, saindo de casa antes das 7h e voltando tarde à noite, eu ainda trabalhando em outra cidade, tendo que passar dois dias fora de casa. Uffa!!! Foi muito puxado para todos nós.
Aos domingos estávamos lá nos congregando, a irmandade feliz em nos “ter de volta”, o Júnior bem motivado, encontrando tempo de servir na igreja e eu, angustiada e sentindo que não estava dando conta. Nunca foi tão difícil “voltar para casa”! Um acúmulo de listas e tarefas infindáveis e eu, esgotada, sem noção de por onde começar. E, quem me conhece sabe que eu não “era” de pedir ajuda, nem de reclamar das minhas dores, mas o Senhor tem me ensinado paciente e generosamente que vale a pena se deixar ser ajudada também. Algumas irmãs queriam saber como eu estava e uma delas “mais chegada”, que frequentava minha casa, percebeu o caos e organizou com as demais um mutirão de ajuda para mim.
Confesso não ter sido fácil me convencer que outras mulheres (também ocupadas) limpassem a “minha” bagunça. Mas, que bom que eu aceitei! Que bom ter sufocado meu orgulho de super heroína!
Recebi aquelas servas equipadas com vassouras, esfregões, aspirador, material de limpeza e muita disposição para abençoar a minha vida. Elas limparam, louvaram, limparam, me fizeram rir muito, limparam e não me deixaram trabalhar em nada… e me mostraram que aquele trabalho era algo mais espiritual do que braçal. No final da tarde, minha casa estava brilhando e o meu coração preenchido do amor fraterno que Cristo ensinou e emanou da vida de minhas amadas irmãs. Fizemos juntas um devocional, finalizamos o momento de suor com choro e abraços, e daquele dia em diante aprendi que precisava me esforçar para deixar que outros cuidassem de mim também.
Me lembro assim da postura do discípulo Simão Pedro, quando Jesus se dispôs a lavar os seus pés:
Chegou-se a Simão Pedro, que lhe disse: “Senhor, vais lavar os meus pés? ” Respondeu Jesus: “Você não compreende agora o que estou lhe fazendo; mais tarde, porém, entenderá”. Disse Pedro: “Não; nunca lavarás os meus pés”. Jesus respondeu: “Se eu não os lavar, você não terá parte comigo”. Respondeu Simão Pedro: “Então, Senhor, não apenas os meus pés, mas também as minhas mãos e a minha cabeça! ” (João 13:6-9 NVI)
É bem provável que, se eu fosse um discípulo naquele momento, eu não teria deixado facilmente que Jesus limpasse a sujeira dos meus pés… antes de tudo, o Mestre precisou ensinar, não somente na teoria, mas na ação de esfregar os pés daqueles homens. Jesus sabia que além de aprendermos a servir, precisamos entender qual a atitude correta na hora de ser servido também.
Sei que aquelas mulheres nem devem ter a medida exata do bem que fizeram para minha família com o serviço dedicado. O gesto das minhas irmãs naquele dia funcionaram como uma sombra daquilo que Cristo deseja fazer na minha vida e na vida delas também. Pois, antes de Pedro ser exortado a lavar os pés dos outros, ele precisou deixar que Cristo, o Mestre, lavasse os pés dele primeiro. É da parte de Cristo, primeiramente, que vem a disposição em servir uns aos outros.
Pois bem, se eu, sendo Senhor e Mestre de vocês, lavei-lhes os pés, vocês também devem lavar os pés uns dos outros. Eu lhes dei o exemplo, para que vocês façam como lhes fiz. Agora que vocês sabem estas coisas, felizes serão se as praticarem”. (João 13:14-16,17 NVI)