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TENHA PACIÊNCIA COMIGO, QUE PAGAREI OS 100 DENÁRIOS QUE LHE DEVO

Mateus 18:21-35

INTRODUÇÃO

“Então Pedro, aproximando-se, perguntou a Jesus: — Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes?
Jesus respondeu: — Não digo a você que perdoe até sete vezes, mas até setenta vezes sete.” – Mateus 18:21-22

“Tenham cuidado. Se o seu irmão pecar, repreenda-o; se ele se arrepender, perdoe-lhe. Se pecar contra você sete vezes num dia e sete vezes vier para lhe dizer: “Estou arrependido”, perdoe-lhe.” – Lucas 17:3-4

Ouvimos da ideia de perdoar 70 x 7, que soma 490 vezes. Ou perdoar 7 vezes ao dia. Além de todo o simbolismo da perfeição do número 7 e da complenitude do número 10, a chamada parábola do credor incompassivo nos ensina várias lições para nossas vidas, especialmente no contexto do corpo de Cristo, o reino de Deus. Afinal, no contexto de igreja precisaremos nos relacionar às vezes por anos com os irmãos em Cristo e o perdão será muito necessário.

I – EXPLICANDO A PARÁBOLA

Ao contar a parábola, Jesus diz: “Por isso o reino dos céus é semelhante a…”

O reino dos céus é o governo de Deus, o reino de Deus, a maneira de Deus nos tratar e conosco relacionar-se.

Certo rei, ajustando contas da dívida dos seus servos, um deles deve-lhe 10.000 talentos.

Uma quantia absurda, impagável, pois cada talento equivalia a 6.000 denários e cada denário a 1 dia de trabalho.

Linguagem de hoje

Salário mínimo mensal R$ 1.100,00

Um salário diário R$ 36,66

1 denário R$ 36,66

1 Talento R$ 220.000,00

10 mil talentos R$ 2 bilhões e 200 milhões

Você que está lendo este artigo, teria condições de pagar divida tão alta, mais de 2 bilhões de reais? Creio que nenhum de nós chegaremos um dia a ter uma dívida destas em termos humanos. Jesus exagera de propósito.

Uma vez aque aquele homem não tinha condições de pagar a dívida, ela é executada à maneira da época: perda da liberdade. Hoje somente dívida de pensão alimentícia, e mesmo assim dos últimos 3 meses, dá ensejo à prisão civil.

Nos versículos 26-27 vemos o óbvio, para uma dívida impagável, somente o perdão gracioso do rei. Pois nem que aquele homem vivesse várias vidas conseguiria pagar.

Logo após ser perdoado, aquele homem encontra um servo seu, que lhe devia 100 denários.

1 denário R$ 36,66

100 denários R$ 3.666,00

A maioria de nós deve ou já deveu um valor desses e conseguiu pagar. Essa dívida parcelada é perfeitamente pagável. Por isso, no versículo 29 ele diz algo verdadeiro: “Tenha paciência comigo, que tudo pagarei”.

Mas o homem que tinha sido perdoado não quis esperar, pelo contrário, executou, usou do seu “direito” e tirou a liberdade do seu servo.

Ao saber disso, o Rei chamou o homem que não quis perdoar, tirou dele o perdão concedido e o entregou aos carrascos, até que pagasse sua dívida. Quando ele poderia pagar? Nunca, pois a dívida era impagável. Ele morreria na prisão.

No versículo 35 há a sentença final de Jesus:

“Assim também o meu Pai, que está no céu, fará com vocês, se do íntimo não perdoarem cada um a seu irmão.” – Mateus 18:35

Este texto final causa-me caláfrios, quando eu percebo o quanto o perdão de Deus é condicional ao nosso perdão ao próximo (Mateus 5:23-24 e Lucas 6:37-38).

II – LIÇÕES DA PARÁBOLA DE JESUS

1. Uma dívida impagável

Todos nós somos como o primeiro homem perdoado. Temos ou tínhamos (para quem já aceitou o perdão de Deus em Jesus), uma dívida imensa que são os nossos pecados. Imagine que nesse momento, como no cinema, numa tela fossem passados todos os seus atos e pensamentos da sua vida. Com certeza haveria muito que eu e você nos envergonharíamos. São nossos pecados, perdoados por Jesus na cruz, são os nossos 10 mil talentos devidos.

Lá no Éden fomos contaminados pelo pecado e  nem a destruição do mundo na época do dilúvio resolveu. Por isso a Bíblia diz que Jesus encontrou a todos nós mortos em nossos pecados e delitos (Efésios 2:1-3).

Pense naquilo mais justo que você já fez. Isaías diz que, aos olhos de Deus, não passam de trapos de imundícia (Isaías 64:6)

Porém, o mesmo texto, Efésios 2:4-7, diz que, da mesma maneira que o rei na parábola, que representa Deus, perdoou aquela dívida impagável daquele homem, Deus pagou nossas dívidas na pessoa de Jesus Cristo, quando Ele morreu na cruz por nós. Estamos perdoados, passado, presente, futuro, enquanto estivermos com os olhos fixos em Jesus (1 João 1:7-9)

Você lembra do filme “De volta para o futuro” do Steven Spielberg? Quem não gostaria de ter uma máquina do tempo, voltar ao passado para corrigir erros cometidos? Em Jesus, temos essa possibilidade, não precisamos voltar, mas, lá na cruz, todos os nossos pecados foram perdoados, a nós que aceitamos a proposta de perdão de Jesus no evangelho.

Aliás, saber que fomos perdoados é motivação para diariamente lutarmos contra o pecado que “tenazmente nos assedia” (Hebreus 12:1).

2. Devemos uns para os outros 100 denários

Cada pessoa com quem convivemos, especialmente no contexto da igreja, deve 100 denários um para o outro. Eu devo 100 denários para cada pessoa com quem convivo. E cada pessoa também me deve 100 denários.

Cada pessoa tem suas qualidades, mas também tem seus pecados, suas manias, seus jeitos, suas opiniões, que me incomodam. Eles representam os 100 denários da parábola.

A comunhão é algo bom, mas, quanto mais tempo ficamos juntos, mais percebemos os 100 denários que nos são devidos, que são os pecados e defeitos de cada um. Por isso há um movimento forte chamado dos “desigrejados”, isto é, pessoas que desistiram de conviver como igreja ou assembleia e dizem “queremos Jesus, mas não queremos a igreja”, algo totalmente contrário a vontade de Deus na Bíblia.

Por melhor que uma pessoa seja, ela tem seus pecados, suas manias, seus jeitos, sua chatice, que representam os 100 denários que cada pessoa deve uma para a outra.

Gilnor, um dos evangelistas na igreja onde congrego, disse algo que me deixou reflexivo: “As pessoas querem viver na igreja como se já estivessem no céu”. 

Perfeito, precisamos entender que, sim, fazemos parte da igreja, o reino de Deus aqui na terra, mas a realidade celestial ainda não chegou.

100 denários são nossos pecados, são nossas manias, são nossos espinhos. Lembra-me daquela história dos porcos espinhos que, para não morrerem na época do inverno, tiveram que tolerar os espinhos uns dos outros, para que pudessem se manter aquecidos.

3. Perdoar 70 x 7 ou 7 vezes ao dia.

Pensa na pessoa que mais pecou contra você, provavelmente não chegou a 490 vezes ou 7 vezes no dia. Jesus exagera para mostrar que o perdão de Deus para conosco é incomparável com as vezes que teremos que perdoar uns aos outros. Portanto, deve haver sempre um espírito perdoador em nós.

Sejamos, pois, compassivos (Colossenses 3:12-14), vamos destacar o que cada um tem de bom e sermos misericordiosos com o que têm de negativo, tendo sempre uma dose de compaixão pelo nosso irmão.

4. Se você e eu somos de Jesus, temos a mente de Cristo e o coração do conservo: “Tenha paciência comigo, e pagarei tudo ao senhor”.

Não sejamos do tipo: “Você tem que me perdoar, sou assim mesmo!”, mas, sim, “irmão, lamento as vezes em que falho ou falhei com vocês. Por favor, não desista de mim, pois estou tentando não falhar mais com você”. Esta deve ser nossa atitude.

Vamos tornar esses 100 denários em 90, 80, 50 denários – por isso estamos sendo transformados de glória em glória (2 Coríntios 5:17) e permitindo que Jesus faça a boa obra em nós. (Filipenses 1:6).

Sim, devemos ter em mente que precisamos perdoar uns aos outros. Mas também tenhamos em mente: “Eu não quero ser uma pedra de tropeço na vida do meu irmão, na vida da igreja”

5. Cuidado com os carrascos da falta de perdão

Sim, não perdoar causa maior sofrimento àquele que não perdoa – Eu tenho experiência disso. A pessoa fica acorrentada conosco, até a perdoarmos. Somos torturados. Alguém disse que não perdoar é beber veneno pensando que irá fazer mal ao outro.

Na parábola, o servo impiedoso seria torturado até que pagasse toda a dívida. Ele nunca conseguiria. Cuidado! Nossa falta de perdão pode fazer com que Deus tire o seu perdão que Ele nos deu. Foi o que o Rei fez com o homem que não teve compaixão do seu servo.

6. Advertência de Jesus

“Assim também o meu Pai, que está no céu, fará com vocês, se do íntimo não perdoarem cada um a seu irmão.” – Mateus 18:35

Não adiantar dizer que perdoou e não querer olhar no rosto. Não adianta dizer que perdoou e desviar para não cumprimentar. “Deus é quem perdoa” diz aquele que não quer perdoar. Mas Deus diz: “Sim, eu já o perdoei, agora falta você”.

Quem me conhece sabe da minha lista de desafetos, pessoas com quem tive e tenho dificuldade para perdoar – já constou mais de 20 pessoas, hoje tem bem menos – são pessoas por quem oro todos os dias para, do íntimo, de todo o coração, conseguir perdoá-las dos 100 denários que me devem.

CONCLUSÃO

Meu irmão, fui perdoado de meus 10 mil talentos e quero perdoar você da sua dívida de 100 denários. Porém, que possamos também dizer uns aos outros:

“Tem paciência comigo, que pagarei os 100 denários que lhe devo.”

Esforcemo-nos para que a dívida com nossos irmãos vá diminuindo para 90, 80, 50 denários, pois “aquele que começou boa obra em nós há de completá-la até o dia de Cristo Jesus” (Filipenses 1:6). Amém!

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