Todos que já foram à escola no Brasil, aprenderam um pouco de português. Você deve ter aprendido pelo menos o básico. Uma das coisas que a gente aprende são palavras novas e algumas vezes nos deparamos com palavras aproximados ou o mesmo sentido, são os sinônimos. Porém, algumas palavras são diferentes e, como regra, se há duas palavras com o mesmo significado, uma acaba eliminando o outra naturalmente. Então, se as palavras diferentes ainda resistem pelo tempo, mesmo que o senso comum pense que são parecidas ou iguais (sinônimos), então elas têm significados diferentes. Palavras como louvor e adoração são tidas como similares, mas são diferentes e têm significados e intenções diferentes. Outro exemplo disso são as palavras crer e fé. A maioria dos crentes pensam que crer é ter fé…
Deus é amor, misericordioso, cheio de graça e bondade e, sem dúvida nenhuma, quer que toda humanidade seja salva, dos menores aos maiores.
“Isso é bom e agradável perante Deus, nosso Salvador, que deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade.” (1 Timóteo 2:3,4)
Será que, já que Deus quer salvar a todos então, ‘todos os caminhos levam a Deus’? Qualquer forma de crença leva à salvação? Será que ‘a voz do povo é a voz de Deus’? No final, será que Ele vai ter misericórdia das suas criaturas e esquecer os seus pecados? A misericórdia sobrepõe a obediência e a justiça?
Os pregadores desta geração pregam muito sobre graça e misericórdia e realmente todos deveriam aproveitar a oferta de Deus em perdoar todos os pecados, mas qual é mesmo a mensagem? Todos devemos saber que a mensagem que leva à salvação é: Ouvir, ter fé, arrepender, confessar, batizar e perseverar. Seis passos que levam à salvação. Porém, no evangelho popular necessita basicamente 2 passos para ser salvo: ouvir e crer.
Bem provavelmente você já ouviu uma bela pregação evangélica falando sobre o amor, a compaixão e a graça oferecida por Jesus. Até concordamos com a maior parte da mensagem, mas no final você ouve:
– Se você crê em Jesus, levante a mão, faça uma oração onde você está aceitando Jesus como seu Senhor e único Salvador, pedindo para que ele entre no seu coração. – daquele ponto em diante tal pessoa é considerada salva, mas o que a Bíblia diz?
Estava indo tão bem e logo chegou a esta parte… É esta teologia que oferece salvação para o que está no leito de morte e aceita Jesus no coração antes de morrer. Aparentemente é a graça e a misericórdia de Deus que está sendo pregada e aceita. Porém a Bíblia não ensina isso em lugar nenhum! De onde surgiu tal teologia da salvação prática? É tão prática que não precisa nem sequer acrescentar água!
As Nossas Traduções da Bíblia
Quando queremos falar que alguém está dizendo algo difícil de entender, dizemos logo que a pessoa está falando grego. Puxa, justamente esta foi a língua em que o Novo Testamento foi escrito! Isto quer dizer que não entendemos o Novo Testamento? Em grego não! Nossas Bíblias não estão escritas em grego, temos versões (traduções) em Português. É nas traduções da Bíblia que a confusão de palavras começa e entre estas palavras temos as palavras CRENÇA e FÉ.
Tudo começou lá pelo IV século quando São Jerônimo fez uma tradução dos manuscritos gregos do Novo Testamento para o latim a pedido do papa Dâmaso I. Aquela tradução ficou conhecida como Vulgata. Foi lá que a confusão da palavra FÉ com CRENÇA começou.
Em grego fé é um verbo que pode ser conjugado, mas em latim é uma palavra que não sofre flexão da língua. “Na língua grega – idioma mais rico que o latim – o substantivo fé (pistis) possui um correlato verbal (pisteuou), ou seja, a fé pode ser conjugada verbalmente, ao contrário do que ocorre no português e demais línguas de origem latina”. Então são Jerônimo procurou uma palavra que pudesse ser usada como sinônimo do verbo grego que significa ação da fé (pisteuou) e encontrou a palavra crer que, tanto em Latin como em Português, podem ser conjugados: Eu creio, tu crês, ele crê, nós cremos… etc. O verbo crer deriva de “de cor” (do coração). Aí surgiu o problema, pois são palavras diferentes com significados diferentes. Enquanto fé exige obediência e ação física, crer deriva de acreditar e pode só ficar no pensamento e com o passar do tempo perdeu o sentido “do coração”.
Agora, uma palavra que não deveria ter sido substituída, ganhou força do tempo, tradições, de interpretações pessoais e denominacionais. Todas as vezes que lemos CRER, deveríamos ler FÉ ou a AÇÃO DA FÉ que leva a obedecer. Um exemplo disso é claro em Atos 19 quando Paulo questiona em que ‘creram’? Dá um sentido, lendo por cima, de que simplesmente acreditaram, mas estudando o texto vemos que tal ensinamento os levou a uma atitude e a atitude foi o batismo. Fé levou a ação enquanto crer não necessariamente leva a uma ação ((Boa parte da pesquisa deste texto foi encontrada no artigo de Alan Capriles no seu artigo “FÉ OU CRENÇA? A crucial diferença entre crer e ter fé“)).
“Aconteceu que, estando Apolo em Corinto, Paulo, tendo passado pelas regiões mais altas, chegou a Éfeso e, achando ali alguns discípulos, 2 perguntou-lhes: Recebestes, porventura, o Espírito Santo quando crestes [quando obedeceram pela fé]? Ao que lhe responderam: Pelo contrário, nem mesmo ouvimos que existe o Espírito Santo. 3 Então, Paulo perguntou: Em que, pois, fostes batizados? Responderam: No batismo de João.” (At 19:1-3)
A melhor tradução do versículo dois poderia ser: “Vocês receberam o Espírito Santo quando obedeceram (o batismo) pela fé?”. Sabemos que a fé leva ao batismo por causa do verso três. Faça um serviço a si mesmo e Releia a passagem várias vezes e usando várias traduções, você vai encontrar a verdade.
Nesta passagem vemos que a fé leva a obedecer ao evangelho (morte, sepultamento e ressurreição) através do batismo é praticada obediência ao evangelho e Deus concede o Espírito Santo (At 2:38).
Confunde-se FÉ com CRENÇA por causa de uma leitura descuidada, falta de um estudo mais profundo e a lógica que a própria tradução do texto bíblico leva. A fé realmente move a algo concreto, enquanto a crença é algo subjetivo e inerte. Algo que não se concretiza no mundo real.
Até mesmo em inglês a palavra FÉ foi traduzida por ‘believe‘, isto é, traduzido como, CRER. Como a maioria das denominações modernas vieram da América do Norte, a teologia de CRER ao invés de SER MOVIDO a OBEDECER PELA FÉ, veio junto com os evangelistas e missionários a simplesmente deixar na subjetividade e do sentimento.
Devemos ler a tradução da palavra CRER em nossas Bíblias fazendo uso de um verbo TER como auxiliar para a fé: eu tenho fé, tu tens fé, nós temos fé, eles têm fé… Fé não é acreditar em algo ou alguma coisa. Fé é sair do conforto e lugar comum e tomar uma ação de obediência direta ao mandamento.
A fé que devemos procurar é a fé apresentada pela igreja do Novo Testamento. Quando tivermos fé em ação, certamente ela vai exigir mais do que um gesto de levantar a mão e fazer uma oração SINCERA. Somente quem pratica o evangelho e os ensinamentos que ouve da doutrina dos apóstolos registrados no Novo Testamento pode ser considerado discípulo VERDADEIRAMENTE SALVO. Crença é coisa para cristão e o Brasil é um país cristão que crê em muitas coisas, mas não tem fé suficiente para se livrar da idolatria e crendices em tantos homens, santos e entidades e declarar Jesus Cristo como único Senhor e Salvador através da obediência ao evangelho. Fé é atitude de discípulo de Cristo ((A palavra cristão está registrada apenas 3 vezes em todo o Novo Testamento enquanto a palavra DISCíPULO está registrada mais de 250 vezes. Isto indica que Jesus veio fazer discípulos e não cristãos)).
Podemos, sim, apoiar nossa fé nas traduções, pois geralmente são cuidadosamente feitas e estudadas, (excetuando-se a traduções Torre de Vigia das Testemunhas de Jeová), mas principalmente devemos apoiar a fé no estudo e meditação da Palavra de Deus.
Conclusão
Deus realmente quer salvar toda humanidade, mas não pelas nossas regas e suposta misericórdia, isto é, por nossas crenças. Reconheçamos que por mais religiosos que pudéssemos ser, nunca poderíamos ser tão misericordiosos como Deus tem sido através do Novo Testamento. Se confiamos Nele, seguimos as Palavras Dele e não nossa vã filosofia religiosa.
Não é possível que Deus não tenha dado inúmeras chances para uma pessoa e resolve salvá-la dando a única chance somente no leito de morte. Todos nós temos muitos convites de Deus por dia, afinal Ele é paciente e misericordioso. Uma pessoa no leito de morte não tem condições de aceitar o evangelho como ele é, não pode fazer uma decisão consciente, pois está fragilizada pela dor, doença ou pelo medo da morte. Deus quer de nós o melhor, não o resto de nós e quando já não podemos mais servi-lo.
Se apoiar na história do ladrão na cruz que foi salvo sem obedecer ao evangelho mostra falta de conhecimento na Palavra de Deus e do plano da salvação. O ladrão na cruz, resumidamente, estava sob o Velho Testamento e Jesus podia salvá-lo como quisesse (como o fez), inclusive sem batismo. Já no Novo Testamento (que começa da morte de Jesus em diante) a ordem e misericórdia de Deus exige o batismo em obediência ao evangelho.
Se um religioso diz que batismo não salva, está dizendo que o evangelho não salva. Evangelho é: morte, sepultamento e ressurreição de Jesus (1 Co 15:1-4). A forma de obedecer ao evangelho é: morrer com Cristo, ser sepultado pelas águas do batismo e, como Cristo ressuscitar pelo Espírito Santo saindo das águas do batismo , ressuscitamos com Ele pelo mesmo Espírito Santo (Rm 6:3-6). Batismo e evangelho é a mesma coisa e, correndo o risco de ser redundante, mas não de não ter sido entendido, a única forma de obedecer ao evangelho é o batismo. Não se deixe enganar por teorias e argumentos evangélicos.
A crença pode ser manipulada, a fé tem base em conhecimento da verdade que liberta e o a verdade é imutável, pois quem um dia foi liberto pela verdade, nunca mais quer voltar à escravidão pela crença.
Crer é para simpatizante de Cristo. Discípulos não são simpatizantes de Cristo, fazem parte do corpo de Cristo como membros individualmente. Nós devemos ter fé e deixar ela operar em nós pela obediência ao evangelho e, tendo recebido o Espírito Santo no batismo, pela obediência a toda palavra de Deus.