O filho acompanhava o pai na longa caminhada de três dias. Era mais uma daquelas caminhadas que o pai fazia com o seu filho que lembrava a história que o pai contava quando foi chamado para mudar de país e nem sabia exatamente para onde estava indo.
Posso até imaginar que durante a caminhada o filho tentava puxar conversa com o pai que decididamente tinha que chegar até o seu destino, cerca de 80 Km de onde moravam, e mostrava isso em passos firmes e largos. Naqueles dias o pai não estava querendo conversar muito e se esquivava tanto quanto podia da pergunta sobre o que estavam indo fazer. Provavelmente era melhor conversar com os empregados do seu pai que os acompanhavam. É certo que o pai estava agindo diferente naqueles dias, mas por respeito, o filho, decidiu não importuná-lo mais.
Chegando ao seu destino o pai dá ordens aos seus servos para esperarem enquanto ele e seu filho cumpririam a sua obrigação e logo voltariam para casa.
Fazer alguns sacrifícios na vida é necessário. Algumas vezes os sacrifícios são imprescindíveis. Precisamos aprender através dos sacrifícios, privações e provações, pois não conseguimos e não faz sentido acreditar que o sofrimento é só para causar dano e dor mesmo. Sim, eu acredito que o sofrimento tem objetivo.
A provação é uma das melhores coisas que pode acontecer na vida de uma pessoa. A provação é motivo de felicidade, não de pesar. Porém, ao mesmo tempo ela nos fecha os olhos e não conseguimos enxergar a felicidade e o objetivo do sofrimento.
Um bom professor aplica uma prova somente quando ele já ensinou o necessário para os seus alunos. Uma prova não serve para testar apenas o aluno, mas a própria didática e confiança do professor. Pelo menos metade do resultado é a avaliação do professor. Quanto maior o índice verdadeiro de aprovação, melhor é o professor.
Deus nos prova, mas a sua intenção é a nossa aprovação. Provação vem de Deus e é bom para aumentar a nossa fé, obediência e fidelidade. Mas nunca confunda provação com tentação, mesmo que ambas tenham uma ligação entre si, tentação não acontece com base em coisas boas e ela vem juntamente com a provação. A grande diferença é a fonte de cada uma delas. Enquanto a fonte da provação é boa, pois Deus é essa fonte, fonte da tentação não é boa, pois a cobiça é a fonte da tentação. A fonte da tentação somos nós mesmos com os nossos maus desejos (Tg 1:12-15).
Quando Deus provou Abraão a sacrificar o seu filho Isaque, o teste era para confirmar a fé dada por Deus, e sua obediência. Naquela história podemos ver o relacionamento entre pai e filho. Mesmo em vista à provação.
“tomou Abraão a lenha do holocausto e a colocou sobre Isaque, seu filho; ele, porém, levava nas mãos o fogo e o cutelo. Assim, caminhavam ambos juntos” (Gn 22:6).
Quando Abraão foi questionado lá no monte, enquanto montava o altar com Isaque, para o sacrifício, deu prova da sua fé dizendo:
“Deus proverá para si, meu filho, o cordeiro para o holocausto; e seguiam ambos juntos” (Gn 22:8).
Abraão foi fiel e Deus foi providente. Abraão provou sua fé pela obediência. Abraão e Isaque voltaram juntos depois de terem feito o sacrifício:
“Então, voltou Abraão aos seus servos, e, juntos, foram para Berseba, onde fixou residência” (Gn 22:19).
Note que Abraão tinha certeza que seria assim. Ele já tinha dito que ambos caminhariam juntos de volta depois de adorarem:
“Então disse aos seus servos: Esperai aqui, com o jumento, eu e o rapaz iremos até lá e, havendo adorado, voltaremos juntos de vós” (Gn 22:5).
Você tem confiança no relacionamento e educação que tem dado aos seus filhos? Você tem segurança e confiança se eles forem deixados sozinhos? E quando eles crescerem, vão continuar lembrando do tempo em que andaram juntos? Eles vão lembrar do caminho do Senhor? É este o caminho que eles vêem em você?
Esta é a lição de como compartilhar a nossa fé com os nossos filhos na prática: andar juntos. Nossos filhos precisam de guias e não de seguidores; devemos andar na frente, dar as mãos, fazê-los seguir de perto. Devemos andar na frente, dar-lhes as mãos para que possam ter uma referência para fazerem decisões corretas no futuro. Que quando eles crescerem, possamos ter tido sucesso em compartilhar a nossa fé através do exemplo e obediência, pelas palavras e pelas ações.
O Velho Testamento nos dá um exemplo e ensina a andar com os nossos filhos para educá-los:
“Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas” (Dt 6:6-9).
Andemos mais com os nossos filhos, caso contrário, logo chegará um dia em que vamos nos perguntar quem é este estranho que age estranhamente, mora em nossa casa e não segue as nossas regras e os nossos passos?