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Eu Não Te Condeno… Vá e Não Peque Mais! (João 8)

INTRODUÇÃO

Qual o melhor sentimento que existe? Eu tenho vários…

Todo mês, no final do mês, tenho um sentimento de gratidão… Abro o armário de casa… Quase vazio… Dias depois do pagamento… Abro o armário, mantimentos repostos. Penso: “Deus é bom e cuidadoso, supre as minhas necessidades, bem como de minha família.”

Outro bom sentimento: chego em casa, vamos jantar… De repente, aquele peixe que tanto gosto, Silvia não gosta de peixe… Aquele cuscuz que tanto gosto, Silvia não come cuscuz… Mesmo assim ela faz questão de preparar pra mim.

Porém, um dos melhores sentimentos que tive foi após ser multado num momento difícil que vivemos logo depois que o Josué nasceu – na correria estacionei em lugar proibido, merecia a multa. Recorri, não alegando a injustiça da multa, ou falando mal da fábrica de multas que existe.

Reconheci que errei, não devia ter estacionado ali. Mas esperei que a pessoa que lesse o meu recurso fosse um pai, uma mãe, que se colocasse no meu lugar, mostrei a certidão do hospital, a certidão de nascimento do meu filho… Esperei que o julgado apenas tivesse misericórdia de mim.

Dias depois, recebi uma notificação: “Foi dado provimento ao seu recurso, você não deve mais nada, a pontuação desta multa foi APAGADA.”

Sem mérito nenhum meu, sem merecimento, apenas porque alguém agiu com misericórdia, assim creio eu.

A MULHER ADÚLTERA

O texto deste artigo, fala de uma mulher, sem nome, sem qualquer outra informação. Ela é conhecida apenas por seu pecado que a rotulou, a mulher adúltera.

Quem seria essa mulher? Seria casada? Qual o seu nome? A tradição religiosa a identifica com Maria Madalena, a mulher que seguiu Jesus até a cruz, inclusive no seu sepulcro. (João 19:25, 20:1, 11).

Como seria a vida desta mulher? Sim, ela era adúltera. Mas e o coautor do seu pecado? Cadê o homem? Nada sabemos a respeito…

Como conseguiram pegá-la de madrugada em adultério? Seus inimigos a ficaram espreitando, esperando um momento certo para apanhá-la?

“De madrugada, voltou novamente para o templo, e todo o povo se reuniu em volta dele; e Jesus, assentado, os ensinava. Então os escribas e fariseus trouxeram à presença dele uma mulher surpreendida em adultério e, fazendo-a ficar em pé no meio de todos.” (vs. 2-3)

Visualizemos a cena: Jesus, uma grande multidão, os escribas e fariseus no seu papel de acusadores, uma mulher sozinha. Cadê seu cúmplice no pecado? Afinal, para pecados como estes, a lei dizia que ambos deveriam ser punidos. (Levítico 20:10 e Deuteronômio 22:22-24). Provavelmente o homem tenha sido poupado, afinal, não era ele o alvo da acusação dos líderes religiosos judeus.

Aqueles homens pareciam “ter prazer” em trazer aquela mulher para ser acusada. Talvez porque, enfim, tinham pego em flagrante sua inimiga. Talvez porque ela seria útil pra pegar outro inimigo deles, ainda mais importante, Jesus.

Eu penso: Como ter prazer diante de uma pessoa pecadora que é apanhada em flagrante? Lembro-me de quantas vezes vi o sr. Davi Meadows chorando no púlpito quando ia dar a notícia sobre alguém que pecou e estava se afastando de Deus e da igreja. É triste ver alguém estragando sua vida, seu testemunho, sua família, quando cai num pecado, especialmente nos chamados pecados públicos, como o caso dessa mulher.

Aqueles homens, porém, pareciam ter “PRAZER” diante da oportunidade de mostrar o pecado daquela mulher.

“Disseram a Jesus: Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. Na Lei, Moisés nos ordenou que tais mulheres sejam apedrejadas. E o senhor, o que tem a dizer?” (vs. 4-5)

Chama atenção a atitude de Jesus. Ele nada responde, apenas escreve com o dedo na terra. Talvez o Mestre pense: “Por que me perguntam? Se a lei manda, por que me perguntam? Afinal, sou eu alguma autoridade política?”

Jesus conhecia o íntimo de cada uma daquelas pessoas, que queriam apenas utilizar o pecado daquela mulher para atingi-lo – De fato, revolta alguém bancando o santo condenando outro, quando sabemos dos seus podres.

Eles insistem na pergunta (vs. 7). Não podem ir sem uma resposta (que não teria nenhum valor legal, Jesus era um profeta, não uma autoridade civil).

Eles deviam estar pensando: “Vamos, Jesus, queremos pegar dois peixes de uma vez só!”

A resposta do Senhor é certeira, vai ao encontro e de encontro àqueles homens: “Quem de vocês estiver sem pecado seja o primeiro a atirar uma pedra nela.” (vs. 7-b).

Jesus sempre dava respostas desconcertantes, o sábio faz isto em poucas palavras. Aqui lembramos quando quiseram mais uma vez pegar Jesus, na questão da necessidade ou não de pagar o tributo a César.

“De quem é esta figura e esta inscrição?”, ele perguntou. “De Cesar”, responderam seus inimigos. “Deem, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Mateus 22:21), resposta que mais uma vez envergonhou seus inimigos.

A palavra de Jesus é certeira: podemos enganar aos outros, o cônjuge, nossos pais, nossos filhos, menos a duas pessoas: A Deus e a nós mesmos. Ao ouvirem a pergunta de Jesus, um por um, acusados por sua própria consciência, foram saindo, começando dos mais velhos, até ficar somente Jesus e a mulher (vs. 9).

Aquela mulher estava diante da única pessoa no mundo que tinha autoridade para pegar uma pedra e atirar nela. Porém, olhemos as palavras do Senhor Jesus:

“Mulher, onde estão eles? Ninguém condenou você?” (vs. 10-b)

Ninguém conseguiu jogar uma pedra naquela mulher, porque ninguém tinha condições de fazer isso.

E a única pessoa com autoridade para fazer aquilo diz no final: “Também eu não a condeno”. (vs. 11)

No entanto, Jesus dá a resposta completa: “Vá e não peques mais”. (vs. 11, final).

COMENTÁRIO E APLICAÇÃO DESTA HISTÓRIA

O que aconteceu com esta mulher depois? Não sabemos. A tradição religiosa a identifica com Maria Madalena, a mulher de quem Jesus expulsou 7 espíritos maus. (Marcos 16:9).

Se for verdade, não é de estranhar que Maria nunca mais abandonou a Jesus. Esteve com ele até o fim, na cruz, foi a primeira a quem Jesus apareceu após a ressurreição e a primeira a falar para os apóstolos da ressurreição de Jesus.

Se esta mulher foi Maria Madalena, há uma explicação clara da razão dela ter se dedicado tanto ao Senhor Jesus – no meio de tantos acusadores, ela encontrou alguém que a amou, não a condenou, acreditou que ela poderia viver uma vida correta – que a livrou da morte.

Quando eu recebi a notificação de perdão da minha multa – meu sentimento foi de alegria e alivio. Imagina, então, ser perdoado dos seus pecados.

Davi, no Salmo 32:1, após ser perdoado do seu pecado com Bate Seba, exclama: “Bem aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, cujo pecado é coberto” (ou não levado em consideração).

Quero deixar algumas aplicações para nossas vidas, tiradas desta história de Jesus e a mulher adúltera.

1 – Esta mulher representa a mim/a você

Os líderes religiosos são os acusadores, eles não desejam o bem dela, eles têm um objetivo, não é salvar, é apenas matar, destruir, querem fazer isto com a mulher e por tabela atingir Jesus. É exatamente isto que o diabo (acusador) ou Satanás (adversário) deseja contra nós. Ele deseja apenas nos acusar.

E o pior é que o diabo tem razão, como aqueles acusadores tinham. Aquela mulher foi pega em flagrante adultério e merecia mesmo ser apedrejada. O mesmo se aplica a cada um de nós.

O problema é que o diabo, como aqueles líderes, dizem: “Não tem mais jeito, tem que apedrejar, tem que matar, não merece mais nenhuma chance.”.

O diabo fala isto de nós, e tem razão quando nos acusa. O que é o Velho Testamento senão a declaração de que todos nós somos culpados diante de Deus – “Todos pecaram e carecem da glória de Deus” – Romanos 3:23

2 – O diabo é um pecador contumaz e deseja nos convencer de que não tem jeito

O diabo sabe qual será o seu fim. É um derrotado. Uma vez perguntei: “Por que o diabo fica nos tentando, se ele sabe que irá para o inferno?” Resposta: “Ele quer nossa companhia”.

Como o diabo, aqueles líderes religiosos não amavam aquela mulher, para eles o importante é que ela tinha pecado e merecia ser apedrejada.

Cuidado quando vamos corrigir alguém. Qual a intenção? Queremos o bem daquela pessoa? Amamos aquela pessoa? Ou apenas queremos mostrar que ela está errada? Ou queremos apenas expô-la à vergonha do pecado.

A correção deve existir, sim, porém, o objetivo deve ser restaurar e levantar aquele que se perdeu ou caiu.

3 – Deus é o único com capacidade e competência para julgar.

Jesus conhecia a história daquela mulher, suas motivações, o que a levou àquela vida, conhecia também a vida dos fariseus, suas motivações…

Por isso, cuidado com o julgar? Julgamento mesmo somente Deus pode fazer e mais ninguém.

Não é de estranhar que aqueles homens foram embora. Eles conheciam as suas vidas.

Deus conhece o que se passa em nosso coração. A Bíblia diz que no último dia “Deus julgará o segredo das pessoas” (Romanos 2:16).

Um amigo meu: “Quero ser correto com todos. Se eu for exagerar, que seja na misericórdia…”

Eu digo “amém” para o que ele diz. Sim, quando necessário, vou corrigir, mas sabendo que somente Deus sabe exatamente o que se passa no coração daquele meu irmão a quem estou tentando ajudar.

4 – Vamos aprender a corrigir como Jesus a corrigiu

Ele tinha condições de dar um grande sermão naquela mulher. E assim não o fez. Deixou que todos fossem embora. Por quê? Ele amava aquela mulher, sabia de sua vida de pecadora, sabia como ela permitiu chegar àquele estado. Mas não desejava expô-la daquele jeito.

Uma das piores coisas que existe é ser corrigido publicamente, ter o pecado exposto, eu já fui corrigido publicamente, e é um sofrimento, além de um desafio enorme para ser humilde e aceitar. Eu já fiz isto, e me arrependo das vezes que assim agi.

Jesus sabia disso, se colocou no lugar daquela mulher, teve compaixão, a mesma compaixão que devemos ter uns com os outros. Vejamos Gálatas 6:1:

“Irmãos, se alguém for surpreendido em alguma falta, vocês, que são espirituais, restaurem essa pessoa com espírito de brandura. E que cada um tenha cuidado para que não seja também tentado.”

Espírito de brandura e cuidado consigo mesmo: é um pecador corrigindo outro pecador.

5 – Vamos dar a oportunidade das pessoas verem o Jesus perdoador e bondoso que temos, que as aceita. Tocadas pelo amor de Jesus, elas podem se arrepender dos seus pecados.

A igreja de Jesus não é a igreja do contra: contra políticos desonestos, contra homossexuais, contra adúlteros, contra mentirosos, contra pecadores…

A igreja de Jesus é a igreja que ama todas essas pessoas e lhes apresenta Jesus, que pode mudar totalmente suas vidas. Antes de falar dos pecados, vamos falar de Jesus, de seu amor, de seu cuidado, que Ele amou tanto que deu sua vida na cruz por cada um de nós, pecadores.

Enquanto alguém tiver vida, poderá ser tocado pelo amor e perdão do Senhor.

6 – “Vá e não peque mais”.

O que esta frase teria causado naquela mulher?
Se ela era Maria Madalena, Jesus mudou a sua vida.
Uma vez perdoados, somos mudados por Jesus.
Enquanto estivermos vivos, enquanto Cristo não voltar, a porta do céu está aberta a todos os que se arrependerem e estiverem dispostos a ouvir de Jesus: “Eu não vim condenar, vim salvar. Vá e não peque mais”.

Quando nos batizamos, começamos uma luta de vida ou morte contra o pecado, convertidos a Jesus, amamos tanto a Ele que valorizamos o que Ele fez na cruz, ao morrer por nossos pecados. Por isso odiamos o pecado.

“Vá e não peque mais”. Devemos odiar o pecado, pois, por causa dele, Jesus teve que morrer na cruz por nós.

CONCLUSÃO

Jesus morreu na cruz para salvar a cada um de nós da morte eterna, que a Bíblia chama de inferno. Ele ainda não voltou, porque aguarda nosso arrependimento.

Hoje, Ele não nos condena, pois toda pessoa sem Jesus já está condenada (João 3:18). Ele nos chama a si, para nos transformar, perdoar, porque nos quer e, enquanto olhamos pra ele, por amor, vamos lutar contra os nossos pecados e, quando pecamos e voltamos a Ele arrependidos, tristes e envergonhados, Ele nos diz:

“Eu não te condeno, te perdoo. Vá e não peque mais”. Aleluia!

Mesa Redonda
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