Paulo, na sua carta aos efésios, diz: “E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres” (grifo meu).
Afinal, qual é o papel de um ou alguns evangelistas na igreja do Senhor? Em primeiro lugar, no sentido mais abrangente, todo cristão é um evangelista, uma vez que a ordem do “ide e pregai” é dirigida a todos os discípulos de Jesus, indistintamente.
Porém, ao olharmos as cartas de Paulo a Timóteo e Tito, vemos que esses dois servos de Jesus tiveram uma tarefa específica. Vejamos o que o apóstolo diz em 1 Tm. 1:3 e Tt. 1:5 e observaremos que tanto a igreja em Éfeso como Creta eram igrejas novas e não podiam ficar sem supervisão, e essa tarefa coube a esses dois homens que andavam com Paulo. Eles deveriam ajudar a igreja a crescer, em certo sentido “pastorearem” a igreja até que esta tivesse condições de constituir o seu presbitério e o seu diaconato.
Assim, o papel do evangelista é bem definido numa igreja que ainda não tem famílias maduras o suficiente para dali serem eleitos os diáconos e presbíteros. Conforme ensina 1 Timóteo, seu papel é admoestar, ou seja, corrigir (1:3-4, 13 e 16), ensinar a igreja (4:6), ser um bom modelo (4:12, em certo sentido, ele tem a autoridade do Senhor até mesmo para corrigir as pessoas mais velhas cronologicamente, mas ainda crianças na fé (5:1-2)). Quando a igreja cresce em números e em espiritualidade, o evangelista ou os evangelistas serão utilizados por Deus na constituição do presbitério (Tito 1:5).
Chama ainda a atenção que, mesmo após a igreja possuir presbíteros, os evangelistas fazem o papel que na lei é chamado de “peso e contrapeso”, ou seja, eles ainda tem autoridade concedida por Deus e por seu bom exemplo para corrigir um presbítero que esteja em pecado (1 Timóteo 5:19-21), tudo isto para o bem da igreja. Assim, o evangelista deve pensar bem antes de propor a eleição de presbíteros, para não se tornar cúmplice nos pecados dos outros.
Portanto, o evangelista serve para evangelizar e, no início da igreja, vai ensinar a congregação, ajudar os irmãos a descobrirem seus dons e os utilizarem para o crescimento do Reino e, quando essa igreja estiver crescida, o evangelista terá a humildade de reconhecer os homens e mulheres que estão sendo levantados e promover esses homens, junto com a igreja, no importante papel de presbíteros e diáconos. Após, o seu trabalho se torna mais fácil, pois a ele compete continuar evangelizando e agora contando com os pastores ou presbíteros, que farão o papel de pastorear ou cuidar da igreja de Deus (1 Pedro 5:1-2). Não há competição, pois ambos estão trabalhando para o crescimento numérico (evangelista) e espiritual (presbíteros) da igreja do Senhor. O maior sinal de sucesso de um evangelista é quando a igreja, enfim, constitui o presbitério.