“Três dias depois, o acharam no templo, assentado no meio dos doutores, ouvindo-os e fazendo-lhes perguntas. E todos os que ouviam o menino se admiravam muito da sua inteligência e das suas respostas.” – Lucas 2:46-47
O menino Jesus entre os doutores no templo, encontrado três dias depois de muita busca, trouxe-me uma reflexão. Às vezes as pessoas dizem que Jesus estava ensinando aos doutores da lei de Moisés no templo. Há exagero nesta afirmação. Porém, três verbos encontrados nestes dois versículos fizeram-me pensar a respeito das fases do aprendizado. Claro que Jesus, como filho de Deus, aos 12 anos já mostrava o sinal do grande Mestre que seria no futuro.
Os verbos que destaco são: ouvir, fazer perguntas e responder. Não haverá verdadeiro aprendizado sem que sigamos esse processo. A fonte da falta de conhecimento em todas as áreas do aprendizado é ignorar um desses verbos ou inverter a ordem. Vejamos.
Primeiro, ouvir, eu incluiria ouvir ou ler, informar-se. Às vezes vejo pessoas fazendo “ousadas afirmações” (1 Timóteo 1;7), como diria o apóstolo Paulo, sem uma pesquisa, sem ouvir, sem ler. Às vezes sinto vergonha alheia quando ouço afirmações tão sem base. No caso da vida cristã Paulo nos diz que a fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus (Romanos 10:17), já que a transmissão na época dele era feita de forma muito mais oral, pois havia poucos exemplares das Escrituras do Velho Testamento e o Novo Testamento ainda estava sendo escrito. Portanto, o verdadeiro conhecimento, a verdade é encontrada em ouvir e/ou ler primeiro.
Segundo, perguntar ou questionar. Aprendamos com o menino Jesus a questionar tudo o que ouvimos ou lemos. Busquemos várias fontes do saber. No caso do estudo bíblico passemos bastante tempo na fonte, as Escrituras Sagradas, lendo-as e fazendo perguntas direto a elas. Depois, sim, busquemos pessoas que comentaram a respeito do conteúdo, mas sempre fazendo perguntas e questionando.
Há pessoas que “engolem o que ouvem ou leem” sem uma reflexão e um questionamento daquela conclusão. Há outros que agem como “papagaios”, simplesmente repetindo o que ouviram/leram sem uma reflexão, fazer perguntas e questionar. A Bíblia é a Palavra de Deus, a verdade. Porém, depois de lida, refletida e estudada. Há muita gente que utiliza textos bíblicos fora do seu contexto para pregar a “sua verdade”, não a verdade de Deus. Tenhamos cuidado com isso.
Finalmente, após ouvir/ler, fazer perguntas, devemos, sempre, ter a nossa própria conclusão. Claro que no início, nossas convicções ainda serão baseadas na interpretação de terceiros, seja dos Escritos Sagrados, seja daquilo que lemos.
Com o tempo, nossas convicções firmes devem ser as nossas próprias a partir de muito tempo com as Escrituras Sagradas, quando pensamos na vida espiritual. Mesmo nossos filhos devem ser ensinados por nós, mas não devem ser limitados ao nosso conhecimento.
Às vezes estudo a Bíblia com alguém que me diz: “quero conhecer a Bíblia como você”. Com jeito, eu digo: “não se limite a mim, comece comigo, mas tenha o desejo de ir muito além”. Como fez Jesus.
Claro que, no caso dele, por ser filho de Deus, tinha uma compreensão muito maior do que qualquer um de nós. Mas mesmo o filho de Deus leu, estudou, frequentou a sinagoga para estar preparado para ser o grande pregador da Palavra de Deus que Ele foi.
Sim, vamos aprender a primeiro ouvir/ler, para não passar vergonha em afirmar inverdades, depois questionemos, façamos perguntas para ir desenvolvendo o nosso aprendizado. Aí, sim, estaremos prontos para responder, no caso da vida cristã, a todo aquele que pedir razão de nossa fé (1 Pedro 3:15).