“Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego… o justo viverá por fé” – Romanos 1:16 e 17b
Acredito que com o decorrer de anos na vida cristã, depois de passar por muitas experiências, elas podem nos levar a ter duas atitudes distintas: ou ficamos muito “religiosos” e legalistas para condenar a todos ou ficamos cada vez mais tolerantes com os erros dos outros, especialmente se somos honestos conosco mesmos.
Quando nos convertermos e somos batizados, mesmo sabedores que nossa salvação é gratuita e pela graça de Deus e que por mais que façamos, nossas obras não são capazes de nos salvar, mesmo assim, por um bom tempo tentamos “merecer” nossa salvação pelas obras que fazemos.
Assim, evangelizar, ser generoso, ser frequente nas reuniões da igreja, contribuir na coleta, entre outras atitudes, muitas vezes são feitas para que “pareçamos” bons cristãos.
Com o tempo, depois de muitas quedas e erros cometidos, e mesmo assim podermos contar com o amor, a paciência e a misericórdia de Deus, isso nos torna mais tolerantes conosco e com o próximo.
Não estou dizendo tolerante para com os nossos pecados e sendo cúmplices dos pecados dos outros. Não é isso.
O que quero dizer é que olhando para as nossas limitações, pensamentos e atitudes tomadas diariamente e comparando-as com a santidade e a perfeição de Deus, só nos resta reconhecer a nossa falência pessoal e nos jogarmos na suficiência que somente Deus pode nos dar.
Como Paulo, cada um de nós pode se declarar “o principal dos pecadores” (1 Timóteo 1:15), incapaz de fazer algo de bom sem a transformação produzida pelo Espírito Santo em nosso caráter.
Isto é ser salvo pela graça. Este é o tema da carta de Paulo aos romanos, chamada por muitos de “o evangelho da graça”. Do início ao fim o apóstolo afirma que nossa salvação começa e termina por fé nos méritos da obra salvadora de Cristo na cruz ou, como eles diz, “a justiça de Deus se revela no evangelho (boa notícia) de fé em fé”.
Irmãos, quando olho para as minhas limitações e falhas e vejo o amor paciente de Deus, acreditando em mim, apostando que posso mudar, continuando Sua boa obra na minha vida (há quase 30 anos Ele faz isso) aí sim, meu desejo é viver para agradá-lo.
Quando entendemos a graça de Deus, ao contrário do que alguns pensam, ela não nos motiva a pecar mais, pelo contrário, ela nos motiva a querer viver de tal maneira que nosso Pai sinte orgulho (no bom sentido) de nós. Foi assim com o filho pródigo quando recebeu a imensa graça de seu pai (Lucas 15:11-32). Foi assim com Zaqueu ao ser inundando pela graça maravilhosa de Jesus (Lucas 19:1-16). É assim conosco quando entendermos uma parte do amor divino.
Aí, sim, passamos a ser generosos, a ofertar, a dar o melhor de nós, a desejar compartilhar o evangelho com o perdido, a fazer do pecado exceção e não regra em nossas vidas. Fazemos isto não por medo do inferno ou de sermos castigados, mas porque somos inundados pelo amor de Deus e como resposta queremos oferecer-lhe nosso amor, mesmo falível. Aprendamos com Romanos a cair “nas garras da graça” de nosso Pai.