A razão de sermos generosos em ofertar
“Eli abençoava Elcana e a sua mulher e dizia: — Que o Senhor dê a você filhos desta mulher, em lugar do filho que devolveu ao Senhor. E voltavam para a sua casa. Assim, o Senhor abençoou Ana e ela engravidava. Teve mais três filhos e duas filhas. E o menino Samuel crescia diante do Senhor.” – 1 Samuel 2:20-21
Estou lendo o Velho Testamento e tirando dele lições que, passado tanto tempo, podemos aplicar para nós que vivemos na Nova Aliança, afinal, como disse Paulo, tudo o que foi escrito serve para nosso consolo, edificação e nos dar esperança (Romanos 15:4).
O texto que abre este artigo é uma amostra prática da maneira como devemos agir com relação a tudo o que temos, o princípio de ser um bom administrador do que recebemos de Deus.
Ana era uma mulher sofrida por não ter filhos e ainda zombada por sua rival, Penina. Porém, esta mulher entendeu com o tempo que Deus (e não o amor de seu marido ou mesmo um filho) deveria ser o seu bem maior. Por isso, ao pedir que lhe desse um filho, prometeu que o devolveria ao Senhor ainda jovem e, de fato, dá impressão que Samuel tinha uns 3 anos quando foi servir o sacerdote Eli (2:24), vindo a tornar-se depois sacerdote, profeta e o último juiz em Israel. Imagine uma mãe com seu único filho, entregando-o ainda tão jovem e ficando sem filhos consigo. Isto é fé na prática e honrar ao Senhor acima de tudo. Até certo ponto prefigura o que Deus fez por nós, ao nos dar o melhor que tinha, Seu Filho, para morrer na cruz em nosso favor (João 3:16).
O princípio tirado desta lição é que tudo o que temos pertence ao Senhor e devemos devolver a ele e quando assim agimos tudo o que antes era “meu” (como na parábola do rico tolo de Lucas 12:13-21) passa a ser nosso, isto é, meu, do Senhor e como consequência, uma maneira dele, através de mim, abençoar também outras pessoas.
Isto se aplica, por exemplo, na oferta do que temos. Não somos limitamos ao dízimo (preceito da velha aliança), pois Deus quer todo o nosso coração e também não damos para receber “em dobro” como diriam os religiosos, mas porque entendemos que Deus quer de nós, não 10% (isso é mixaria), mas 100% de nossa vida que materializa-se no melhor do nosso tempo, nosso dinheiro, nossos bens, enfim, Deus agrada-se quando Ele se torna o nosso maior bem. Particularmente, entendo que no mínimo 10% do que temos não deve ficar conosco, mas utilizado para abençoar outras pessoas.
O problema é que acontece de às vezes sermos abençoados por Deus com algo (um emprego, um bem material, dinheiro, entre outros) e esta coisa pode tornar-se o nosso “deus” quando a utilizamos apenas para satisfazer nossas vontades e nos apegamos a ela. Ana entendeu que não precisava se apegar a bênção que foi Samuel (Deus já era seu maior bem) e por isso o devolveu ao Senhor. Como consequência do seu desapego Deus deu a Ana mais 5 filhos (mesmo ela não tendo colocado isso como condição para devolver Samuel). Abraão foi outro que entendeu que Deus deveria ser seu maior bem e estava pronto a lhe entregar (até de forma violenta) Isaac. Mas Deus não estava interessado no sacrifício de Isaac, mas em conhecer o coração desapegado de Abraão.
Por isso Paulo diz em 2 Coríntios 9:6
“E isto afirmo: aquele que semeia pouco também colherá pouco; e o que semeia com fartura também colherá com fartura.”
Deus vai nos dando bênçãos e quando não fazemos dessas bênçãos nosso “deus”, a raiz da idolatria, o Senhor de maneira graciosa vai abrindo ainda mais as portas do céu, pois sabe que as bênçãos a nós concedidas não ficarão retidas conosco, mas serão utilizadas para a sua glória e honra e para abençoar seus filhos e suas criaturas.
O filho mais velho de Lucas 15:31 não entendeu essa realidade:
“— Então o pai respondeu: “Meu filho, você está sempre comigo; tudo o que eu tenho é seu.”
Sim, precisamos aprender esta lição: não temos nada, tudo pertence a Deus, que nos abençoa de forma tão generosa. E quando somos mãos abertas para abençoar outros com o que recebemos de Deus, tudo o que é dele torna-se nosso e aí não há limites para que suas bênçãos sejam derramadas e, quando falo isso, digo em todos os sentidos, espirituais e materiais. Às vezes é uma habilidade especial que quando Deus nota que não será utilizada para nosso proveito egoísta, para nossa autopromoção, para alimentar nosso ego, ele nos dá, pois sabe que utilizaremos para Ele, para o reino dele e nosso próximo.
Que possamos, irmãos, aprender esse segredo com Ana: fazer de Deus o nosso bem supremo, maior, acima de tudo e de todos e nos colocar como canal de bênção para tudo aquilo que Ele quiser fazer através de nós. Aleluia!