Quero trazer uma reflexão sobre o dia de ação de graças. O Dia de Ação de Graças é visto por muitos como uma celebração alheia à nossa cultura, algo “importado” dos Estados Unidos. Outros consideram desnecessário ter um dia específico para demonstrar gratidão, argumentando que isso deve ser feito diariamente. Embora essas opiniões sejam válidas, é importante refletirmos juntos, com base na Bíblia, sobre o valor da gratidão e como momentos especiais podem nos ajudar a exercitar uma prática que às vezes esquecemos no meio da correria da vida.

O povo de Israel tinha um dia específico para ser gratos a Deus pelas colheitas: o dia de Pentecostes, o mesmo motivo para o dia de Ações de Graças nos Estados Unidos. Então, aquele país também importou uma data de uma atitude que era praticada centenas de anos em Israel.

A Gratidão na Bíblia: Uma Prática Constante

A Bíblia nos incentiva repetidamente a sermos gratos. Paulo, ao escrever a Timóteo, dá uma instrução que transcende contextos culturais:

“Antes de tudo, recomendo que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens” (1 Timóteo 2:1).

Aqui, vemos que a gratidão não é apenas um ato isolado, mas parte integrante de uma vida de oração e relacionamento com Deus.

O Salmo 95:2-3 também nos convida:

“Vamos à presença dele com ações de graças; vamos aclamá-lo com cânticos de louvor. Pois o Senhor é o grande Deus, o grande Rei acima de todos os deuses.”

Essa passagem demonstra que a gratidão nos direciona ao coração de Deus, reconhecendo Sua soberania e bondade. Assim, celebrar um dia para expressar nossa gratidão não é um fardo ou uma imposição, mas uma oportunidade de honrar Aquele que nos sustenta todos os dias.

Não Se Trata de Uma Imposição Cultural

É compreensível que algumas pessoas vejam o Dia de Ação de Graças como algo imposto ou desconectado de nossas raízes. No entanto, a essência dessa celebração está longe de ser um feriado culturalmente limitado. A prática de reservar momentos específicos para agradecer a Deus é tão antiga quanto o povo de Israel. No Antigo Testamento, por exemplo, Deus instituiu festas específicas para que Seu povo lembrasse Suas bênçãos.

A Festa das Semanas, também conhecida como Pentecostes, era uma celebração das colheitas, realizada 50 dias após a Páscoa (Levítico 23:15-21). Esse evento não apenas agradecia a Deus pela provisão material, mas também era um tempo de renovação espiritual, apontando para a libertação do Egito. Assim, momentos reservados para gratidão são bíblicos e têm o objetivo de nos ajudar a reconhecer a mão de Deus em nossa história.

Um Exercício Contra a Ingratidão

A Bíblia também alerta sobre os perigos de um coração ingrato. Em Romanos 1:21, Paulo descreve como a ingratidão é uma das características daqueles que se afastam de Deus:

“Porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças. Antes, os seus pensamentos tornaram-se fúteis e o coração insensato deles obscureceu-se.”

A ausência de gratidão nos endurece, tornando-nos insensíveis às bênçãos diárias que recebemos.

Infelizmente, em nosso dia a dia, muitas vezes nos esquecemos de agradecer. Não oramos como deveríamos, não anotamos nossos pedidos ou bênçãos e, consequentemente, deixamos de reconhecer o agir de Deus em nossas vidas. Separar um dia para refletir sobre isso é uma forma prática de combater a ingratidão e reorientar nossos corações para aquilo que realmente importa.

Por Que Não Um Dia de Gratidão?

Se somos capazes de reservar datas para celebrar aniversários, datas comerciais e até mesmo eventos culturais que muitas vezes não têm um significado profundo, por que não dedicar um dia para reconhecer a bondade de Deus? Não se trata de adotar um feriado por ser “moda” ou porque é popular em outro país, mas de criar oportunidades para refletir sobre a generosidade divina.

Não é necessário que haja um feriado oficial ou que sigamos o modelo norte-americano. O importante é o princípio por trás dessa prática: parar, olhar para trás e agradecer a Deus por Suas misericórdias que se renovam a cada manhã (Lamentações 3:22-23). Quando entendemos que o Dia de Ação de Graças é uma oportunidade e não uma imposição, ele deixa de ser motivo de resistência e se torna um convite para a adoração genuína. Da mesma forma deveríamos considerar outras datas atacadas por alguns cristãos como o Natal, cerimônia de casamento, aniversários, etc. Como o mundo ouve nosso testemunho quando somos os chatos da festa ao invés de aproveitar as oportunidades como a Bíblia nos ensina? Aproveite e leia um artigo sobre nosso comportamento e oportunidade do Natal.

Gratidão Como Testemunho

Além de ser um exercício espiritual, a gratidão também é um poderoso testemunho. Em 1 Tessalonicenses 5:18, Paulo nos exorta:

“Deem graças em todas as circunstâncias, pois esta é a vontade de Deus para vocês em Cristo Jesus.”

Quando expressamos nossa gratidão, mesmo em momentos difíceis, demonstramos ao mundo que confiamos em Deus e reconhecemos Sua soberania.

Celebrar um dia de gratidão, seja de maneira pública ou privada, pode ser uma oportunidade de mostrar às pessoas ao nosso redor a diferença que a fé em Cristo faz em nossas vidas. Em um mundo tão marcado por queixas e insatisfação, um coração agradecido é um testemunho vivo do Evangelho.

Gratidão Não Se Limita a Um Dia

Vale ressaltar que o Dia de Ação de Graças não substitui a prática de gratidão diária. Pelo contrário, ele pode ser um marco que nos lembra de sermos gratos sempre. Assim como um aniversário não anula a importância do relacionamento diário, uma data especial dedicada à gratidão não substitui nosso compromisso contínuo de louvar a Deus.

O importante é que nossa gratidão seja genuína e constante. Podemos lembrar das palavras de Davi no Salmo 103:

“Bendiga o Senhor a minha alma! Não esqueça de nenhuma de suas bênçãos!”

Um dia especial nos ajuda a cumprir essa recomendação e nos ensina a olhar para as bênçãos passadas com gratidão, enquanto confiamos no futuro com esperança.

Um Convite à Unidade e Reflexão

Para aqueles que ainda estão reticentes, vale lembrar que a Bíblia nos chama à unidade. Em Romanos 14:5-6, Paulo ensina:

“Há quem considere um dia mais sagrado que outro; há quem considere iguais todos os dias. Cada um deve estar plenamente convicto em sua própria mente. Quem considera um dia especial, assim o faz para o Senhor.”

Se alguém escolhe celebrar o Dia de Ação de Graças, que o faça para a glória de Deus. Se outros não se sentem à vontade, que isso também seja respeitado, desde que haja sinceridade em ambas as posturas.

Mais do que discutir sobre o valor ou a origem de um dia específico, somos chamados a viver em paz e amor. O Dia de Ação de Graças, ou outra data com motivos nobres quaisquer, para quem escolhe celebrá-lo, deve ser uma oportunidade de edificação, e não de divisões.

Nossos irmãos americanos e canadenses celebram esta data. Se nós simplesmente condenarmos esta prática, estamos então, julgando e sentenciando nossos irmãos por uma data em que tradicionalmente reunem-se as famílias, cristãs ou não, e agradecem pelas bênçãos dadas por Deus. Nossos irmãos certamente aproveitam esta oportunidade para, de todas as formas, testemunhar sobre Deus a corações que se abrem para agradecer a Ele que tem sido, certamente, tão misericordioso.

Conclusão: Gratidão Sempre

Portanto, celebrar ou não o Dia de Ação de Graças não é o ponto principal. O que importa é termos corações agradecidos, reconhecendo que tudo o que temos vem de Deus. Seja em um dia específico ou diariamente, que possamos seguir a orientação de Colossenses 3:17:

“E tudo o que fizerem, seja em palavra ou em ação, façam-no em nome do Senhor Jesus, dando por meio dele graças a Deus Pai.”

Que esta data seja uma oportunidade de refletir, agradecer e renovar nosso compromisso com Aquele que nos dá vida, sustento e salvação. Afinal, não importa o dia: a gratidão é sempre uma resposta adequada ao amor de Deus.

Agradeço em 2024 por minha esposa maravilhosa, pelos meus filhos Daniel e Bárbara, pelo filho deles (meu neto) Jonatas, agradeço pelos meus pais que idosos ainda me abençoam como me abençoaram quando compartilharam comigo a fé e mudaram minha vida. Agradeço pela vida do meu irmão Edinho e pala vida da Tita. Obrigado Senhor pela Thaís e pelo Nilton e agradeço pelos meus amigos/irmãos João Mendes, Silene, Sérgio Almeida, Ailton, Helgir, Daniel Morgan, Allen Dutton Jr., Paulo Ros, Valdir Silva, Mauro Francisco e Raniere Vieira e pela tua igreja em Atibaia todos os meus irmãos com quem mantenho comunhão. Em tudo dou graças em nome de Jesus.