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Falar onde a Bíblia fala

Falar Onde a Bíblia Fala

Com a Bíblia aprendemos que devemos falar onde ela fala. Pedro disse isso “se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus” (1 Pe 4:11). Aprendemos com o tempo, a história e as tradições, o perigo disso. Veja abaixo o que aconteceu na história quando, mais uma vez, o homem tentou ajudar a Deus.

No livro História da Igreja Cristã de Williston Walker, ele menciona o uso do termo “católico” que significa “universal” em um contexto histórico bem interessante.

Walker explica que a palavra começou a ser usada no século II para se referir à igreja verdadeira e universal — em contraste com os grupos heréticos que surgiam naquela época. O termo aparece pela primeira vez de forma registrada em uma carta de Inácio de Antioquia, por volta de 110 d.C., onde ele diz:

“Onde estiver Jesus Cristo, ali estará a Igreja Católica.”

Nesse sentido, “católico” não significava ainda o que hoje entendemos por Igreja Católica Romana. Era mais uma forma de diferenciar a fé comum, apostólica e ortodoxa das seitas e movimentos considerados desviantes da doutrina original. Note-se que aparece numa carta, não numa das cartas da Bíblia.

Mais tarde, à medida que a igreja foi se estruturando e o bispo de Roma ganhou destaque (tornou-se o papa), o termo “católico” passou a ser mais associado à igreja liderada por Roma, especialmente após os cismas (as divisões da igreja católica – Existem cerca de 20 igrejas católicas orientais unidas a Roma. Diversas igrejas católicas independentes, como a brasileira).

A ideia de uma igreja “universal” estava lá em essência ou na intenção de Inácio de Antioquia, como no conceito de um só corpo em Cristo (como em Efésios 4:4–6), mas a palavra “católica” como título ou adjetivo ainda não era usada. Por ter sido uma palavra não Bíblica adotada, ganhou força, foi envolvida pela tradição religiosa humana e tornou-se o que nós conhecemos hoje.

A Palavra de Deus é Sagradas e nós devemos ter um olhar reflexivo sobre a comunicação bíblica e os limites da interpretação humana.

A Essência da Comunicação Divina

Quando pensamos em comunicação, logo imaginamos conversas do dia a dia, redes sociais, debates e até mal-entendidos. Mas e quando a comunicação vem do próprio Deus? A Bíblia se apresenta como esse canal sagrado, onde cada palavra tem peso, intenção e direção. Não é apenas um livro antigo, mas um marco na relação entre o Criador e suas criaturas.

Jesus afirmou: “As palavras que eu lhes disse são espírito e vida” (João 6:63). Isso mostra que não se trata de qualquer conversa, mas de uma mensagem viva, que atravessa séculos e fala ao coração de quem busca entender o mundo e a verdade.

Por outro lado, a história mostra que, muitas vezes, a mensagem original foi sobreposta por tradições e interpretações humanas. O apóstolo Paulo já alertava: “Não ultrapassem o que está escrito” (1 Coríntios 4:6). Ou seja, há um convite para voltarmos ao texto, ouvindo o que ele realmente diz, sem acrescentar ou tirar nada. Esse é o desafio: restaurar o sentido puro da Palavra, sem as distorções que a religiosidade pode trazer.

Os Perigos da Linguagem Não Bíblica

É fácil cair na armadilha de usar palavras bonitas, conceitos filosóficos ou expressões populares para explicar a fé. Mas será que isso não pode nos afastar do que realmente importa? A história da igreja está cheia de exemplos em que termos estranhos às Escrituras deram origem a doutrinas confusas e divisões desnecessárias.

Quando usamos vocabulário que não aparece na Bíblia, corremos o risco de criar barreiras ao invés de pontes. Jesus foi direto ao ponto: “A tua palavra é a verdade” (João 17:17). Isso nos desafia a sermos cuidadosos, escolhendo nossas palavras com responsabilidade e respeito. Não se trata de ser “chato” ou “literalista”, mas de honrar a mensagem original, evitando interpretações que possam desviar do propósito divino.

Assim, cada termo usado no contexto da fé deve ser avaliado com honestidade. A precisão não é um capricho, mas um compromisso com a integridade da revelação de Deus. Afinal, se a Palavra é luz para o nosso caminho (Salmo 119:105), não podemos permitir que sombras humanas obscureçam seu brilho.

Equilíbrio entre Reverência e Liberdade Interpretativa

Buscar fidelidade ao texto bíblico não significa criar um novo legalismo ou uma tradição inflexível. O próprio Espírito Santo atua para iluminar e aplicar a Palavra em diferentes contextos e épocas. O segredo está no equilíbrio: reverência ao texto, abertura ao diálogo e humildade diante dos mistérios que não compreendemos totalmente.

É preciso reconhecer os limites da nossa compreensão. Como diz o profeta Isaías: “Os meus pensamentos não são os pensamentos de vocês” (Isaías 55:8). Ou seja, há coisas que só Deus entende plenamente. Por isso, nossa postura deve ser de respeito, mas também de liberdade para perguntar, aprender e crescer.

A Bíblia é a referência máxima, mas não um livro de respostas prontas para todas as perguntas modernas. O desafio é ouvir sua voz, discernir o que é essencial e não transformar a busca por precisão em mais uma tradição que nos afasta do verdadeiro relacionamento com Deus.

Conclusão

Entender a Bíblia é a palavra final, não uma mera sugestão. Falar onde ela fala e silenciar onde ela se cala não é um fardo, mas um convite à humildade e ao crescimento espiritual. O mais importante é manter o coração aberto, disposto a aprender, corrigir e compartilhar a fé de forma autêntica.

Que possamos valorizar a Palavra Sagrada, evitando tanto os excessos das tradições humanas quanto o medo de dialogar e buscar entendimento. Assim, nossa comunicação sobre Deus será mais verdadeira, relevante e transformadora para o mundo à nossa volta.

Ainda hoje faz sentido a frase: “Falar onde a Bíblia fala, calar onde ela cala”.

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