“Certo samaritano, que seguia o seu caminho, passou perto do homem e, vendo-o, compadeceu-se dele.” – Lucas 10:33
A história do bom samaritano, que prestou socorro ao judeu, é tocante, terna e cheia de boas lições.
Começo dizendo que entendo a atitude do sacerdote e do levita. Olhemos a frase que se refere a eles: “vendo aquele homem, passou de largo”.
Se eu não entendesse esses dois homens, estaria me condenando e agindo com hipocrisia. Quantas vezes já aconteceu de “não querermos nos envolver”, ou “não querermos nos meter”, ou até pensarmos “puxa, estou ocupado”? Quantas vezes não passamos de largo diante de pessoas que precisam de ajuda, porque, se parássemos, isso tomaria muito do nosso tempo?
Lembremo-nos de que o samaritano parou sua vida, suas atividades e suas conveniências por quase um dia para envolver-se na vida daquele homem que precisava. Não estou justificando a atitude do levita e do sacerdote, mas reflito sobre minha própria vida e me lembro de situações em que não quis me envolver.
A frase que se refere ao samaritano é comovente: “passou perto do homem e, vendo-o, compadeceu-se dele”. Algumas versões trazem a expressão “teve pena dele”, o que não acho adequado. Ter pena, pelo menos para mim, transmite a ideia de um superior tendo algum bom sentimento por um inferior.
Compadecer-se, na minha maneira de pensar, é diferente. É abaixar-se à condição do outro, colocar-se como um igual e imaginar-se naquela situação, chegando a sofrer as dores do outro. É ser empático e pensar no que gostaríamos que alguém nos fizesse, caso estivéssemos naquela condição.
Compadecer-se é algo divino. Quando o fazemos, nos aproximamos da maneira de agir de Deus para conosco. Na Bíblia, quantas vezes Jesus se compadeceu das pessoas?
“E Jesus, profundamente compadecido, estendeu a mão, tocou nele e disse: — Quero, sim. Fique limpo!” – Marcos 1:41
Aqui vemos Jesus diante do clamor de um leproso: “Um leproso se aproximou de Jesus e lhe pediu, de joelhos: — Se o senhor quiser, pode me purificar.” – Marcos 1:40
Outro exemplo: “Ao ver as multidões, Jesus se compadeceu delas, porque estavam aflitas e exaustas, como ovelhas que não têm pastor.” – Mateus 9:36
Voltando ao texto de Lucas, após relatar que o samaritano se compadeceu, vejamos a sua próxima ação: “E, aproximando-se…”
Lembro de situações em que as pessoas sentiram empatia, mas ficou apenas no sentimento. A verdadeira compaixão por quem sofre nos leva a verbos de ação, como no caso dessa história: “Fez curativos nos ferimentos dele, aplicando-lhes óleo e vinho. Depois, colocou aquele homem sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e tratou dele.” (Lucas 10:34)
O amor verdadeiro, motivado pela compaixão, não fica restrito ao sentimento; ele nos move a agir. O amor custa caro.
Quando agimos assim, como já disse, agimos como Deus, que fez o mesmo por cada um de nós. Ele viu nossa situação desesperadora: escravos do pecado, fracos, compadeceu-se, aproximou-se de nós na pessoa de Jesus e agiu em nosso favor. “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós.” (João 1:14a)
“Porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios.” – Romanos 5:6
“Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós quando ainda éramos pecadores.” – Romanos 5:8
O samaritano, nessa história, de forma alegórica, representa Jesus, e o homem caído nos representa, todos nós, que estávamos caídos na estrada ante o poder do salteador, Satanás, e éramos escravos dos nossos próprios pecados.
O levita e o sacerdote representam a religião fria, cheia de rituais, mas que se mantém distante e não quer envolver-se com as pessoas.
Que bela história e que grande ensino nos traz essa parábola contada por Jesus! Representa a história de amor de Deus por nós, mas também pode representar pequenas histórias diárias, nas quais nos deparamos com pessoas caídas no caminho. Podemos até sentir empatia, mas, se somos de Jesus, precisamos ir além e tomar uma atitude. Precisamos praticar o verbo: “E, aproximando-se…”