Por que alguém escolheria viver assim? A pergunta pode surgir naturalmente ao olhar de forma numa e crua a função que descreve com tanta clareza a vida de um evangelista. Não é uma descrição romântica ou idealizada, mas realista, dura até. Mesmo assim, há algo ali que vai além do sofrimento — há um chamado, uma paixão, um amor tão profundo pelo próximo que não permite recuo.
Se você está buscando entender a fé, a esperança e a vida, talvez a história da vida de evangelista te toque. Porque ser evangelista não é apenas um ofício ou uma função na igreja. É um estilo de vida. É olhar para as pessoas como Jesus olhou: com compaixão, misericórdia e desejo de salvação.
A Solidão no Meio da Multidão
O evangelista vive cercado de gente. Anda entre multidões, prega, ensina, abraça, ora, chora com os que choram. Mas muitas vezes, sua alma permanece solitária. Quem cuida do cuidador? Quem abraça quem sempre está abrindo os braços?
Isso lembra muito a jornada de Jesus. Ele andava entre discípulos, curava multidões, alimentava famintos, confortava aflitos — mas, no final do dia, muitas vezes estava só. Na cruz, especialmente, gritou: “Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?” (Mateus 27:46). Até mesmo o Filho de Deus experimentou solidão por amor ao mundo.
O evangelista também carrega esse peso. Ele ama sem esperar retorno. Se importa com todos, mesmo quando ninguém se importa consigo. Qual foi a última vez que você visitou o evangelista, não para pedir algo, mas para orar por ele e realmente porque queria ofertar alguma coisa ao invés de tirar algum proveito?
O evangelista é aquele que é chamado a qualquer horário para resolver problemas com vícios, problemas conjugais, quando há um acidente ou um óbito. Ele atendo como se entendesse de tudo. Se desdobra porque pensa em servir ao Senhor.
O Peso das Expectativas e o Dedo Acusador
Há uma frase dura que expressa a realidade: “Quando alguém fracassa ele estende a mão para levantar, mas se ele fracassar, apontam o dedo para acusá-lo.”
Essa é uma realidade dolorosa. Muitas vezes, esperamos dos que pregam o evangelho uma perfeição impossível. E quando eles tropeçam — porque são humanos também — em vez de ajudá-los, julgamos. Em vez de restaurá-los, condenamos.
Mas Paulo escreveu aos gálatas: “Irmãos, se um homem for surpreendido em algum pecado, vocês, que são espirituais, devem restaurá-lo com espírito de gentileza; e cuide-se cada um para não ser também tentado.” (Gálatas 6:1). Quem é que espiritual para restaurar um evangelista que caiu?
O verdadeiro evangelista não é perfeito. É alguém que, mesmo caindo, levanta, arrepende-se, pede perdão, e continua caminhando. E aqueles que estão ao seu redor precisam aprender a agir com graça, não com hipocrisia.
Se a igreja cresce, graças a Deus que deu o crescimento e é verdade. No entanto, Deus não dá crescimento se não há quem plante e não há quem regue. Claro que Deus é quem dá forças aos evangelistas, mas se a igreja sofre, luta e até decresce, culpa do evangelista. Se há vitória ele não é merecedor de honra.
O Ombro Que Consola, Mas Nunca Encontra Conforto
“Ele é o ombro amigo para quem chora, mas quando ele chora, só encontra o chão para consolá-lo.”
Quantos pastoreadores, missionários, líderes, pregadores têm chorado sozinhos nos cantos escuros de seus quartos, sem ninguém para ouvir? Quantos já sentiram o coração partir e não tiveram com quem desabafar?
Esse é um retrato vívido da condição humana. Mas também ecoa o Salmo 34:18: “O Senhor está perto dos de coração quebrantado e salva os de espírito abatido.”
Mesmo que os homens falhem, Deus não falha. Mesmo que os braços humanos se fechem, o Senhor abre os Seus. E muitas vezes, é nessa solidão que o evangelista mais sente a presença de Deus.
Abençoar Mesmo Quando São Julgados
Eis outra face difícil: “Ser evangelista é abençoar e se alegrar com a prosperidade de todos, mas se ele prosperar, é ladrão.”
É estranho como alguns parecem torcer pelos outros, desde que eles mesmos estejam bem. Mas quando o próprio mensageiro da Boa Nova prospera — financeiramente, emocionalmente, espiritualmente — muitos o questionam. “Como assim ele tem carro bom?”, “Como assim ele mora num lugar bonito?”, “Não deveria ser pobre como os pobres?”
Essa visão, embora comum, não reflete a Palavra de Deus. Jesus mesmo disse: “Ninguém é profeta sem honra, senão na sua terra e na sua casa.” (Mateus 13:57) Muitas vezes, justamente aqueles que mais amamos são os primeiros a duvidar de nós.
Mas o evangelista segue em frente. Continua abençoando. Continua orando. Continua servindo, mesmo que seja mal interpretado.
Muitos acreditam que o evangelista não deveria tirar férias porque o diabo não tira férias. Não se lembram que o diabo não tira férias e por isso que a vida dele é um inferno. O evangelista é merecedor de férias, 13º (não é extra, é direito), registro na carteira, plano de saúde, salário dobrado e não deve seguir o exemplo de satanás que nunca tira férias.
Um Chamado de Amor Maior
Apesar de tudo isso, o evangelista não desiste. Por quê? Porque ele viu algo maior. Ele viu almas sendo transformadas. Viu pessoas libertas, curadas, reconciliadas com Deus. Sentiu o peso da eternidade sobre si e decidiu investir sua vida naquilo que realmente importa. Porque ele serve ao Senhor. O motor do evangelista é a fé, a esperança e o amor.
Paulo, o grande evangelista do Novo Testamento, sabia exatamente o que era sofrer por causa do evangelho. Em 2 Coríntios 11, ele lista todas as dificuldades pelas quais passou: prisões, açoites, naufrágios, fome, frio… Mas mesmo assim, ele diz: “Por isso me deleito nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por Cristo. Pois quando sou fraco, então é que sou forte.” (2 Coríntios 12:10)
A força do evangelista não está em si mesmo, mas no poder de Deus que o sustenta.
Como Compartilhar a Fé Nesse Mundo Tão Difícil?
Talvez você não seja um evangelista oficial, mas certamente foi chamado a compartilhar a fé e sofra as mesmas coisas que os evangelistas sofrem. Talvez tenha medo de falar de Deus porque vê tantas feridas na Igreja, tantas contradições na vida de alguns cristãos.
Mas saiba que a mensagem é maior que os mensageiros. O evangelho é mais forte que nossas falhas, é o poder de Deus para salvar o mundo. E o amor de Deus transborda mesmo através de vasos frágeis.
Você pode começar pequeno. Com uma palavra de esperança. Com uma oração sincera. Com um gesto de amor. E, talvez, um dia, perceberá que está vivendo aquilo que antes parecia impossível: amar sem esperar nada em troca.
Conclusão: A Beleza de Uma Vida Dedicada
Ser evangelista é seguir um chamado que não promete conforto, mas oferece significado. É caminhar por veredas difíceis, mas com a certeza de que cada passo vale a pena. É viver com as mãos abertas, mesmo quando o mundo as aperta.
No fim, não será o reconhecimento humano que importará, mas a voz de Jesus dizendo: “Bem-feito, servo bom e fiel!” (Mateus 25:21)
E se você ainda procura sentido para a vida, talvez essa seja uma direção: amar, servir, anunciar. Mesmo que doa. Mesmo que ninguém entenda. Porque o reino de Deus cresce, não pela força, mas pelo amor.
De experiência própria: despedido sem nenhum direito, sem nunca ter recebido um 13º, férias, sem seguro de saúde, sem seguro desemprego, sem uma casa para morar, sem direito algum e sentindo humilhado e obrigado a agradecer ou pedir desculpas por ter recebido um chute e estar de costas, esposa depressiva tomando remédio para dormir, filho revoltado com o tratamento da igreja para com aquele que a pouco tempo diziam ser irmão. Deus nunca vai te abandonar, esquecer de você e a recompensa durável e verdadeira está lá. Ainda aqui nesta terra, Ele será fiel, não há ninguém que tenha falado para centenas de pessoas, ouvido por uma dúzia respondido o evangelho que tenha abandonado sua carreira, família, ficará sem recompensa, inclusive nessa terra. Há uma palavra poderosa que dará repouso e esperança:
“Porque Deus não é injusto para ficar esquecido do vosso trabalho e do amor que evidenciastes para com o seu nome, pois servistes e ainda servis aos santos” Hebreus 6:10
Mantenha a fé, a esperança e o amor. Nunca será em vão…