Era uma manhã de domingo ensolarado e a Escola Dominical foi muito proveitosa, o culto foi incrível, como sempre. No pátio, as despedidas, os encontros marcados para a tarde e noite, os “Até logo”.
Alguém, chegando tardiamente, encontrou com Dona Flora no portão:
– O culto já terminou, irmã? – perguntou a pessoa.
– No prédio da igreja já – respondeu ela – Agora vamos continuá-lo em casa.
Depois de termos cantado, orado, participado da ceia e da coleta, ouvimos a pregação, cantamos um pouco mais. Levanta-se um irmão e faz alguns avisos e anuncia “a oração final” do culto. Quem disse que o culto acabou? Não podemos anunciar a oração final, porque o domingo é o primeiro dia da semana e devemos estar no começo de mais uma semana de louvor a Deus.
Ouvi recentemente alguém dizer o seguinte sobre o culto:
– A verdadeira adoração começa na segunda.
Digo que começa realmente depois do culto, quando nos dirigimos para onde quer que vamos depois do encontro com a igreja.
Ainda no Domingo é muito fácil se dizer discípulo de Cristo e ter aquele dia de adoração, mas só por aquele momento em que estamos reunidos. Muitas vezes já pecamos no trajeto de casa até o local de reuniões ou para casa, se é que também não pecamos durante o próprio culto. Nunca aconteceu com você de alguém estar dirigindo devagar à sua frente no domingo? De alguma coisa que tenha acontecido em casa e te tirou do sério? Da atitude de alguém da família que talvez não dê tanta importância para o horário e tirou você do sério? Talvez seja você mesmo essa pessoa… A verdadeira adoração não é a reunião da igreja somente, é o que acontece depois. Quem é você em casa depois da reunião da igreja? Quem é você na escola, no trabalho, na rua, na festa da família, no almoço com os parentes e amigos? Você que toma a ceia do Senhor, como se comporta quando se levanta da mesa em que Jesus está presente? Quem você é, representa o que as pessoas pensam de Jesus, já pensou?
“E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai.” (Colossenses 3:17)
Geralmente, os avisos vêm juntos com pedidos de oração. Se os avisos não fazem parte do culto, então esses pedidos de oração também não fazem. Tudo o que fazemos, seja em ação e palavra, deve ser adoração a Deus, então o culto não termina com uma oração. E AVISOS FAZEM PARTE DO CULTO A DEUS, SIM! Quem é que disse que não? E de onde vem essa ideia? Bem, estou aqui dando a minha opinião, pensando que tudo o que fizermos deve ser feito em nome de Jesus. No entanto, as regas talvez venham daqueles mesmos que criam regras e mais regras e deixam a Bíblia de lado. Quanto a isso, a Bíblia fala:
“Se morrestes com Cristo para os rudimentos do mundo, por que, como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a ordenanças: não manuseies isto, não proves aquilo, não toques aquilo outro, segundo os preceitos e doutrinas dos homens? Pois que todas estas coisas, com o uso, se destroem. Tais coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético; todavia, não têm valor algum contra a sensualidade.” (Cl 2:19-23)
Não devemos permitir nossa natureza humana começar a criar regras e mais regras legalistas. Assim como a igreja do Novo Testamento, sigamos os ensinamentos de Jesus e dos apóstolos. Vamos tomar como exemplo uma questão séria do passado. A circuncisão e a obediência à lei de Moisés, foi levantada por irmãos (fariseus que se batizaram), então Pedro, inspirado pelo Espírito Santo disse:
“Então, se reuniram os apóstolos e os presbíteros para examinar a questão. Havendo grande debate, Pedro tomou a palavra e lhes disse: Irmãos, vós sabeis que, desde há muito, Deus me escolheu dentre vós para que, por meu intermédio, ouvissem os gentios a palavra do evangelho e cressem. Ora, Deus, que conhece os corações, lhes deu testemunho, concedendo o Espírito Santo a eles, como também a nós nos concedera. E não estabeleceu distinção alguma entre nós e eles, purificando-lhes pela fé o coração. Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais puderam suportar, nem nós? Mas cremos que fomos salvos pela graça do Senhor Jesus, como também aqueles o foram.” (Atos 15:6-11)
Isto é o que são criação de regras e mais regras: ‘Por que agora vocês querem colocar Deus à prova, pondo sobre os ombros dos discípulos uma carga que nem nós nem nossos antepassados fomos capazes de carregar?” (Atos 15:10 – Versão Fácil de Ler).
Basicamente estou tentando dizer neste artigo que não devemos criar regras baseada em opiniões pessoais e dizer que é assim que devemos proceder para agradar a Deus e ainda impor isso como doutrina para colocar nos ombros dos irmãos. Opiniões são exatamente isso: opiniões. Não temos um livro na Bíblia chamado “Eu Acho”.
Agora, se uma congregação inteira concorda em fazer de um jeito, sem que isso seja uma regra imposta a todos, sem julgar e condenar quem não o faz (Rm 14:6), também concordo. Se decidirem não ter avisos, não tem problema, mas isso não tem nada a ver com a doutrina, fé, ensino bíblico ou tradição dos apóstolos. É APENAS UMA OPINIÃO. Se alguém coloca sua opinião e vai se ofender se for feito o contrário, eu ‘daria o braço a torcer’ (Rm 14:1), enquanto o irmão amadurece para o reino de Deus, porque o reino de Deus não são opiniões ou coisas materiais. Apesar de Romanos 14 falar sobre opiniões sobre o que devemos ou não comer, isso pode se aplicar a questões de opiniões na igreja e na vida. O conceito principal é manter a paz no reino de Deus, a igreja (Rm 14:17).
Ter avisos no culto é questão de opinião tanto quanto o que devemos ou não cantar, que roupa vestir, se tomamos a ceia num só cálice, se ficamos em pé ou se ajoelhamos, se cantamos sentados, se podemos ter café ou água, etc. Não deixemos que opiniões sejam as regras a seguir, mas que a Palavra de Deus que nos ensina a amar a Deus e ao próximo como Jesus ama seja praticada mesmo com sacrifícios. Se alguém impor sua opinião, devemos orar pelo irmão ou irmã para que não percam o foco.
Quero terminar com um trecho de Romanos 14.
“Foi por isso que Cristo morreu e ressuscitou da morte para tornar a viver. Cristo fez isto para ser o Senhor de todos, tanto dos mortos como dos vivos. Por que você condena aquele que é seu irmão? E você, por outro lado, por que despreza seu irmão cuja fé é fraca? Todos nós vamos nos apresentar diante de Deus e ele nos julgará. Como dizem as Escrituras: “O Senhor diz: ‘Todos ficarão de joelhos diante de mim, e todos dirão que eu sou Deus. Juro pela minha vida que estas coisas vão acontecer’”. Assim, cada um de nós terá que prestar contas a Deus daquilo que fez. Se vivemos, vivemos para o Senhor. Se morremos, morremos para o Senhor. Então tanto na vida como na morte, pertencemos ao Senhor. ‘ (Romanos 14:8-12)
Se avisos não fazem parte do culto, não deveria ter uma oração logo no final dos avisos. Por que oram? Pelo mesmo motivo que se ora quando se consegue um emprego, se reconhece uma bênção ou tem uma enfermidade. Em tudo devemos dar graças e tudo é motivo de adoração ao Senhor.
Finalmente, é preciso ter bom senso sobre o que é um aviso pertinente para a igreja. A igreja precisa ter servos qualificados escolhidos para esta função, para que façam uma triagem e filtrem sobre o que vai ser anunciado no púlpito. Admitindo que, mesmo que não seja perfeito, dependemos da vontade de Deus e, se Deus está no controle da sua igreja e está, nada acontece por acaso. Raramente ouvi algum aviso inadequado e nós podemos suportar, em amor, alguma inconveniência em prol do fortalecimento daquele que ainda não cresceu à estatura de Cristo.
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