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O Pacto

O Pacto

Samuel, já era idoso e respeitado pela igreja. Era evangelista há alguns anos. Já tinha enfrentado muitas situações com a igreja e pela graça de Deus, pensava ele consigo mesmo, sempre conseguiu manter a igreja reunida.

Desta vez estava sentindo que o problema poderia agravar-se ainda mais por conta de algumas discussões que começaram no grupo de WhatsApp da igreja. Em sua experiência sabia que não devia se pronunciar muito pelo grupo da igreja porque sempre é uma comunicação delicada a comunicação à distância. Lembrava de uma comunicação da sua esposa com um primo dela em outra cidade. Eles tinham ido visitar e se hospedaram na casa de irmãos e o primo questionou o porque, pois tinha família na cidade e tinham se hospedado em outro lugar. A comunicação começou a desvirtuar quando o primo, sabiamente, disse numa mensagem:

– Prima, vamos conversar pessoalmente, esse negócio de conversar por mensagem pode dar muito problema.

Desde aquele dia em diante, ele aprendeu a resolver as coisas de uma forma diferente e evitar mensagens à distância em assuntos importantes.

Samuel chegou mais cedo e sabia que o problema já estava instalado. O grupo da igreja estava silencioso como se houvesse uma espera por uma solução ou um receio de alguém se manifestar. Ao abrir a porta do prédio da igreja encontrou um envelope que deveria ter sido deixado por baixo da porta. Pegou o envelope e foi para o seu escritório. Sentou-se enquanto abria o envelope e orava ao mesmo tempo enquanto lia uma carta. A carta era de um membro da igreja que havia saído recentemente, citando a falta de amor entre os membros do corpo da igreja. Samuel ficou profundamente triste.

– Senhor, nosso Cordeiro de Deus, nós pedimos que nos guie através deste momento difícil como já fez tantas vezes. – orava Samuel, e continuou: – Nos ensine como amar um ao outro, tal como Jesus nos amou. – Lembrou-se de João 13:34 imediatamente. – Em nome de Jesus, amém…

A carta dizia:

– Samuel, você sabe que eu tenho um profundo respeito por você, mas não é esta a igreja que eu quero para os meus filhos e netos quando eles chegarem. Vejo você tentando e fazendo sacrifícios para unir a congregação, mas falta amor na igreja e você sabe disso. As mulheres acham que mandam em tudo e, se elas não fizerem mesmo, nada seria feito, por isso elas tem tido muito poder e isto não está certo. Admiro a atitude delas e sei que também sou parte do problema.

– Nós homens estamos deixando as coisas acontecerem e alguém tem que fazer, sobrecarregamos, assim, as mulheres. Nós homens não temos nem sequer amizade entre nós, por isso não temos também amor entre nós. Quando um fala, é realmente um corajoso, viu… pois fala com medo da oposição.

– A igreja deveria estar sendo dirigida por dons e não por quem tem mais argumentos ou fala mais alto e sem receio de magoar os irmãos e o dom supremo é o amor.

– Como eu não tenho a solução e nem estou disposto a lutar por algum poder, me retiro. Numa luta eu perco, porque a igreja, como aprendi e a gente até ouve nos domingos no púlpito, não é disputa por poder, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.

– Com amor em Cristo, Antonio

Samuel não perdeu tempo e marcou um encontro com Antonio para saber mais sobre o conteúdo da carta. Foi uma conversa amistosa e relativamente longa. Antonio expressou todas as vezes que foi tratado sem amor e porque estava desistindo de frequentar e levar a sua família para a igreja. Samuel foi só para ouvir, sem julgar ou condenar, mas para entender os motivos de perder mais uma família. Parecia um filme que ele já tinha visto antes…

Cenas no Salão da Igreja na Escola Dominical

Samuel, no próximo domingo, durante a Escola Dominical sentiu aquele clima pesado e não ia conseguir dar continuidade ao seu tema sobre a igreja verdadeira. Não fazia sentido falar sobre outro assunto sem abordar aquela questão. Foi ali mesmo com todos os membros da igreja que começou a discutir o problema e encontrar soluções. Durante a reunião, ele compartilhou a carta que recebeu e pediu aos presentes para compartilharem seus sentimentos sobre a situação atual da igreja.

Maria era uma irmã que tinha aceito Jesus alguns meses atrás e ela disse:

– Eu acredito que o problema é que nós não amamos um ao outro como devemos. Por causa dos acontecimentos, comecei a ler a Bíblia e procurar referências que me ensinassem e li 1º João capítulo 4 versísculos 7 e 8 que diz: “Amados, amemo-nos uns aos outros, pois o amor procede de Deus. Aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor”. Estou cansada de ver a divisão e o mal entre nós e olha que eu não estou aqui há muito tempo.

– Eu concordo com Maria – Disse Pedro, e continuou: Nós precisamos voltar às nossas raízes, lembrar-nos do amor que Jesus nos ensinou quando disse: “O meu mandamento é este: amem-se uns aos outros como eu os amei” no evangelho de João capítulo 15 versículo 12.

Samuel não só não conseguiu nem sequer entrar no assunto da série de aulas que estava dando na Escola Dominical como ficou o resto da manhã, antes do culto, ouvindo os irmãos falarem. Esta foi uma decisão muito sábia, pois ele conseguiu ver a profundidade do problema e ao mesmo tempo notou a preocupação da igreja e cada um tinha um trecho da Bíblia para citar e isso foi também instruindo uns aos outros. Ele até teve que interromper as pessoas dizendo:

– Muito bem, irmãos, vamos continuar conversando outro tempo, pois precisamos nos preparar para o culto,

Aquele culto o clima estava mais leve, a adoração mais centrada e, propositadamente, o regente escolheu vários cânticos sobre amor fraternal. Os irmãos expantanêamente se abraçavam e um grupo de irmãos até cantou outros cânticos abraçados.

No Jardim do prédio da Igreja

Samuel e alguns membros da liderança mais envolvidos decidiram reunir-se no jardim para orar, conversar e para que Samuel pudesse atualizar os irmãos dos últimos acontecimentos e discutir como puderem reavivar o amor entre os membros. Durante a conversa, eles reconheceram que eles mesmos não tinham o exemplo para dar para a igreja. Raramente se encontravam a não ser para apagar algum incêndio na igreja, sito é, eram os últimos a saber do rebanho de Deus e não estavam fazendo o trabalho como convinha. Concordaram que precisavam fazer um pacto de amar um ao outro sem condições.

Fred era um homem que tinha conhecido a igreja através dos seus pais. Ainda na infância, lembrava ele, conheceu o amor de Cristo e isto mudou a sua vida e agora era hora dele replicar, mas coimo? Decidiram marcar alguns encontros entre eles para orar e lerem a Palavra de Deus sobre o amor fraternal que precisavam construir na igreja.

Toda semana um deles trazia uma referência bíblica e uma meditação sobre o amor fraternal. Fred foi o primeiro na escala para trazer algo na próxima semana.

Os homens chegaram cedo no sábado. Fred nem tinha tanta experiência de falar em público, evitava, se pudesse, mas sentiu que nem precisava nenhuma técnica para compartilhar seus pensamentos naquela manhã. Depois da abertura e duas orações, ele leu:

– Sejam completamente humildes e dóceis, e sejam pacientes, suportando uns aos outros com amor. Façam todo o esforço para conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz. Há um só corpo e um só Espírito, assim como a esperança para a qual vocês foram chamados é uma só; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, que é sobre todos, por meio de todos e em todos. Efésios capítulo 4 versículos 2 ao 6.

Fred sentou-se e o silêncio explicava a leitura por si. Ele nem precisou comentar e começou a orar. Enquanto orava, se emocionou e outros com ele.

Samuel concluiu aquela manhã dizendo:

– Irmãos, vamos unir-nos em um pacto de amor e unidade. Nós prometemos a Deus e uns aos outros que vamos amá-los como Jesus nos amou, sem distinção de raça, idade ou posição e opinião.

Ao que todos disseram: Amém!

O Interior do Templo

Passaram alguns meses e a igreja estava renovada. Os membros se abraçavam, sorriam um ao outro e compartilhavam o amor de Jesus entre si. Samuel recebeu cartas de membros que retornaram à igreja, agradecendo pela mudança e prometendo ser melhores seguidores de Cristo juntos. Inclusive Antonio apareceu num daqueles domingos.

No fim do culto Samuel orou assim:

– Senhor, nós te agradecemos por guiar nossa igreja através deste momento difícil. Nós prometemos amar um ao outro sem condições e mostrar o amor verdadeiro de Jesus a todos que nos rodeiam. Em nome de Jesus, amém.

A cada domingo depois do culto dentro do prédio, continuava com os membros da igreja se reunindo em círculos pequenos, alguns orando juntos e compartilhando o amor de Cristo, outros ficavam horas conversando e alguns promoviam almoço no prédio mesmo. Eles sabiam que ainda teriam desafios, mas agora estão unidos pelo amor verdadeiro que Jesus ensinou: “Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros”.

Samuel não sentia mais que estava lutando sozinho, ele tinha muitas orações de agradecimento a Deus por aqueles problemas que passaram. Estava começando a pensar que tinha sido muito bom enfrentarem aqueles problemas e quase torcia que novos problemas viesse para que outras coisas fossem resolvidas, mas ele estava gostando de ter uma trégua.

A COMUNHÃO COM DEUS NÃO NOS AFASTA DOS IRMÃOS

O tema deste mês de novembro no boletim das igrejas de Cristo em Guarulhos, Amo Jesus, Porque Ele me amou primeiro, é muito importante. O tema é “Construindo no secreto”, através do qual incentivamos os irmãos a buscarem uma intimidade pessoal com Deus no secreto, no quarto, conforme ensino do Senhor Jesus:

“Mas, ao orar, entre no seu quarto e, fechada a porta, ore ao seu Pai, que está em secreto. E o seu Pai, que vê em secreto, lhe dará a recompensa.” – Mateus 6:6

Como um dos editores da publicação, tenho o privilégio de ser o primeiro a ler todos os artigos do boletim e, como sempre acontece, os articulistas esforçaram-se e escreveram a respeito do assunto proposto de forma clara.

Porém, até pela coluna na qual escrevo bimestralmente, “Doutrina Cristã”, aproveitei para corrigir um erro que vejo no mundo religioso, mas também na irmandade, isto é, basta ter comunhão com Deus ou, por ter muita comunhão com Deus, não preciso investir na comunhão com os irmãos em Cristo. Esse é um falso ensino que vejo atingindo alguns irmãos. Há ainda aqueles que acham que comunhão com os irmãos deve se restringir às reuniões como igreja, em especial o culto dominical.

E existem ainda aqueles que defendem reuniões nas suas casas, o que não é antibíblico. Mas torna-se uma falsa doutrina quando a motivação são problemas de relacionamento não resolvidos no corpo de Cristo. Uma espécie de fuga. Até concordo que às vezes o relacionamento no corpo torna-se pesado, somos um peso na vida uns dos outros por causa de nossos pecados e personalidade. Eis aí a razão da Bíblia nos incentivar a perdoar 70 x 7 (Mateus 18:21-22 e Lucas 17:3-4), isto é, sempre termos uma dose de compaixão para com os irmãos em Cristo.

Vejamos alguns ensinos da Palavra:

“Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. “- 1 João 1:9

Já ouvi irmãos afirmando, tomando como base esse texto, que basta confessar seus pecados a Deus e não precisa confessar para pessoa alguma. Ou, então, não precisa compartilhar sua vulnerabilidade com um irmão ou irmã em Cristo. É uma conclusão equivocada e que tem levado muitos a caírem em escândalos no meio do povo de Deus, com pecados que, ao se tornarem públicos, às vezes levam a pessoa, envergonhada ou por medo ser julgada, a deixar o corpo de Cristo. Se tivesse confessado a um irmão maduro a chance de cair teria sido bem menor.

Vejamos o que João diz no mesmo capítulo de sua carta:

“Se andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado. “- 1 João 1:7

Claro que não há necessidade de contar “tudo” aos irmãos e muito menos a qualquer irmão. Precisamos escolher contar para um irmão maduro e espiritual. Mas, certos pecados são colantes (Hebreus 12:1) e viciantes e, sozinhos, apenas orando a Deus, muitas vezes não vamos conseguir vencer sem alguém de “carne e osso” para nos ajudar. Andar na luz é viver de forma transparente, especialmente tendo irmãos que poderão nos ajudar na nossa luta contra o pecado (Hebreus 12:4).

“Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros, para que vocês sejam curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo. “- Tiago 5:16

Eis uma excelente receita de Tiago, inspirado pelo Espírito Santo. Devemos confessar os nossos pecados uns aos outros. Não como faz o mundo religioso, que diz ser necessário uma “autoridade eclesiástica” para nos conceder perdão e prescrever a penitência. Não. Precisamos de irmãos maduros, firmes na fé, bem conscientes de seus próprios pecados (Gálatas 6:1) que, com paciência, firmeza e brandura, possam nos ajudar a vencer, seja pecado, seja aquele momento difícil que estamos passando.

Ao contrário do que diz a religião, não precisamos de uma corrente de oração para Deus nos atender. Ele é poderoso e bom para atender a oração de apenas um filho dele. No entanto, quando oramos juntos, a oração fica ainda mais eficaz, não somente pela ação de Deus em si, mas pelo conforto de sabermos que existem outras pessoas lutando junto conosco em oração (Atos 12:5).

Sim, busquemos o secreto, junto com Deus. Mas que o segredo com Ele e a intimidade com Ele não signifique deixarmos de valorizar a comunhão com nossos irmãos em Cristo, na comunidade quando nos reunimos, mas também em momentos de oração e conversa uns com os outros fora do local das reuniões.

A ideia de confessar somente para Deus pode se tornar uma bem-intencionada, mas falsa doutrina, revestida de espiritualidade. Qualquer ensino que afaste os irmãos, tenhamos certeza, não vem de Deus.



AS MARCAS DO AMOR DE CRISTO

INTRODUÇÃO

Ano de 1989. Havia alguns meses que eu tinha descido às águas após confessar Jesus como Senhor. Naquele época eu morava num barraco de madeira no que era chamado de favela nos anos 80. Minha pequena casa de três cômodos onde eu morava com meus pais e 3 irmãos ficava à margem de um córrego. O córrego também servia como recepiente do esgoto da comunidade. A casa estava precária, torta, bem próxima do córrego, com risco de cair lá durante uma chuva mais forte.

Certa manhã de sábado recebemos a visita de Edson, Antonio e Fábio, irmãos que congregavam comigo na igreja de Jesus no centro da cidade de Guarulhos, ainda hoje a maior das 3 congregações guarulhenses.

Esses irmãos ficaram penalizados com nossa situação. Foram ao depósito de material de construção, compraram caibros, telhas, cimentos, etc e durante aquele sábado inteiro trabalharam duro, deram uma boa ajeitada em nossa moradia, que deixou de ser torta e mais longe do córrego.

Enquanto escrevo essas lembranças, lágrimas insistem em cair dos meus olhos. Sim, havia algums meses, tinha sido marcado pelo amor de Cristo, através de irmãos que me mostraram o caminho da salvação. Agora era marcado pelo amor prático daqueles irmãos na minha vida.

Mais de 3 décadas se passaram e ainda hoje fico emocionado quando lembro dessa história. Hoje Edson congrega conosco na igreja nos Pimentas, há muitos anos não tento contato com Antonio e Fábio, mas, definitivamente, essses irmãos deixaram marcas profundas na minha vida. Marcados por Jesus, eles deixaram naquele sábado profundas marcas de Cristo, não somente em mim, mas em todos os meus familiares.

“Eu lhes dou um novo mandamento: que vocês amem uns aos outros. Assim como eu os amei, que também vocês amem uns aos outros. Nisto todos conhecerão que vocês são meus discípulos: se tiverem amor uns aos outros.” – João 13:34-35

“Ora, a esperança não nos deixa decepcionados, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi dado.” – Romanos 5:5

“O amor é paciente e bondoso. O amor não arde em ciúmes, não se envaidece, não é orgulhoso, não se conduz de forma inconveniente, não busca os seus interesses, não se irrita, não  se ressente do mal. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” – 1 Coríntios 13:4-7

I – O AMOR DEVE SER A MARCA DO CRISTÃO

Edson, Fábio e Antonio – aquela atitude de amor marcou-me e, hoje, mais de 30 anos depois, essas marcas continuam em mim.

Virou chavão entre nós a frase “o amor é a marca do cristão”. De fato, fomos marcados por Cristo, por seu amor na cruz, que nos resgatou, perdoou, abriu as portas dos céus para nós, temos uma viva esperança de vivermos com Deus, todos os dias Ele está presente conosco, somos perdoados diariamente pelo sangue de Cristo.

Mas, temos deixado, como fizeram aqueles irmãos, as marcas de Cristo uns nos outros? Marcados pelo amor de Cristo, temos também marcado as pessoas que conosco convivem com essa mesma marca do amor divino? Gostaria de discorrer sobre algumas marcas que podemos deixar na vida das pessoas que nos rodeiam.

Marca da generosidade e compaixão pelo que sofre ou pelo necessitado.

“Um leproso se aproximou de Jesus e lhe pediu, de joelhos: — Se o senhor quiser, pode me purificar. E Jesus, profundamente compadecido, estendeu a mão, tocou nele e disse: — Quero, sim. Fique limpo!” – Marcos 1:40-41

“Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e compadeceu-se dela, porque eram como ovelhas que não têm pastor. E começou a ensinar-lhes muitas coisas.” – Marcos 6:34

Uma pessoa marcada pelo amor de Cristo se compadece pelo sofrimento dos outros e, por isso, deixa as marcas da compaixão na vida dessa pessoa.

Recordo-me de uma irmã guarulhense, Miriam Rodrigues, falecida há alguns anos. Essa irmã marcou-me profundamente, pois, em grande parte, tudo o que eu sou em termos profissionais devo a ela. Essa irmã acreditou em mim, quando nem eu acreditava e, aos sábados, no seu apartamento, dava aulas de história para um grupo de jovens, nos preparando para o vestibular. Depois, aprovado no vestibular, mas sem condições financeiras para pagar a faculdade, durante um bom tempo essa irmã custeou 50% da mensalidade, buscou uma bolsa de estudos (10% no primeiro ano, 25% no segundo ano, 30% no terceiro ano e 50% no quarto). 

Dia 05 de março, aniversário dessa irmã, faço questão de homenagea-la nas redes socias. Fui até criticado pelo ato, mas, como esquecer alguém que me marcou com o amor de Cristo de tal maneria? Estas marcas perduram até hoje e são inspiração para que eu também tenha generosidade com pessoas que de mim se aproximam. Miriam, David Meadows, Adalto, Fábio, foram irmãos que marcaram com sua generosidade nessa fase difícil de minha vida, ajudando a concluir o curso de Direito, que abriu-me portas em mina vida profissional.

Outro que foi muito generoso comigo foi meu irmão e amigo Vanderlei Calixto, da igreja em Vila Maria. Num momento difícil de minha vida, saia de Vila Maria e, toda quinta-feira de manhã, reservava um tempo para mais me ouvir do que falar. Marca que ficou e me inspira a fazer o mesmo quando alguém de mim precisa. As marcas da compaixão e generosidade de Deus por nós, as marcas das pessoas em nós devem nos fazer distriuir essas marcas em outro.

Marca do cuidado e respeito pela vulnerabilidade do outro

Ora, nós que somos fortes na fé temos de suportar as debilidades dos fracos e não agradar a nós mesmos. Portanto, cada um de nós agrade ao próximo no que é bom para edificação.” – Romanos 15:1-2

“Portanto, acolham uns aos outros, como também Cristo acolheu vocês para a glória de Deus.” – Romanos 15:7

Você já se sentiu cuidado por um irmão em Cristo? Aquele que se preocupou com o momento que você estava vivendo? Ou mesmo com um momento de vulnerabilidade?

Gilnor, irmão que serve comigo como evangelista nos Pimentas, deixou-me uma marca, indo falar comigo em casa numa crise grande que eu vivi. Quantas vezes eu chorei minhas tristezas para Gilnor e sua esposa, Fátima ou mesmo na casa de Jilson e sua esposa, Ducinéia.

Outra irmã, Sônia Barboza, quantas horas ao telefone, essa irmã ouvindo meus lamentos e tristezas, quando passei pela maior crise na vida.

Como é bom quando Donizete liga para mim apenas para perguntar se eu estou bem. Na morte do meu pai fez questão de ir da Praia Grande até Guarulhos, junto com sua esposa Raquel, apenas para me consolar.

Como não lembrar dessas marcas do amor de Cristo deixadas por esses irmãos.

Marcas de deixadas pelo cônjuge

Uma esposa ou marido pode facilitar a vida do cônjuge para que ele não falhe. Quantas vezes Silvia calou-se para que a discussão não tomasse proporções enormes. Lembro com carinho daquela comidinha feita por Silvia, mesmo ela não apreciando, simplesmente porque ela sabe que eu gosto. Aquele cuidado com minha saúde. Já são quase 15 anos de casados e, sabe, quantas marcas do amor de Cristo minha esposa Silvia tem deixado em minha vida, estou repleto das marcas do cuidado, do amor, da valorização da minha esposa.

Marcas do evangelismo

Fiz-me fraco para com os fracos, a fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para com todos, a fim de, por todos os modos, salvar alguns. Tudo faço por causa do evangelho, para ser também participante dele.” – 1 Coríntios 9:22-23

Representar bem Jesus aqui na terra é uma marca profunda que podemos deixar na vida das pessoas ao nosso redor. O amor das pessoas pelo evangelho depende muito da maneira como Jesus é mostrado através de seus representantes. Há uma vídeo gravado no canal da igreja de Cristo nos Pimetnas, Gentileza para ser pescador de gente. Pescar pessoas exige paciência, não desmarcar, não jogar certa verdades no rosto da pessoa, saber receber um não, não desistir jamais daquele que, relutante, está aproximando-se do evangelho. “Tudo faço por amor ao evangelho”.

Lembro das marcas deixadas por Manoel Teixeira, grandes marcas de cuidado, enquanto pacientemente me ensinava o evangelho naquelas tardes de sábado em 1988.

Quando marquei meu estudo bíblico, desisti em seguida e faltei na primeira aula. Não fosse o saudoso David Meadows, que me marcou, ao mandar uma carta para mim naquela semana: “Senti sua falta, espero que não tenha sido por algum problema. Aguardo você no próximo sábado”. Dá-me caláfrios ao pensar o que seria de mim sem aquela carta amorosa.

A maior marca que podemos marcar na vida de alguém é, primeiro, viver Jesus e apresentar Jesus para essa pessoa. Enquanto a pessoa tiver interesse, não desistir. E quando ela desistir, não se ressentir, mas saber que deixou sua marca para que outro discípulo continue o trabalho de Deus. Tudo o que fizermos tem efeito limitado, a marca do evangelho terá reflexos eternos na vida daquele a quem compartilhamos Jesus.

Marcas da afirmação/validação

Amem uns aos outros com amor fraternal. Quanto à honra, deem sempre preferência aos outros.” – Romanos 12:10

Jorge, aquele irmão argentino, deixou-me marcas profundas, com suas palavras de validação, tantas vezes acreditou em mim. Donizete é outro, que vê em mim qualidades que eu mesmo não vejo, foi o grande incentivador dos vídeos que disponibilizo no canal da igreja. O responsável por esse Portal, João Cruz, foi o primeiro a acreditar que eu poderia escrever um livro. Anos antes, Nilton, confiou-me o boletim Amo Jesus. Randal fez o mesmo ao convidar-me a escrever na revista Edificação. Cresci muito por causa da validação de minha esposa Silvia. Rodrigo e Camila foi um casal que validou-me com aqueles mimos quando nem era o dia do meu aniversário.

Eu pergunto a você, que está lendo este longo artigo. Tem deixado as marcas do amor de Cristo através da validção por onde você passa? Na escola, na faculdade, no trabalho, na vizinhança, em casa, com os irmãos em Cristo, precisamos que as pessoas sejam marcadas por nosso amor.

“As pessoas precisam sair da minha presença melhores do que quando entraram”, frase atribuída à madre Tereza de Calcutá. Temos feito isso?.

Marcas do serviço cristão

Espero no Senhor Jesus enviar-lhes Timóteo o mais breve possível, a fim de que eu me sinta animado também ao receber notícias de vocês. Porque não tenho ninguém com esse mesmo sentimento e que se preocupe tão sinceramente por vocês. Todos os outros buscam os seus próprios interesses e não os de Jesus Cristo. Quanto a Timóteo, vocês conhecem o seu caráter provado, pois serviu ao evangelho, junto comigo, como um filho trabalha ao lado do pai.” – Filipenses 2:19-22

Tantas pessoas me marcaram na vida cristã. A A vida dedicada a Deus do Sr. David Meadows e a perseverança e fidelidade do Nilton.

Os professores da Escola Dominical nem imaginam o quanto podem marcar as crianças com o amor de Cristo, as tias do berçário, da EBD das crianças. Não estão apenas cuidando para que os pais possam participar com mais liberdade do culto, mas, podem deixar marcar profundas do amor de Cristo.

II – MARCA DA GRATIDÃO

Podemos marcar as pessoas com o amor de Cristo, eu tenho tantas pessoas que deixaram marcas em mim. Mas, se eu não tiver a marca a gratidão, serei marcado, mas não perceberei. 

Dias 06/01 (aniversário de minha mãe, Dejanira), 05/03 (de Miriam Rodrigues) 28/03 (Davi Meadows) e 27/08 (meu pai José), são dias em que homenageio essas pessoas que marcaram profundamente a minha vida com o amor. Fui até criticado por lembrar de  pessoas que já partiram, mas a gratidão que tenho por elas impede-me de esquece-las. Mesmo tendo partido, seu amor por mim ainda fala alto.

CONCLUSÃO

Estamos deixando o amor, a marca de Jesus nas pessoas? Pensemos nisso.

Podemos ter a doutrina corrreta, o ensino certo, ensinarmos sobre o que pecado, mas, a marca que perdurará é nosso amor prático na vida das pessoas.

E mais: somos gratos o suficiente para percebermos as marcas do amo de Cristo que as pessoas têm deixado em nós?

“Em tudo, deem graças, porque esta é a vontade de Deus para vocês em Cristo Jesus.” – 1 Tessalonicenses 5:18

Fraternidade, Uma Chave Para o Coração

Quando era criança, meus pais e irmãos aceitaram Cristo.  Neste processo uma das coisas que mais chamou minha atenção foi a forma que eu, uma criança de 6 anos de uma família pobre, com roupas velhas e de aparência  normal, nada de especial para apresentar ou que chamasse a atenção de outros, fui recebido por aquela gente.
Foi lá que, aquela criança franzina, percebeu o AMOR de CRISTO. É muito fácil ficar sem amor, mas a gente reconhece Jesus sempre que o vê. No primeiro dia que minha mãe visitou a igreja de Cristo no Cajuru fomos muito bem recebidos, pintei em papéis que ganhei sem ter que pagar nada por isso e, mais ainda, recebi sorrisos, abraços e um  afeto indescritível. Mas, meu pai, ainda não tinha se convencido ou seja, indo em direção contrária a um lugar que não nos agradava, mesmo sendo crianças e ele dizia que toda sua família tinha que seguí-lo. Minha mãe forçou-nos a obedecer o meu pai e fui algumas vezes para aquele lugar que não vi nem recebi nada, nem mesmo tinha entendido o que é que eu tinha eu ido fazer lá  naquele lugar (eu não tive escolha).
O problema daquele lugar não era a beleza, é que eu não tinha como entender o que  era aquele ritual todo que não demonstrava o amor que nossa família necessitava e ainda pra variar meu pai chegava em casa e brigava com minha mãe. Muito tempo depois ele me falou que ia embriagado e ninguém nem sequer notava, pois as pessoas lá nem sequer se cumprimentavam.
Só passei a entender o que realmente tinha acontecido depois que me tornei adulto. Eu recebi o AMOR de CRISTO em minha vida através da igreja. Quem diz que igreja afasta de Cristo, que igreja não salva ninguém, então ainda não conhece a igreja de Cristo, afinal, ela é o corpo de Cristo, a noiva de Cristo. Se alguém não está ligado a Cristo através do seu corpo, não pode entrar na festa de casamento lá no céu. Quando passei a entender todo esse processo descobri a importância de uma palavra que nem sabia o significado, mas sabia que estava faltando em minha vida. No momento em que a pessoa está recebendo o amor fraternal, ela nem entende mas sabe que está sendo suprida de uma necessidade. Fraternidade é um ato de amor que espelha fisicamente Cristo para a pessoa que recebe.
A igreja de Tessalônica  demonstrava este amor de uns para com os outros em toda a região  da Macedônia, porque era uma igreja pura no sentido do amor de Cristo. Uma congregação que fez o maior esforço para que todos tivéssemos a comodidade de serem salvos pelo  sacrifício de Jesus (I Tess. 4.9-10). A igreja de Cristo deve ser assim hoje ainda.
Agora imagino se nesta vida aquela criança não tivesse recebido o AMOR FRATERNAL. O que seria dele? Talvez eu apenas estivesse tentando ou pensando em como ficar rico ou algo parecido. Em como poderia ser feliz, ter sucesso, mas pela graça e misericórdia de Deus para comigo e minha família é que pude ver como Deus age na vida das pessoas. Acredito que Deus dá esta mesma oportunidade a todas as pessoas do mundo, mas poucas param para aceitar o amor de Deus através do AMOR FRATERNAL.
Nos próximos domingos, dá uma olhada em todas as pessoas que estarão no culto. Procure por uma criança que veio visitar com seus pais. Dê um sorriso para ela, dê um papel para ela desenhar, diga para ela que ela é bem vinda, mostre o amor fraternal.
Amor entre os irmãos, o amor fraternal, este é o VERDADEIRO AMOR DE CRISTO!

Está Tudo Bem… Até Que…

O cachorro é conhecido como o melhor amigo do homem. Por que? Porque ele é fiel, porque ele ama o seu dono, de um modo geral, incondicionalmente.
Acabamos de sair do culto. Muito edificante! O Enoc? Foi impactante! No CRE, como foi bom encontrar com os irmãos e ficar juntos por quase uma semana. Não vemos a hora de chegar o próximo domingo, o ano que vem ou quando nos encontrarmos eventualmente em algum lugar neutro para nutrirmos o mesmo nível de comunhão que só teremos lá no céu… o encontro está marcado!
Como vai ser bom chegar lá e poder rever todo mundo que já conhecemos nesta vida e de quem sempre ouvimos falar através da Palavra de Deus… não vemos a hora de sermos glorificados para estar com Cristo. Tudo está tão bem na irmandade até que… até que alguém pise no meu pé e nem sequer peça desculpas, até que algum destes irmãos que tanto amo não me cumprimente e seja um pouco ríspido comigo, até que discorde de opiniões, até que não concordem com o que eu disse no meu perfil do Facebook, até que não lembrem do meu aniversário, até que me acusem injustamente de alguma coisa que eu não tenha feito, até que me julguem e me condenem usando uma passagem bíblica para me atacar… aí, certamente vou esquecer de todo amor fraternal, vou ficar magoado e criar raízes que vão se espalhar pelos ouvidos e corações da irmandade, eu não vou conseguir perdoar facilmente, então não vou considerar mais aquela pessoa nem sequer como um irmão. Tudo estava tão bem… até que…

“A começar em mim, quebra corações, pra que sejamos todos um… como Tu és em nós…”

O amor é muito bonito e funciona muito bem quando fica na teoria. O irmão é o parceiro de fé eterno até que, não importa o motivo, erre de alguma forma.
Por um lado precisamos nos tornar mais resistente às críticas, pois como é que vamos agir se nos perseguirem e nos injuriarem pelo nome de Cristo? Como vamos reagir se nos desafiarem a negar o nome de Cristo para termos paz e sossego na vida? Como vamos reagir quando virmos nossos bens sendo confiscados por sermos seguidores de Cristo? Como vamos reagir ao ver nossos pais, irmãos ou filhos sendo castigados ou mortos injustamente somente por quererem lutar contra o pecado e serem mais parecidos com Cristo? Como vamos reagir se pelo nome de Cristo tivermos nossas mãos e pés pregados? Se não somos fiéis no pouco amor que nos foi confiado, resistiremos se por acaso for provada a nossa fé?
Tem uma passagem do livro de Romanos que você precisa ler para entender melhor o que está sendo falado aqui. Sugiro, então, que você pare a leitura deste artigo, considere como uma pausa, e vá ler a sua Bíblia. Esta é a passagem para você ler Romanos 12:9-21.
Está Pronto?
Estamos realmente prontos para o desafio de amar ao próximo, principalmente os da família da fé, incondicionalmente? Estamos realmente dispostos a dar nossas vidas uns pelos outros apesar das opiniões contrárias, apesar das acusações falsas? Apesar das agressões gratuitas, apesar da falta de amor e perdão? Acima de tudo, estamos dispostos a agir como Cristo e lavar os pés uns dos outros?
Mais uma vez se faz necessário a leitura da Bíblia. Necessário porque eu estou realmente tentando escrever algo que não seja minha opinião. Leia a seguinte passagem: 1 João 3:16-19.
Você bem deve saber que Deus não aceita a sua oferta se você tem algum problema não resolvido com um irmão (Mt 5:24). Não adianta ofertar o seu corpo para ser queimado, se não tiver amor… Amor na prática, amor de propósito, amor sem motivo, amor de graça, amor que existe mesmo quando não concorda com opiniões, amor acima de tudo, amor que perdoa multidões de pecados, amor que ensina e convida os de fora, amor que lava as sujeiras e o fedor dos pés alheios, amor por amor e de verdade. Amor que me muda e não procura mudar somente o outro. Amor sem esperar nada de volta. Amor que ama o pecador principalmente quando ele é um irmão, amor divino em nós. Que sejamos verdadeiros discípulos conhecidos pelo amor. Amor com o qual Jesus nos amou e porque Ele nos amou primeiro.
Então, quando nem tudo está bem, ainda permanecem a fé, a esperança e o amor. O maior destes três é o amor. Que nada possa nos separar do amor de Deus com o qual vamos amar ao próximo, principalmente aos mais próximos. Que nosso amor seja além da morte que nos separe.
Que nós sejamos conhecidos pelo amor incondicional maior do que consideram que o cachorro tem pelos seus donos.