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Algoritmo, Mídia Social e Isolamento

Talvez você já tenha percebido, ao usar o smartphone da sua mãe, do seu filho ou de um amigo, que as propagandas da internet veiculadas a eles são completamente diferentes das que aparecem para você. Nos deparamos com um mundo tão diferente, mesmo usando o mesmo modelo de maquininha e o mesmo sistema de pesquisa. Então, só para saber, a culpa é do algoritmo! Os algoritmos são usados pelos sistemas de pesquisa e de redes sociais no intuito de personalizar as buscas e informações relevantes para cada usuário.
Parece complicado?
Então, exemplificando: imaginem que eu decidi almoçar num determinado restaurante duas vezes seguidas, pedindo o mesmo prato. Se aquele restaurante utilizasse o sistema de algoritmos, nas próximas vezes que eu estivesse lá, eles só me apresentariam aquele mesmo prato (o de costume), restringindo o cardápio de acordo com as minhas escolhas anteriores, me privando, assim, de experimentar algo diferente do que já tinha provado antes.
Então, se estou cansada de olhar o Facebook e encontrar sempre aquele parente que posta dez selfies no dia, a culpa é mesmo minha… ou do meu like! Pois, nas redes e motores de busca, são terceiros (detentores dos sistemas de algoritmos e subalgoritmos) que julgam saber os meus gostos, a partir de minhas escolhas passadas. O resultado é o empobrecimento das escolhas e eliminação de alternativas.
A ideia de estar antenado, em constante aprendizado, participante dos debates mundiais é, na verdade, uma ilusão. Eu acabo me isolando num mundo particular e selecionando somente aquilo que quero ver. Minhas próprias futilidades – sempre mais interessantes do que as futilidades dos outros – variam entre piadas, memes, músicas, notícias, hobbies, amigos – e tudo vai ficando mais e mais interessante porque eu me sinto importante, única!!! “Nossa! Tudo isso tem a minha cara! Como meu celular me conhece tão bem?!”
E me pego, devagarzinho, ficando cada vez mais amiga do smartphone e sem paciência para compartilhar assuntos com outras pessoas, pois se torna muito chato ter que “selecionar” a conversa que me interessa no meio das reuniões familiares; fica difícil aguentar longos sessenta minutos de um culto com tantos hinos que não sei de cor; não sinto que tenho assunto adequado para tratar com avós, pessoas de mais idade ou vivências diferentes das minhas; perco a paciência de esperar aquele tempo necessário para me ajustar aos novos ciclos de amizade e convivência. Fica difícil conhecer novas pessoas, mudar de escola, de emprego, de vizinhança (e quem são os vizinhos mesmo?!)
Diante disto, faço a seguinte reflexão: Estou viciada em meu mundo virtual? Quanto tempo do meu dia utilizo para me “alimentar” destas informações? As pessoas ao meu redor já me falaram sobre o tempo que gasto no meu smartphone? Quanto sei das preferências ou das histórias de vida de irmãos na igreja? Me sinto confortável olhando no olho de outra pessoa quando estou conversando com ela?