“E lhe comunicaram: — A sua mãe e os seus irmãos estão lá fora e querem vê-lo. Jesus, porém, lhes respondeu: — Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a praticam.” – Lucas 8:20-21
Ao contrário do que a maioria de nós brasileiros aprendemos, na infância, sim, Jesus não foi o filho único de José e Maria, mas o primogênito, isto é, o filho mais velho de uma família de no mínimo 7 filhos, numerosa, como era padrão nos tempos bíblicos. A própria Bíblia mostra isso:
“Quando José despertou do sono, fez como o anjo do Senhor lhe havia ordenado e recebeu Maria por esposa. Porém não teve relações com ela enquanto ela não deu à luz um filho, a quem pôs o nome de Jesus.” – Mateus 1:24-25
O dogma da virgindade perpétua não se mantém ante o texto citado. Maria foi virgem apenas no nascimento de Jesus, vivendo uma vida normal de mulher casada após.
“Então Maria deu à luz o seu filho primogênito, enfaixou o menino e o deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria.” – Lucas 2:7
Nesse texto primogênito tem o significado de primeiro filho.
“Não é este o carpinteiro, o filho de Maria e irmão de Tiago, José, Judas e Simão? As suas irmãs não vivem aqui entre nós? E escandalizavam-se por causa dele.” – Marcos 6:3
Eis a lista parcial com os nomes dos irmãos de Jesus: Tiago, chamado de “o justo” na história eclesiástica, bastante influente na igreja em Jerusalém (Atos 15:3 e Gálatas 2:12), escritor de uma carta no Novo Testamento, José (somente mencionado nesta lista), Judas (escritor do penúltimo livro do Novo Testamento, conforme Judas 1) e Simão (idem ao comentário sobre José). Além disso, ele tinha “irmãs”.
A razão de Jesus não dar tanta importância à sua família, além da que comentaremos é que naquele momento parece que José já era falecido e toda a sua família não compreendia a sua missão, achavam que estavam louco e foram ao seu encontro para prendê-lo, conforme lemos em Marcos 3:21.
Porém, além dessas informações sobre a família de Jesus, quero ressaltar a importância que Jesus dá aos seus seguidores, estes, sim, sua verdadeira família, que ultrapassa as relações sanguíneas.
Na Bíblia Jesus é o filho mais velho de uma grande família constituída por muitos irmãos.
“Pois aqueles que Deus de antemão conheceu ele também predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.” – Romanos 8:29
Ter isso em mente é muito importante para balizar a maneira como devemos nos tratar uns aos outros. No mundo religioso há o clero, normalmente tratados como irmãos “diferentes”, mais próximos do irmão mais velho, em alguns casos quase iguais a ele. É o que acontece quando se destaca títulos bíblicos como pastor, presbítero, bispo, ancião, além da importância dada na Bíblia, isto é, são servos de Deus.
E mais ainda, quando se coloca títulos não aceitos pelas Escrituras como padre, sacerdote (todos os cristãos são sacerdotes, conforme 1 Pedro 2:9 e Apocalipse 1:6), reverendo (digno de reverência), arcebispo, cardeal e ainda alguns se denominam apóstolos, inexistente nos dias de hoje, tendo sido Paulo o último deles (1 Coríntios 15:9). Vejamos o que o próprio Senhor Jesus diz a esse respeito:
“Aqui na terra, não chamem ninguém de ‘pai’, porque só um é o Pai de vocês, aquele que está nos céus. Nem queiram ser chamados de ‘guias’, porque um só é o Guia de vocês, o Cristo.” – Mateus 23:9-10
Cada filho de Deus, comprado pelo sangue de Jesus, faz parte do fruto penoso do trabalho dele (Isaías 53:11 e Hebreus 12:2), logo, muito valiosos para Ele. Por isso o escritor de Hebreus mostra o quanto Jesus nos valoriza como sua família.
“É por isso que Jesus não se envergonha de chamá-los de irmãos, dizendo: ‘A meus irmãos declararei o teu nome, no meio da congregação eu te louvarei.’ E, outra vez: ‘Eu porei nele a minha confiança.’ E, ainda: ‘Eis aqui estou eu e os filhos que Deus me deu.'” – Hebreus 2:11-13
Sermos membros da família de Deus, irmãos em Cristo, comprados pelo seu próprio sangue, deve nos fazer valorizar a igreja, a família de Deus. Sem desmerecer nossos laços sanguíneos, nossos laços espirituais são mais importantes, pois passaremos a eternidade juntos com Jesus e nosso Pai celestial. Por que não começar aqui na terra, aprendendo a valorizar uns aos outros? E fazer questão de estar juntos é uma maneira de valorizar a família de Deus.
“Tendo purificado a alma pela obediência à verdade, e com vistas ao amor fraternal não fingido, amem intensamente uns aos outros de coração puro.” – 1 Pedro 1:22
Que bom fazermos parte da família de Jesus (Efésios 2:19)! Vejam quantas referências bíblicas citei hoje, mostrando essa realidade. Que valorizemos nossos irmãos e dediquemos o melhor de nós para que até a volta de Jesus, mais e mais pessoas sejam acrescentadas a essa grande família. Isso acontece quando ensinamos a Palavra de Deus e transformamos criaturas de Deus em filhos adotados dele (João 1:12, Efésios 1:5 e Gálatas 4:5).