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A PARÁBOLA DO SEMEADOR, PARTE FINAL

A PARÁBOLA DO SEMEADOR, PARTE FINAL

“Então os discípulos de Jesus lhe perguntaram o que significava essa parábola. Jesus respondeu: — A vocês é dado conhecer os mistérios do Reino de Deus, mas aos demais fala-se por parábolas, para que, vendo, não vejam e, ouvindo, não entendam.” – Lucas 8:9-10

Dá trabalho crescer espiritualmente. Dá trabalho ter um casamento bom e sadio. Dá trabalho ser especialista em algo. Dá trabalho conhecer os mistérios do reino de Deus.

As multidões ouviam a mensagem de Jesus, até se maravilhavam, mas ficavam à margem, parecia que não queriam se aproximar de Jesus e muito menos conhecer mais da sabedoria do Mestre. Assim age a multidão. Tem medo de um compromisso maior.

O discípulo não. Ele deseja aproximar-se do Mestre, usando um português bem popular “sugar” da sua sabedoria, é aplicado, arrisca-se, pergunta, questiona e pesquisa. É comprometido.

O problema dessa atitude é que, como disse no início, dá trabalho, precisa sair da já muito repetida “zona de conforto”, exige dedicação.

Por isso Paulo diz que o mistério de Deus, oculto nos tempos passados, agora foi revelado.

“O mistério que esteve escondido durante séculos e gerações, mas que agora foi manifestado aos seus santos.” – Colossenses 1:26

Vejamos bem: revelado aos santos, isto é, seguidores de Jesus.

“Ao lerem o que escrevi, poderão entender a minha compreensão do mistério de Cristo, o qual, em outras gerações, não foi dado a conhecer aos filhos dos homens, como agora foi revelado aos seus santos apóstolos e profetas, pelo Espírito.” – Efésios 3:4-5

Por isso a parábola do semeador refere-se àqueles que frutificam a 30, 60 e 100 por um nesses termos:

“A parte que caiu na terra boa, estes são os que, tendo ouvido de bom e reto coração, retêm a palavra; estes frutificam com perseverança.” – Lucas 8:15

As pessoas de bom e reto coração retêm a Palavra de Deus e frutificam com perseverança. São esses que se aproximam mais e mais de Jesus, no primeiro século literalmente, hoje imergindo na Palavra e no próprio Senhor Jesus através de uma vida de oração e comunhão com o Mestre. A esses, ao ler, meditarem e especialmente buscarem aplicar, lhes é revelado os mistérios do reino de Deus.

Ao contrário daqueles que olham superficialmente, sem interesse maior:

“Mas, se o nosso evangelho ainda está encoberto, é para os que se perdem que ele está encoberto, nos quais o deus deste mundo cegou o entendimento dos descrentes, para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus.” – 2 Coríntios 4:3-4

Aquele que busca conhecer cada vez mais ao Senhor Jesus, sua vontade, quanto mais buscam, mais têm e mais é dado. O contrário também é verdadeiro, os desinteressados e relapsos, até o pouquinho que têm lhes será tirado.

Vejamos esta sentença no texto paralelo de Mateus:

“Ao que Jesus respondeu: — Porque a vocês é dado conhecer os mistérios do Reino dos Céus, mas àqueles isso não é concedido.

Pois ao que tem, mais será dado, e terá em abundância; mas, ao que não tem, até o que tem lhe será tirado.” – Mateus 13:11-12

É um princípio de vida, aplicado em todas as áreas da vida e, claro, na parábola do semeador, um incentivo para os discípulos de Jesus: busquem e acharão, mais e mais. Sempre. É um privilégio do discípulo dedicado do Mestre. 


A PARÁBOLA DO SEMEADOR, PARTE 4

“Outra, enfim, caiu em boa terra; cresceu e produziu a cem por um. Dizendo isto, Jesus clamou: — Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.” – Lucas 8:8

“A parte que caiu na terra boa, estes são os que, tendo ouvido de bom e reto coração, retêm a palavra; estes frutificam com perseverança.” – Lucas 8:15

Terminando de contar a parábola do semeador, o Senhor Jesus diz: “Outra, enfim”. Esta expressão é um alerta e incentivo para nós, semeadores. Pode ser que demore até encontrarmos o bom solo, recebemos muitos “nãos” do solo na beira do caminho, passaremos pela frustração com o solo rochoso, tão alegre no começo, mas desistindo logo depois e por muitos anos convivemos com gente representada pelo solo espinhoso, que representam pessoas não produtivas.

Mas, “enfim”, disse Jesus, encontraremos o bom solo, a boa terra. O texto diz que representa aqueles que ouvem de bom e reto coração, estes retêm a Palavra, frutificam com perseverança, isto é, a boa mensagem não volta vazia.

“Assim será a palavra que sair da minha boca: não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a designei.” – Isaías 55:11

Algo que quero destacar é que há uma diferença entre o texto de Lucas e os paralelos de Mateus e Marcos:

“Outra, enfim, caiu em boa terra e deu fruto: a cem, a sessenta e a trinta por um.” – Mateus 13:8

Como tenho comentado, a parábola apresenta 6 solos: o da beira do caminho, o rochoso, o entre os espinhos, o que produz a 30 por 1, o que produz a 60 por 1 e, finalmente, aquele que produz a 100 por 1, que pensando em agricultura no primeiro século, seria uma produção extraordinária.

Essa diferença de produção pode nos ajudar a enxergar solos produtivos em nosso meio, porém, com diferenças. Isto pode nos ajudar a ter paciência conosco mesmo e também com os demais membros do reino de Deus. É o Senhor quem trabalha e dentro da limitação de cada solo. Vemos isso na parábola dos talentos, cada um tinha talentos, mas eram diferentes: 5, 2 e 1.

Fiquei aqui especulando que só representaria o que produz a 100 por 1 e na hora veio a mim o apóstolo Paulo. Através do seu trabalho, cerca de 40 congregações da igreja do Senhor foram iniciadas, ele mesmo escreveu 13 dos 27 livros do Novo Testamento, a ponto de o próprio Paulo reconhecer:

“Mas, pela graça de Deus, sou o que sou. E a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã. Pelo contrário, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo.” – 1 Coríntios 15:10

No Novo Testamento provavelmente Pedro e João também estejam neste grupo. No Velho Testamento consigo identificar vários, os heróis da fé como Abraão, Moisés, o profeta Samuel, sacerdote, profeta e juiz, entre outros.

Entre os que produzem a 60 por 1 estão os heróis da fé no Velho Testamento listados em Hebreus 11 e tantas pessoas no Novo Testamento como Maria, Timóteo, Barnabé, entre outros. Na realidade, penso que as pessoas destacadas na Bíblia são exatamente aquelas que produzem a 100 ou 60 por 1.

E, finalmente, há os que produzem a 30 por 1, creio que em sua maioria são anônimos, pessoas que trabalham na obra de Deus, produzem, mas somente Deus ou Jesus, “aqueles que tem olhos como chama de fogo” (Apocalipse 1:14) enxerga. Passam talvez por essa vida sem serem notados ou são pouco notados, não recebem os grandes elogios humanos, mas receberão, lá no céu o seu galardão (1 Coríntios 15:58).

“Os que foram dispersos a partir da perseguição que começou com a morte de Estêvão se espalharam até a Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a palavra a ninguém que não fosse judeu.

Alguns deles, porém, que eram de Chipre e de Cirene e que foram até Antioquia, falavam também aos gregos, anunciando-lhes o evangelho do Senhor Jesus. A mão do Senhor estava com eles, e muitos, crendo, se converteram ao Senhor.” – Atos 11:19-21

O texto acima mostra irmãos anônimos, dispersos em razão da perseguição de Saulo de Tarso. Foram esses os responsáveis por espalhar o evangelho na Fenícia, Chipre e Antioquia. Alguns fizeram mais e falaram também aos não judeus e muitos foram convertidos dando origem à igreja em Antioquia, tão importante na evangelização dos judeus a partir do futuro trabalho de Paulo e Barnabé.

Quem eram esses irmãos, quais seus nomes, como enfrentaram a perseguição? Não sabemos nada deles, são anônimos, porém, muito conhecidos por Deus, foram os que produziram a 30 por 1. E no momento certo, nós, pequeninos, eu e talvez você que lê esta reflexão, que nos enquadramos nessa categoria, ouviremos do Senhor Jesus: 

“O senhor disse: “Muito bem, servo bom e fiel; você foi fiel no pouco, sobre o muito o colocarei; venha participar da alegria do seu senhor.” – Mateus 25:21

Sirvamos, portanto, dentro daquilo que Deus nos deu, sem nos comparar aos outros, com o genuíno desejo de servir a Jesus, sua igreja e a todos que de nós se aproximarem. 

Eis a liberdade que nos dá a parábola do semeador, conhecermos os mistérios do reino de Deus. Enxergar os improdutivos e entender que fazem parte do trabalho de Deus na vida das pessoas e, mesmo entre os produtivos, notar essas diferenças.



A PARÁBOLA DO SEMEADOR, PARTE 3

A PARÁBOLA DO SEMEADOR, PARTE 3

“Outra caiu no meio dos espinhos; e os espinhos, ao crescerem com ela, a sufocaram.” – Lucas 8:7

“A parte que caiu entre espinhos, estes são os que ouviram e, no decorrer dos dias, foram sufocados com as preocupações, as riquezas e os prazeres desta vida; os seus frutos não chegam a amadurecer.” – Lucas 8:14

Quando eu relacionei todas as parábolas do reino de Mateus 13, isso abriu meus olhos para a realidade do reino de Deus, isto é, o governo de Deus sobre a vida das pessoas.

Saber que na natureza no reino de Deus há 6 tipos de solos e que apenas um deles (beira do caminho), enquanto não mudar (pensando na possibilidade que esses solos podem ser trabalhados), não estará conosco no culto domingo de manhã, ajudou-me a fazer uma autoavaliação, bem como descansar na maneira como Deus trabalha no meio do seu povo. O trabalho é dele, minha parte é ser um cooperador na obra de Deus (1 Coríntios 3:9).

Acredito que as pessoas representadas pelo terceiro tipo de solo, aquele espinhoso, no qual a semente cresceu, mas foi sufocada pelos espinhos, estão bem presentes no meio da igreja, conosco no culto domingo de manhã.

Gosto da expressão utilizada no texto paralelo de Marcos, na tradução ARA:

“Os outros, os semeados entre os espinhos, são os que ouvem a palavra, mas os cuidados do mundo, a fascinação da riqueza e as demais ambições, concorrendo, sufocam a palavra, ficando ela infrutífera.” – Marcos 4:18-19

A palavra-chave para entendermos esse tipo de solo somente esta versão captou: CONCORRENDO, isto é, este solo é um coração que permite a concorrência dos valores de Deus e do mundo e, por isso fica dividindo.

Vejamos a concorrência que existe: “foram sufocados com as preocupações, as riquezas e os prazeres desta vida” (Marcos) ou “mas os cuidados do mundo, a fascinação da riqueza e as demais ambições” (Lucas)

Esse tipo de pessoa exteriormente creu, se arrependeu, confessou, foi batizado e está presente no meio dos santos. Mas está dividido. As preocupações do mundo (que comer, que vestir, que beber, de Mateus 6:31), as riquezas (geralmente é uma pessoa materialista, preocupado em ter uma casa cada vez mais luxuoso, acumular muitos bens) e os prazeres da vida (uma pessoa assim vive trazendo inclusive para a igreja os modismos do mundo, os últimos brinquedinhos preparados por Satanás para distrair o seu povo. E ele consegue distrair os de coração dividido).

Desta maneira, com a mente dividida entre Deus e o mundo, dividido entre Deus e as riquezas (veja Mateus 6:24), como alguns dizem “com um pé na igreja e outro no mundo”, essa pessoa é infrutífera. Pode ser presente conosco até a volta de Jesus, mas é infrutífera, vive cometendo os mesmos pecados, não muda e se escora na “graça de Deus” para viver pecando (o fruto do Espírito Santo de Gálatas 5:22-23 não é produzido em sua vida), bem como a própria pessoa não reproduz, isto é, não tem influência para influenciar um perdido a aceitar o evangelho.

Olhando a igreja do Senhor hoje (independente da igreja local, conheço diversas), vejo que esse tipo de solo, sufocado pelos espinhos (riquezas, mundanismo e prazeres da vida) estão muito presentes e é uma das razões do reino de Deus não crescer tanto como seria sua natureza.

O tipo de solo do hoje é um alerta para todos nós: será que estou me enganando, pensando que sou o bom solo quando, na realidade, sou o solo espinhoso e a semente da Palavra de Deus está sendo sufocada?

Concordo com um irmão que comentou anteriormente: enquanto Jesus não voltar, os solos podem se deixar trabalhar pela Palavra e o solo infrutífero pode (pelo menos), tornar-se a boa semente que produz a 30 por 1.

Lembrando qual é o destino do infrutífero:

“Todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto ele limpa, para que produza mais fruto ainda.” – João 15:2

“Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora, à semelhança do ramo, e secará; e o apanham, lançam no fogo e o queimam.” – João 15:6

Como disse Jesus várias vezes na Palavra: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”.



A PARÁBOLA DO SEMEADOR, PARTE 2

A PARÁBOLA DO SEMEADOR, PARTE 2

“Outra parte caiu sobre a pedra e, tendo crescido, secou por falta de umidade.” – Lucas 8:6

“Os que estão sobre a pedra são os que, ouvindo a palavra, a recebem com alegria. Estes não têm raiz, creem apenas por algum tempo e, na hora da provação, se desviam.” – Lucas 8:13

O segundo solo, o rochoso, representa aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a recebem com alegria. Porém, como diz o texto paralelo de Marcos, “mas eles não têm raiz em si mesmos, sendo de pouca duração” – Marcos 4:17ª

Marcos ainda diz:

“Quando chega a angústia ou a perseguição por causa da palavra, logo se escandalizam.” – Marcos 4:17b

Aqui no texto de Lucas é dito que: “creem apenas por algum tempo e, na hora da provação, se desviam.”

Talvez a razão esteja em não terem calculado o preço que custaria seguir a Jesus, mais bem desenvolvido pelo Senhor em Lucas 14:25-33, cuja leitura sugiro.

Estes são aqueles que dizem crer, terem se arrependido, confessam Jesus e são batizados. No entanto, não permanecem fiéis até a morte (Apocalipse 2:10), requisito essencial nos 5 passos da salvação. Lembrando que o ensino “uma vez salvo, sempre salvo” não é bíblico.

Quando penso nas três congregações da cidade de Guarulhos, que em 2023 completou 40 anos de estabelecimento na cidade, lembro que milhares e milhares de pessoas ouviram o evangelho. Destas, centenas chegaram a fazer parte do corpo de Cristo guarulhense. Hoje contamos nas congregações a existência de menos de 500 pessoas fiéis.

Umas das razões está nos 6 tipos de solos que mencionei, sendo que 3 deles não permanecem até o fim, sendo o representado pelo solo rochoso em grande quantidade: aceitam, não calcularam o preço e quando surgem as dificuldades e as perseguições do diabo e de seus seguidores “espanam” e abandonam o Senhor.

Veja a necessidade de ter uma raiz bem fincada na pessoa de Jesus e seu evangelho:

“Esse é semelhante a um homem que, ao construir uma casa, cavou, abriu profunda vala e lançou o alicerce sobre a rocha. Quando veio a enchente, as águas bateram contra aquela casa e não a puderam abalar, por ter sido bem construída.” – Lucas 6:48

Da mesma maneira em que nossa casa espiritual deve estar bem alicerçada na rocha que é Jesus, nossas raízes espirituais precisam estar bem firmes em Jesus e na Palavra de Deus. Caso contrário, pela raiz não ter crescido profundamente, vem o sol das dificuldades e perseguições e logo a raiz é queimada, não podendo absorver nutrientes e, por isso, morre. Ao contrário daquela pessoa mencionado no salmo 1:

“Ele é como árvore plantada junto a uma corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo o que ele faz será bem-sucedido.” – Salmos 1:3

Lembra um pouco da perseguição que o apóstolo Pedro disse que viria sobre os cristãos na época do imperador Nero.

“Amados, não estranhem o fogo que surge no meio de vocês, destinado a pô-los à prova, como se alguma coisa extraordinária estivesse acontecendo. Pelo contrário, alegrem-se na medida em que são coparticipantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de sua glória, vocês se alegrem, exultando.” – 1 Pedro 4:12,13

Sofrer por Jesus e seu evangelho faz parte do pacote de Deus que recebemos chamado salvação. Com certeza, na época de Pedro, pessoas representadas pelo solo rochoso não aguentaram e abandonaram o evangelho.

Jesus disse que no mundo passaríamos por aflições (João 16:33). O solo rochoso não estará preparado. Portanto, que o bom solo não fique escandalizado quando os rochosos abandonarem a fé e, se você vê características de solo rochoso na sua vida, ore a Deus e peça a Ele que o ajude a tornar-se um dos 3 bons solos que comentaremos nos próximos artigos. 

A PARÁBOLA DO SEMEADOR, PARTE 1

“Quando uma grande multidão se reuniu e pessoas de todas as cidades vieram até Jesus, ele disse por parábola: Um semeador saiu a semear. E, ao semear, uma parte caiu à beira do caminho, foi pisada, e as aves do céu a comeram.” – Lucas 8:4-5

“Os que estão à beira do caminho são os que a ouviram; depois vem o diabo e tira-lhes a palavra do coração, para não acontecer que, crendo, sejam salvos.” – Lucas 8:12

Chegamos na parábola do semeador, contada a uma multidão na qual, com certeza, havia, no primeiro momento, os 4 tipos de solos, mas revelado seu significado apenas aos discípulos. Como já disse nessas minhas reflexões, a multidão contempla de longe, sem maior compromisso, os discípulos aproximaram-se e, por isso, têm esse privilégio. Quanto mais nos aproximamos de Jesus e sua Palavra, mais temos os olhos abertos para a realidade do governo de Deus.

“Jesus respondeu: — A vocês é dado conhecer os mistérios do Reino de Deus, mas aos demais fala-se por parábolas, para que, vendo, não vejam e, ouvindo, não entendam.” – Lucas 8:10

Li a parábola nos três relatos (Mateus, Marco e Lucas) para destacar algumas diferenças. Chamou-me a atenção que em Marcos, antes de contar a parábola o Senhor Jesus diz: “Escutem!”, destacando a importância daquilo que contará.

Essa história, como quase todas as parábolas do reino de Deus, mostra a natureza do governo de Deus sobre as pessoas e, quando temos os olhos abertos pelo Senhor, entendemos que no reino de Deus há 6 tipos de solos:

representado pelo da beira do caminho, 2. aqueles do solo rochoso, 3. entre os espinhos, 4. o bom solo que reproduz a 30 por 1, 5. o bom solo que reproduz a 60 por 1 e, finalmente, 6. o bom solo que reproduz a 100 por 1. 

Entender isso nos ajuda a compreender os diferentes graus de comprometimento das pessoas que estarão ao nosso redor, pois, dos 6 solos, somente os primeiros são aqueles que nunca estarão conosco no culto de domingo de manhã. Todos os outros estarão, pelo menos por um tempo.

O solo representado pela beira do caminho, o texto diz, a semente caiu, mas “foi pisada e as aves do céu a comeram” e na explicação a razão é que o diabo (acusador) no texto de Lucas, chamado de Satanás (adversário) no texto de Marcos e Maligno no texto de Mateus vem “arrebata” em Mateus, “tira a palavra semeada” em Marcos.

Chama-me a atenção que esse tipo de solo ouve, mas tem um coração tão duro, que logo a mensagem é tirada. Parece que todos os demais solos representam pessoas que chegam a passar pelo crer, arrepender, confessar e até serem batizadas, apenas alguns deles não permanecerão fiéis por muito tempo.

O solo da beira do caminho possivelmente são as pessoas a quem compartilhamos o evangelho, oferecemos a oportunidade de conhecer o plano da salvação, talvez até aceitem por algum tempo ouvir a respeito, mas, pára ali, pois logo Satanás tira a mensagem dos seus corações. O mundo religioso diria que tais pessoas são as predestinadas para a perdição, mas essa interpretação não vai ao encontro dos ensinos gerais da Bíblia. Consigo lembrar de várias pessoas assim com quem cruzei e falei de Jesus e algumas delas hoje são falecidas e nunca aceitaram.

Eu tenho uma dúvida que gostaria que você que lê essa reflexão comentasse: tal solo é representado por pessoas que NUNCA ouvirão o evangelho ou por pessoas que em determinado momento poderá mudar. Isto é, os solos amostrados por Jesus representam pessoas que sempre ficarão naquela condição ou, com o tempo, poderão mudar e tornarem-se bons solos. Futuramente vou dizer o que penso a respeito dessa questão.

Conhecer os 6 tipos de solos que representam a maneira como as pessoas reagem ao governo de Deus sobre as suas vidas nos ajuda a entender que o trabalho nosso é apenas semear e que todo o resto é entre a própria pessoa representada pelo solo e Deus. Ter essa consciência tirará de nós um peso ou responsabilidade que não nos pertence, qual seja, a salvação das pessoas. Isso é entre elas e Deus, como bem relatado em outra parábola de Jesus.

“Jesus disse ainda: — O Reino de Deus é como um homem que lança a semente na terra. Ele dorme e acorda, de noite e de dia, e a semente germina e cresce, sem que ele saiba como.” – Marcos 4:26-27

Ler e entender as parábolas do reino, especialmente as relatos em Mateus 13 tem sido libertador para mim e evitado que eu me escandalize com a inconstância de muitas pessoas na igreja do Senhor. 

Por algumas semanas os artigos extraídos do evangelho de Lucas abordarão essa história contada pelo Senhor Jesus. Aproveitemos e aprendamos com o seu conteúdo.



EM JESUS TUDO SE FAZ NOVO – O EVANGELHO DE LUCAS

EM JESUS TUDO SE FAZ NOVO

“Também lhes contou uma parábola: — Ninguém tira um pedaço de uma roupa nova para colocar sobre roupa velha; pois, se o fizer, rasgará a roupa nova, e, além disso, o remendo da roupa nova não combinará com a roupa velha.

E ninguém põe vinho novo em odres velhos, porque, se fizer isso, o vinho novo romperá os odres, o vinho se derramará, e os odres se estragarão. Pelo contrário, vinho novo deve ser posto em odres novos.” – Lucas 5:36-38

Em resposta à crítica dos fariseus ao fato dos discípulos de Jesus não jejuarem, o Senhor conta a parábola do pedaço de pano novo costurado sobre uma roupa velha e do vinho novo derramado em odres velhos.

Costurar uma roupa nova sobre uma roupa velha, após a lavagem, fará a roupa nova esticar e estragar a velha. Colocar vinho novo em odres velhos, que seriam vasilhas segundo a NVI, fará com que, ao fermentar o vinho, em razão da falta de flexibilidade das vasilhas velhas, estas se rompem.

O ensino aqui é a impossibilidade de juntar a nova aliança (mosaica e todo o sistema do Velho Testamento) com a nova aliança inaugurada pelo derramamento do sangue de Jesus (Lucas 22:20).

A igreja teve bastante dificuldade em entender essa mensagem de Jesus nos seus primeiros anos. Pois tentou aliar as duas alianças exigindo dos novos convertidos, especialmente dos não judeus, a guarda do sábado e especialmente a prática da circuncisão (Atos 15:1).

Há menções a isso em vários livros do Novo Testamento e, em dois deles, especialmente a carta de Paulo aos romanos e aos gálatas, este último, o assunto é dessa impossibilidade mostrada por Jesus na mistura das duas alianças.

“Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê.” – Romanos 10:4

“Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a lei, segue-se que Cristo morreu em vão.” – Gálatas 2:21

Porém, até hoje tenta-se costurar pano novo em roupa velha e colocar vinho novo em odres velhos. No mundo religioso há as religiões especializadas em enfatizar a guarda do sábado. Mas não está restrito a esse grupo. O mundo evangélico, em geral, tenta fazer um “sincretismo” entre a velha e a nova aliança. A maioria desses grupos exigem, por exemplo, o dízimo, algo pertencente à roupa e ao vinho velhos. 

Há ainda aqueles que utilizam elementos do Velho Testamento como a arca da aliança, um lugar santo de adoração, até o templo de Salomão foi recriado, roupas especiais para os “sacerdotes especiais”, algo inaceitável na nova aliança que transformou todos os seguidores de Jesus em sacerdotes (1 Pedro 2:9 e Apocalipse 1:6.

Finalmente, há ainda a adoração com instrumentos musicais, também extraídos da antiga aliança, pois inexistente na nova e as campanhas alusivas a acontecimentos anteriores à lei de Cristo como, por exemplo, os 21 dias de jejum de Daniel.

Por isso a igreja do Senhor deve ficar longe de tudo isso e reafirmar que a nova aliança que Jesus trouxe é muito diferente daquela que Deus entregou ao povo de Israel por meio de Moisés no Monte Sinai, mas que tinha prazo de validade. Há até um livro no Novo Testamento, a carta aos Hebreus, escrito para dizer que tudo no novo concerto é superior ao antigo.

“Mas agora Jesus obteve um ministério tanto mais excelente, quanto é também Mediador de superior aliança instituída com base em superiores promessas. Porque, se aquela primeira aliança tivesse sido sem defeito, de maneira alguma estaria sendo buscado lugar para uma segunda aliança.” – Hebreus 8:6-7

Que valorizemos e preguemos o poder da simplicidade do evangelho de Jesus, poderoso não para apenas remendar, mas transformar a vida daqueles que o aceitam, purificando-os para viver nas regiões celestiais.

“Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego.” – Romanos 1:16