O ser que tem mais medos se chama “Mãe”. A mãe já se constitui como mãe sentindo medo: medo de que o bebê em desenvolvimento possa não estar saudável, medo do parto, medo de não saber cuidar do ser tão pequenino, medo de não acordar se o filho chorar à noite, medo de que o filho sofra, se machuque ou adoeça. Se engana quem pensa que os medos cessam com o crescimento dos filhos; eu poderia escrever centenas de páginas sobre os receios – mãe é criativa neste assunto! E eu nem sou das mais medrosas!
Cada vez que vi o rostinho das minhas filhas pela primeira vez, senti um misto de amor, alegria e pavor. Um medo absurdo de estragar algo tão frágil e tão perfeito! Mesmo assim, me dei ao luxo de criar expectativas de que ensinaria a elas de TUDO… e que esse “tudo” seria aprendido, comemorado, utilizado E SERIA SEMPRE BOM. Mas, à medida que elas vão crescendo, se desenvolvendo, criando formas de se relacionar com o mundo e com as pessoas, vão precisando menos dos meus “ensinamentos”… e de novo vem um pavor no ato de perceber que elas vão precisando menos do “tudo” que eu queria ensinar!
Agora, com uma filha com 20 anos e morando à 2 mil quilômetros de distância, me deparo com uma fase difícil para uma mulher controladora: a fase de confiar. Confiar que não dei autonomia demais para deixa-la afoita, inconsequente ou arrogante; nem autonomia de menos, deixando-a vulnerável, ingênua ou insegura.
Por vezes me vejo mergulhada numa piscina de sentimentos confusos: admirada quando percebo o caráter responsável de cada uma, e ao mesmo tempo apreensiva, ansiosa e emotiva quando percebo um passo delas na direção da independência. Acredito que meu maior medo é o de ser irrelevante, de ser colocada no lugar de expectadora na vida delas. E tenho consciência de que isso é possessividade, ciúme, egoísmo… isso me lembra que ser mãe é estar nesse lugar de vulnerabilidades.
Tantas vezes chorei, orei, errei, perdi a paciência, clamei, e sei que ainda irei fazer tudo isso repetidas vezes…. Cadê o manual, gente? Qual é a medida da correção, do ensino, da disciplina, do afeto, dos elogios, da brincadeira, da seriedade? Sempre acho que erro mais do que acerto! Mas, o Amor de uma Mãe é maior do que todos os medos, por isso, ela não recua nem paralisa diante dos desacertos. Do contrário!
Sendo Mãe aprendi a perdoar as falhas da minha própria mãe. Aprendi que, ao invés de enfatizar o que eu gostaria de fazer diferente dela, me apego ao que ela fez de certo (e foram muitos acertos!). Aprendi, sendo mãe, a clamar, do fundo da minha alma, que o Senhor apague as marcas dos meus erros dos corações das minhas filhas, clamar que o amor dEle preencha nosso espírito, restaure nosso ser, cure as feridas, transforme o que é feio, amargo e partido em algo lindo, puro, perfeito. Clamo ao Pai para que os nossos olhos estejam voltados para tudo aquilo que temos de potencial, de ganho, de bom que aprendemos uma com a outra.
Se você é uma Mãe que hoje sente não estar acertando, que se encontra numa situação de conflitos, que sofre com a distância e desamor no olhar do filho, que não sabe por onde começar o processo de reencontro com ele, quero dizer: comece com os joelhos dobrados. Confesse ao Senhor as suas faltas, seus anseios, seus pecados, seus medos, suas inconsistências. Dobre os joelhos em dias, meses ou anos se for preciso, confiando que Deus é fiel na restauração de relacionamentos, Deus se compadece de um coração quebrantado, Ele escuta o clamor, sara feridas e transforma a dor em alegria. Creia, pois eu já precisei dobrar os joelhos e fui atendida no meu clamor, e farei quantas vezes for preciso, na confiança que o Senhor ainda tem muito o que trabalhar na minha família, a começar em mim.
Acima de tudo, porém, tende amor intenso uns para com os outros, porque o amor cobre multidão de pecados. (1Pe 4:8)
Não adianta querer ser uma super heroína, não resolve carregar o peso da culpa pelas falhas. O mais importante é lembrar sempre que o maior acerto de uma Mãe é aceitar Jesus Cristo como Salvador da sua vida, ser batizada para perdão dos pecados e se deixar ser moldada pelo exemplo perfeito de Jesus; é confiar os seus filhos ao Senhor, entregando a vida deles ao Criador e Pai zeloso.
O maior acerto de uma Mãe é tentar ser, todos os dias, uma mulher que agrada o SENHOR. E esse é o dia para começarmos. Feliz jornada para todas nós!