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A COMUNHÃO COM DEUS NÃO NOS AFASTA DOS IRMÃOS

O tema deste mês de novembro no boletim das igrejas de Cristo em Guarulhos, Amo Jesus, Porque Ele me amou primeiro, é muito importante. O tema é “Construindo no secreto”, através do qual incentivamos os irmãos a buscarem uma intimidade pessoal com Deus no secreto, no quarto, conforme ensino do Senhor Jesus:

“Mas, ao orar, entre no seu quarto e, fechada a porta, ore ao seu Pai, que está em secreto. E o seu Pai, que vê em secreto, lhe dará a recompensa.” – Mateus 6:6

Como um dos editores da publicação, tenho o privilégio de ser o primeiro a ler todos os artigos do boletim e, como sempre acontece, os articulistas esforçaram-se e escreveram a respeito do assunto proposto de forma clara.

Porém, até pela coluna na qual escrevo bimestralmente, “Doutrina Cristã”, aproveitei para corrigir um erro que vejo no mundo religioso, mas também na irmandade, isto é, basta ter comunhão com Deus ou, por ter muita comunhão com Deus, não preciso investir na comunhão com os irmãos em Cristo. Esse é um falso ensino que vejo atingindo alguns irmãos. Há ainda aqueles que acham que comunhão com os irmãos deve se restringir às reuniões como igreja, em especial o culto dominical.

E existem ainda aqueles que defendem reuniões nas suas casas, o que não é antibíblico. Mas torna-se uma falsa doutrina quando a motivação são problemas de relacionamento não resolvidos no corpo de Cristo. Uma espécie de fuga. Até concordo que às vezes o relacionamento no corpo torna-se pesado, somos um peso na vida uns dos outros por causa de nossos pecados e personalidade. Eis aí a razão da Bíblia nos incentivar a perdoar 70 x 7 (Mateus 18:21-22 e Lucas 17:3-4), isto é, sempre termos uma dose de compaixão para com os irmãos em Cristo.

Vejamos alguns ensinos da Palavra:

“Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. “- 1 João 1:9

Já ouvi irmãos afirmando, tomando como base esse texto, que basta confessar seus pecados a Deus e não precisa confessar para pessoa alguma. Ou, então, não precisa compartilhar sua vulnerabilidade com um irmão ou irmã em Cristo. É uma conclusão equivocada e que tem levado muitos a caírem em escândalos no meio do povo de Deus, com pecados que, ao se tornarem públicos, às vezes levam a pessoa, envergonhada ou por medo ser julgada, a deixar o corpo de Cristo. Se tivesse confessado a um irmão maduro a chance de cair teria sido bem menor.

Vejamos o que João diz no mesmo capítulo de sua carta:

“Se andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado. “- 1 João 1:7

Claro que não há necessidade de contar “tudo” aos irmãos e muito menos a qualquer irmão. Precisamos escolher contar para um irmão maduro e espiritual. Mas, certos pecados são colantes (Hebreus 12:1) e viciantes e, sozinhos, apenas orando a Deus, muitas vezes não vamos conseguir vencer sem alguém de “carne e osso” para nos ajudar. Andar na luz é viver de forma transparente, especialmente tendo irmãos que poderão nos ajudar na nossa luta contra o pecado (Hebreus 12:4).

“Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros, para que vocês sejam curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo. “- Tiago 5:16

Eis uma excelente receita de Tiago, inspirado pelo Espírito Santo. Devemos confessar os nossos pecados uns aos outros. Não como faz o mundo religioso, que diz ser necessário uma “autoridade eclesiástica” para nos conceder perdão e prescrever a penitência. Não. Precisamos de irmãos maduros, firmes na fé, bem conscientes de seus próprios pecados (Gálatas 6:1) que, com paciência, firmeza e brandura, possam nos ajudar a vencer, seja pecado, seja aquele momento difícil que estamos passando.

Ao contrário do que diz a religião, não precisamos de uma corrente de oração para Deus nos atender. Ele é poderoso e bom para atender a oração de apenas um filho dele. No entanto, quando oramos juntos, a oração fica ainda mais eficaz, não somente pela ação de Deus em si, mas pelo conforto de sabermos que existem outras pessoas lutando junto conosco em oração (Atos 12:5).

Sim, busquemos o secreto, junto com Deus. Mas que o segredo com Ele e a intimidade com Ele não signifique deixarmos de valorizar a comunhão com nossos irmãos em Cristo, na comunidade quando nos reunimos, mas também em momentos de oração e conversa uns com os outros fora do local das reuniões.

A ideia de confessar somente para Deus pode se tornar uma bem-intencionada, mas falsa doutrina, revestida de espiritualidade. Qualquer ensino que afaste os irmãos, tenhamos certeza, não vem de Deus.