fbpx

“ONDE ESTÁS”?

"ONDE ESTÁS"?

A pergunta do título deste artigo foi a que Deus fez a Adão em Gênesis 3:9, logo após ele comer o fruto proibido e se esconder. Ao analisarmos mais a fundo esse acontecimento, podemos notar algumas coisas que nos trarão ensinamentos para colocarmos em prática em nossa vida e que nos ajudarão a entender melhor a natureza maravilhosa de nosso Pai.

Primeiro, devemos prestar atenção à pergunta que Deus faz a Adão, “onde estás”. Não é razoável supor que Aquele que é Onisciente, Onipotente e Onipresente não soubesse onde estaria escondido Adão, como se fosse possível alguém brincar de esconde-esconde com Deus! Claramente, essa pergunta refere-se muito mais a uma situação espiritual do que a uma situação meramente geográfica.

A pergunta de Deus tinha o objetivo de fazer com que Adão pudesse raciocinar sobre o mal que ele tinha feito e todas as consequências advindas daí. Se observarmos o contexto, veremos que, até o cometimento do pecado do primeiro casal, eles e Deus tinham um constante contato, e a presença de Deus lhes era um privilégio. Ao pecarem, esse contato foi rompido, e aquilo que era um prazer tornou-se um motivo de medo e tentativa de fugir de Sua presença.

Podemos usar uma licença poética e imaginar a cena, com Adão e Eva, talvez, escondidos atrás de uma árvore, com Adão com o dedo sobre a boca pedindo a Eva que ficasse quietinha a fim de Deus não os achar, como tantos de nós já fizemos ao brincar de esconde-esconde com alguém. Mas, como diz o ditado, “seria cômico se não fosse trágico”, se entendermos a gravidade do que havia acontecido. Uma cena que tanto nos lembra nossos momentos de infância estava, a partir de então, eternamente ligada ao terrível momento do ser humano deixando de ter comunhão com seu Criador por causa da desobediência e pecado.

E é isso que o pecado traz. Medo, vergonha, tentativa frustrada de fugir. E a cada pecado, o homem vai buscando maneiras de se esconder de Deus, seja ficando atrás de uma árvore, enfiando a cabeça na areia ou buscando desculpas para se justificar (como o próprio Adão, ao acusar Eva). E a cada tentativa de fuga, só ficamos cada vez mais distantes, mais afastados, mas cheios de culpa, medo e vergonha.

E nessa vergonha, deixamos de prestar atenção ao que Deus quer nos proporcionar ao nos chamar, a dizer a cada um de nós após pecarmos, “onde estás, meu filho”? Deixamos a vergonha do pecado sobrepor à voz amorosa de Deus, como a nos dizer que é só nos apresentarmos diante Dele para que possamos nos socorrer e nos oferecer seu ombro de Pai.

A história de Adão mostra que a cada dia nós também podemos escolher entre continuar tendo a comunhão e a presença de Deus ou buscarmos uma tentativa patética de nos escondermos Dele. O nosso Pai sabe exatamente onde nós estamos, mas essa Sua pergunta visa fazer com que nos encontremos a nós mesmos, perdidos em nossos próprios erros. A bondade e a misericórdia de Deus são tão mais amplas e infinitas que nem sequer conseguimos imaginar.

Não permita, meu irmão, que o pecado te faça imaginar que “ficar atrás de uma árvore ou da cortina da sala” seja suficiente para se esconder de Deus. Não foi para Adão, não será para nós. Nossos pés sempre ficarão aparecendo.

“Dependência” – João 1.4,5

“A vida estava nele e a vida era a luz dos homens” – João 1:4

     Quando olhamos para a lua cheia, em um dia de verão, geralmente ela está brilhante, gigante, perfeita, mas, ao contrário do que se fala, a lua não brilha, ela apenas reflete o brilho do sol, sem o qual ela desaparece, é o que chamamos eclipse lunar.

     Desde que o homem comeu o fruto da árvore proibida do Jardim é como se tivéssemos travados em um loop¹ eterno, em que nos escondemos e não conseguimos encontrar Deus, como nos temos do gênese.

    A humanidade, desde Adão, tem dificuldades de entender a vontade de Deus, isso faz parte do que significavam as palavras “certamente morrereis”, em parte, naquele momento, Adão destravou o sistema de decomposição da carne, e com esta mesma atitude encerrou seu vínculo com Deus, morrendo espiritualmente, devido a sua incapacidade de viver plenamente, se tornou escravo dos próprios desejos, trabalhamos, estudamos e lutamos ao longo de quase 8 mil anos, para satisfazer prazeres tão efêmeros que no século XIV começou a circular o ditado:

“Carpe Diem”(~aproveite o dia),

Como podemos aproveitar a vida se não estivermos livres, vamos nos destruir em escravidão (Gn 3; Tg 1.13-15; 1Jo 2.15-17).

     Não, Deus não ficou parado, punitivamente estático no jardim do Éden; podemos inclusive acreditar que o pecado original foi a chave para a consciência, conscientes da própria existência os homens tomaram decisões, e aqui estamos (Rm 5; 1Co 15).

     João na introdução gloriosa e poética de seu relato sobre a vida de Jesus nazareno, descreve-O como o Cristo de Deus aos homens, poderoso para curar e cheio de compaixão pela humanidade, ao ponto de pagar o preço pela nossa liberdade, para vivermos, como originalmente, agindo pelos instintos da fé e não pelos instintos da carne (Rm 6.1-4, 17-23, 8.5, 15-17).

     Esse convite de João declara a vitória eterna de Deus sobre o mal, assim como demonstra o poder, disponibilidade e interesse de Deus em nos ter próximos a Ele, ao pagar do próprio bolso, com o próprio sangue, a alforria de nossa vida, Ele ainda nos dá um propósito e esperança, refletir a luz dEle, aqui na terra, a todos os homens, TODOS, sem acepção ou descriminação, enquanto aguardamos pelo último dia (Jo 3.16; Rm 1.16,17).

“Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego”
Romanos 1:16

______________________________

  1. Loop é um termo utilizado em informática para um conjunto de instruções que um programa de computador percorre e repete um significativo número de vezes até que sejam alcançadas as condições desejadas.