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QUANDO A DÚVIDA QUER ASSALTAR NOSSA FÉ

QUANDO A DÚVIDA QUER ASSALTAR NOSSA FÉ

“Todas estas coisas foram relatadas a João pelos seus discípulos. E João, chamando dois deles, enviou-os ao Senhor para perguntar: — Você é aquele que estava para vir ou devemos esperar outro?” – Lucas 7:18-19

Esta pergunta de João feita a Jesus sempre me causou certo espanto. Afinal, com certeza, seus pais tinham contado a visita do anjo Gabriel a Zacarias e posteriormente a Maria. Da missão que João teria como profeta do Altíssimo (1:76). Sua mãe deveria ter relatado a alegria que o próprio João, ainda no ventre materno, demonstrara com a visita de Maria grávida.

João também se lembrava de como o Espírito Santo descerá sobre Jesus no momento do batismo, exatamente como a ele fora avisado que aconteceria e desta forma reconheceria o Messias prometido a Israel (João 1:29-34)

Por que, então, João pergunta: “Você é aquele que estava para vir ou devemos esperar outro?”

Eu creio que a resposta seja a mesma que levou Maria e os irmãos de Jesus irem prendê-lo por pensarem que estava louco (Marcos 3:21). É quase certo que a ideia que Zacarias, Isabel e a própria Maria tinham a respeito da missão de Jesus no mundo fosse apenas local e política: livrar o povo de Deus do julgo romano.

Não é por menos que no cântico de Maria e de Zacarias há menção de livramentos nesse sentido:

“Derrubou dos seus tronos os poderosos e exaltou os humildes.” – Lucas 1:52

“Para nos libertar dos nossos inimigos e das mãos de todos os que nos odeiam.” – Lucas 1:71

Além disso, pode ser que João pensasse que seu papel no futuro reino de Deus fosse mais importante. A prisão do profeta pode tê-lo deixado confuso e até certo ponto decepcionado, pensando que tinha se enganado quanto ao que pregara aos seus discípulos. Pois o próprio João indicara Jesus para que seus discípulos o seguissem (João 1:35-37).

Essa dúvida de João nos ensina algo importante: há um Jesus que nem mesmo as palavras nas Escrituras captaram totalmente. Há um Jesus que, por mais que estudemos a Bíblia, não compreenderemos na sua totalidade. Isso acontecerá somente no céu (1 João 3:2)

E a maneira de Jesus trabalhar em nossa vida nem sempre compreendemos. Qual a razão para termos momentos de dúvidas e desânimo? Na realidade nunca houve na terra alguém que se aproximou de Deus e compreendesse na total plenitude seu modo de agir.

Vemos dúvidas em diversos profetas como Moisés, Abraão, Elias, Davi, nos homens de Deus no Novo Testamento como Paulo. Até mesmo o próprio Jesus parece ter tido seu momento de dúvidas no Getsêmani.

Paulo entendeu que ainda não conhecia completamente Jesus:

“O que eu quero é conhecer Cristo e o poder da sua ressurreição, tomar parte nos seus sofrimentos e me tornar como ele na sua morte.” – Filipenses 3:10

Portanto, a dúvida de João deve, até certo ponto, nos ajudar a não nos cobrar demais quanto nossa fé parece vacilar, quando ficamos desanimados e especialmente não entendemos a maneira de Deus trabalhar em nós e através de nós. Às vezes parece que fizemos tudo certinho, dentro do script de Deus, mas o retorno não parece ser aquilo que imaginávamos.

Hoje quero nos chamar a pensar sobre as vulnerabilidades que existem ainda em nossa fé, talvez momentos de desânimos por não compreendermos totalmente a ação de Deus.

No próximo artigo veremos a resposta de Jesus dada a João. E, com isso, tenhamos certeza, o Senhor não nos julgará por causa de nossas dúvidas, podemos, sim, levá-las a Ele. E no momento certo, no tempo oportuno de Deus, seja nesta vida ainda, seja já morando nas regiões celestiais, compreenderemos perfeitamente.

Nosso papel é manter nossa confiança, mesmo em meio aos sentimentos e dúvidas que vem, especialmente quando estamos sofrendo por fazer o que é certo.



Fazendo a Pergunta Certa

No nosso dia a dia existem algumas frases e expressões que passam a fazer parte do linguajar, e muitas vezes são usadas de modo tão comum que nem mesmo nos damos conta que as usamos. E, de tão usadas, passam até a ser uma maneira de pensar e viver de acordo com essas frases. Uma das mais usadas, talvez, seja “qual é o mal em fazer tal coisa?” e suas variantes (“quem mal tem isso?”, “por que não?”, etc).

Embora as pessoas não enxerguem assim, embutido dentro dessas “frases prontas” existe também um tipo de “desculpa pronta” para os erros cometidos. Vamos usar um exemplo bem simples: chegamos 15 minutos atrasados pra um compromisso qualquer e dizemos “qual o mal em se atrasar 15 minutos?” e, com isso, perdemos a noção que o atraso de 15 minutos, por si só, já é um erro! A outra pessoa que está nos aguardando fez o possível pra chegar no horário e esse nosso atraso pode atrapalhar outros compromissos que essa pessoa teria. Mas, dentro da nossa ótica, nesse exemplo, “não há mal nenhum” nesse “pequeno atraso”. Nossa “desculpa pronta” já nos parece suficiente pra justificarmos nosso erro.

Agora, e quando usamos essas frases dentro da nossa vida espiritual, que é o que nos interessa de verdade? E quando essas frases prontas, que muitas vezes já se tornaram parte de nossa maneira de agir, também passam a ditar nossas decisões espirituais? Que mal isso pode causar à nossa espiritualidade? E quando usamos as frases “que mal isso pode fazer?” ou “que mal tem isso?” dentro de nossa vida com Cristo?

Vamos usar essas frases usando alguns exemplos bem conhecidos, embora esses exemplos sempre sejam temas de controvérsias, mas quero nos levar a pensar “fora da caixinha”, de um modo maduro, e ver que, “fazendo a pergunta certa”, muitas dessas controvérsias seriam resolvidas. Quando ouvimos alguém falar “que mal tem eu…tomar uma cerveja”, ou então “que mal tem eu…fazer uma tatuagem” ou ainda “que mal tem eu…fazer isso ou aquilo”, será que essas frases já não tem, como disse acima, embutida dentro de si mesmas, uma “desculpa pronta”?

Se somos cristãos verdadeiros e queremos ser a diferença no mundo( Romanos 12:2 – E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.), a pergunta certa a ser feita não é “que mal tem isso”, mas sim devemos nos perguntar “qual o bem que isso ou aquilo pode trazer”. Perceba como a pergunta certa traz uma direção muito melhor quanto ao que fazer, usando os mesmos exemplos citados acima: ao invés de perguntar “qual o mal que tem eu fazer uma tatuagem”, quando perguntamos “qual o bem que fazer uma tatuagem vai trazer” ou então “qual o bem que tomar uma cerveja vai trazer”, se eu for sincero comigo mesmo e com Deus, a resposta sempre será a correta, porque nessa pergunta estarei demonstrando o amor que Deus espera que eu demonstre não por minhas próprias opiniões, mas sim por aquilo que é melhor para o corpo de Cristo. (Romanos 15:2-3 -Portanto, cada um de nós agrade ao próximo no que é bom para edificação. Porque também Cristo não se agradou a si mesmo; antes, como está escrito:As injúrias dos que te ultrajavam caíram sobre mim).

Sabemos que nesse contexto há muitas coisas a serem consideradas e discutidas, mas também sabemos que muitas vezes queremos usar essas “frases prontas” pra justificarmos algo que, no fundo, sabemos o que fazer. Deixe de se perguntar “qual o mal que isso pode trazer” e comece a perguntar-se “que bem isso pode trazer”. Você vai ver que muitas dúvidas serão resolvidas. Que Deus nos abençoe a fazermos sempre a pergunta certa.