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VASOS DE HONRA OU VASOS DE DESONRA

VASOS DE HONRA OU VASOS DE DESONRA

INTRODUÇÃO

De vez em quando alguém me pergunta: “Judas Iscariotes teve a escolha de não trair Jesus ou foi premeditado para tanto? Logo, não importa o que fizesse, fatalmente trairia o seu Senhor?”

É uma pergunta interessante e até certo ponto difícil de responder. Afinal, o Senhor Jesus o chamou de “Filho da Perdição” e disse que em razão da Escritura precisar se cumprir.

“Quando eu estava com eles, guardava-os no teu nome, que me deste; eu os protegi e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura.” – João 17:12

I – MINHA LEITURA DO LIVRO DE ATOS

Após ler o evangelho de Lucas, iniciei há alguns dias a leitura do livro de Atos. E cheguei ao texto a seguir, que utilizo como base para responder a questão levantada.

“— Irmãos, era necessário que se cumprisse a Escritura que o Espírito Santo predisse pela boca de Davi, a respeito de Judas, que foi o guia daqueles que prenderam Jesus. Ele era um dos nossos e teve parte neste ministério.” – Atos 1:16-17

De fato, havia textos claros sobre a traição de Judas, como o mencionado por Pedro como oriundo da boca de Davi, inspirado pelo Espírito Santo.

“Até o meu amigo íntimo, em quem eu confiava, que comia do meu pão, levantou contra mim o seu calcanhar.” – Salmo 41:9

Como conciliar a soberania de Deus com o livre arbítrio do ser humano? 

De fato, do céu o Senhor olha e conhece cada uma das pessoas criadas por Ele:

“Do céu o Senhor olha para os filhos dos homens, para ver se há quem tenha entendimento, se há quem busque a Deus.” – Salmo 14:2

Desde a queda do ser humano no jardim do Éden o Senhor Deus vem desenvolvendo e trabalha no seu plano de salvar a humanidade. E Ele é tão poderoso e soberano que utiliza todos para que seus planos se cumpram. Nesse sentido, até o diabo é servo de Deus.

II – O TRABALHO DE DEUS

Como diretor de uma peça de teatro, o Senhor distribui os papéis e todos desempenharam um. Ninguém fica neutro. Alguns como vasos de honra e outros como vasos de desonra. Ele é soberano para isso.

“Será que o oleiro não tem direito sobre a massa, para do mesmo barro fazer um vaso para honra e outro para desonra?” – Romanos 9:21

“Ora, numa grande casa não há somente utensílios de ouro e de prata; há também de madeira e de barro. Alguns, para honra; outros, porém, para desonra. Assim, pois, se alguém se purificar destes erros, será utensílio para honra, santificado e útil ao seu senhor, estando preparado para toda boa obra.” – 2 Timóteo 2:20-21

III – EXEMPLOS BÍBLICOS

Deixe-me dar alguns exemplos bíblicos. João Batista e Zacarias não nasceram predestinados para serem os pais de João Batista. Mas o Senhor Deus precisava de um casal piedoso para esse papel. E vejamos o que a Bíblia diz a respeito deles:

“Ambos eram justos diante de Deus, vivendo de forma irrepreensível em todos os preceitos e mandamentos do Senhor.” – Lucas 1:6

Pronto! O Soberano Senhor precisava de um casal fiel para os pais do profeta precursor do seu Filho. E ouvindo as constantes orações do casal por um filho e vendo a vida que eles levaram, como diretor da história mundial, Deus os “escolheu”. Na verdade, eles se amoldam ao papel que o Senhor precisava. Se não fossem eles, seria outro casal.

Mais um exemplo: Maria e José. Ao contrário do que a religião ensina, não foram predestinados para terem o privilégio de serem os pais terrenos do Filho de Deus. Porém, o Senhor precisava de alguém que cumprisse esse papel. E vejamos o que Ele viu no casal piedoso, revelado posteriormente:

” Então Maria disse: — Aqui está a serva do Senhor; que aconteça comigo o que você falou. Então o anjo foi embora.” – Lucas 1:38

“José, com quem Maria estava para casar, sendo um homem justo e não querendo envergonhá-la em público, resolveu deixá-la sem que ninguém soubesse.” – Mateus 1:19

Deus precisava de um casal que cumprisse o importante papel de pais terrenos de seu Filho. Dos céus Ele olhou em Israel as pessoas na época do nascimento de Jesus e Maria e José preenchiam perfeitamente esse papel. Por isso, foram “escolhidos”. Podia ser qualquer outro.

IV – O CASO DE JUDAS ISCARIOTES

Agora olhemos o caso de Judas. Já havia uma profecia de que uma pessoa que chegasse a Jesus o trairia. No meio dos 12 apóstolos podia ser qualquer um deles. Mas Judas se “apresentou” como voluntário através do seu caráter já corrompido pelo pecado.

“Ele disse isso não porque se preocupava com os pobres, mas porque era ladrão e, tendo a bolsa do dinheiro, tirava o que era colocado nela.” – João 12:6

O amor de Judas pelo dinheiro, a raiz de todos os males (1 Timóteo 6:10) o credenciou para ser aquele que trairia seu Mestre. Ele não foi escolhido e criado por Deus para isso. Mas a vida que resolveu viver o fez “voluntário” nesse papel de desonra. O nome Judas tornou-se sinônimo de traição.

Por isso Jesus lhe diz palavras tão duras – Marcos 14:17-23, João 6:70, 13:10-11

APLICAÇÃO

Isso não acontece somente com Judas, mas, como disse no início, com toda a humanidade, cada pessoa será um vaso de honra ou de desonra na grande história de salvação de Deus. Ninguém está neutro, todos cumprem um papel dado por Deus, mas preenchido a partir de nossas próprias escolhas.

“E é até necessário que haja partidos entre vocês, para que também os aprovados se tornem conhecidos entre vocês.” – 1 Coríntios 11:19

Portanto, a partir de nossas escolhas pessoais, a partir dos valores que temos, divinos ou humanos, vamos nos amoldar aos papéis de Deus para que, no final, seu grande plano aconteça. 

Às vezes podíamos cumprir um papel tão relevante, mas, em razão de escolhas erradas feitas, teremos um papel, porém, mais coadjuvante. Os grandes papéis são reservados para aqueles que se amoldam a eles como se amoldam Maria, José, Isabel, Zacarias, Paulo, Pedro, entre outros. Às vezes até um vaso de desonra é utilizado para o crescimento do vaso de honra. É o caso do faraó do Egito no Velho Testamento e Pôncio Pilatos no Novo.

Consigo lembrar de decisões erradas que tomei e que por isso, hoje, sim, sou utilizado por Deus, graças a Ele, para a sua honra. Mas, se tivesse tomado melhores decisões, seria um vaso de honra de maior destaque na obra de Deus. Nossas escolhas erradas diminuem o papel que o Senhor nos dará como o grande diretor que é.

CONCLUSÃO

Vasos de honra ou de desonra? Não é Deus quem escolhe, somos nós que nos moldamos. Como fizeram os personagens citados. E lembremo-nos: talvez algumas decisões tomadas no dia de hoje influenciam no papel que Deus nos colocará no grande plano de salvação da humanidade que Ele tem.