Lembro-me do tempo de juventude, quando ainda estava aprendendo a viver. Meus irmãos me criticavam por alguns comportamentos e até por minha personalidade. Meus pais me corrigiam como achavam melhor, e, por um tempo, isso abalou muito minha autoestima. Com o passar dos anos, eles também amadureceram e começaram a respeitar mais quem eu sou, deixando para trás muitos dos meus erros.
Talvez você também se lembre de momentos em sua vida em que as palavras duras afetaram sua autoestima. Tempos em que você precisava de compreensão e apoio, mas só ouvia críticas. Talvez você ainda esteja passando por isso agora. Com o tempo e o amadurecimento, aprendemos que quem dá poder às críticas somos nós mesmos. Aprendi que, quando alguém faz uma crítica, somos nós que decidimos o que fazer com ela: se a tornamos construtiva ou destrutiva. Afinal, críticas são apenas críticas.
Agora, você já passou por todo o processo: ouviu a Palavra de Deus, teve fé em Jesus como Salvador, arrependeu-se de seus pecados, confessou Jesus como seu Senhor e Salvador, foi batizado por imersão nas águas e tem perseverado, mesmo diante das dificuldades. Quando você vai à igreja, o que espera? Você encontra comunhão, instrução, e a conexão com o corpo de Cristo através da Ceia. Tem a oportunidade de expressar sua generosidade por meio das ofertas, demonstrando gratidão pela prosperidade que Deus lhe concedeu. Certamente você espera ouvir a Deus através da pregação, não é mesmo? Mas imagine chegar à igreja e ouvir apenas acusações. Ei, o acusador é outro!
Uma mensagem recente que ouvi, de tantas que já ouvi, dizia: “Você é egoísta!”. Foi uma mensagem muito negativa, sem nada edificante. Quase que o pregador disse: “Você não presta”. Na verdade, ‘nas entrelinhas’, foi isso que ele disse, ou pelo menos parecia. Já não sou mais adolescente e isso não me afetou. Não “visti a carapuça”. Aquela mensagem não edificou minha vida, e eu não senti que era o que a igreja precisava.
A Bíblia nos ensina o que a igreja precisa. Um irmão, em conversa comigo, disse:
– Acho que as mensagens nesta congregação são muito negativas. Só se fala sobre problemas. Será que somos uma igreja amaldiçoada?
Uma mensagem bíblica edificante precisa, sim, repreender e corrigir, mas também exortar. Exortar significa “chamar para perto”, “consolar”, “confortar”, “encorajar”, “fortalecer”. Ou seja, uma mensagem bíblica deve ser planejada para ter um equilíbrio de 33,3% de repreensão, 33,3% de correção e 33,3% de exortação, totalizando 99,9% (arredonde para 100%). Espero que você compreenda que é necessário haver equilíbrio na pregação. As pessoas precisam de correção e repreensão, mas a exortação é igualmente importante. Para aprofundar-se nesse tema, recomendo a leitura de um artigo que aborda isso com mais detalhes.
Os pecadores, os cansados e sobrecarregados que vêm a Jesus e se sentam aos Seus pés durante o culto esperam ser repreendidos e corrigidos, mas também precisam sair encorajados e fortalecidos pela mensagem.
O apóstolo Paulo ensina muitas coisas práticas sobre a mensagem e os mensageiros nas epístolas a Timóteo e Tito. Ele nos ensina que quem prega deve equilibrar a Palavra de Deus. Ele diz:
“Pregue a palavra, esteja preparado a tempo e fora de tempo, repreenda, corrija e exorte com toda a paciência e doutrina.” – 2 Timóteo 4:2 (NVI)
Uma só mensagem não vai mudar as pessoas, por isso é preciso paciência. Uma mensagem vazia sobre a vida não dá o sentido que ela precisa ter. Portanto, pregue com doutrina.
As pessoas precisam ouvir repreensão, correção e exortação na pregação. Não sei o que você pensa ao ouvir a palavra exortação, mas seu significado é ânimo. Uma mensagem negativa ou acusativa é mais fácil de preparar do que uma mensagem equilibrada, que contenha repreensão, correção e exortação. Uma pregação bíblica, fundamentada na Palavra de Deus, atinge as pessoas em suas necessidades – tanto os membros do corpo de Cristo quanto os visitantes.
Aqueles que pregam devem se lembrar de que exortação também significa ânimo.
“Se por estarmos em Cristo temos alguma motivação, alguma exortação de amor, alguma comunhão no Espírito, alguma profunda afeição e compaixão, completem a minha alegria, tendo o mesmo modo de pensar, o mesmo amor, um só espírito e uma só atitude. Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas, humildemente, considerem os outros superiores a vocês mesmos.” – Filipenses 2:1-3 (NVI)
Geralmente já chegamos ao domingo com muitos problemas. Precisamos de ânimo para começar a semana e continuar progredindo na fé. Precisamos de força na luta contra o pecado. Alguém, por acaso, vai ao culto esperando sair sentindo-se acusado, pressionado e sobrecarregado? Você deve saber que “diabo” significa acusador, certo? Mas temos um Justificador, e Ele é maior que qualquer acusação. Isso deve transparecer na pregação. Jesus nos anima a continuar; Ele nos exorta, ou seja, nos encoraja a buscar o perdão, a nos arrepender e a nos amar, mesmo em nossa imperfeição, justificando-nos. Ele tem misericórdia de nossas fraquezas. O pregador representa Jesus, e, por isso, deve ter compaixão. Sua mensagem deve exortar aqueles que estão cansados e sobrecarregados.
