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LIÇÕES ENSINADAS PELOS AMIGOS DE DANIEL

LIÇÕES ENSINADAS PELOS AMIGOS DE DANIEL

“O rei Nabucodonosor fez uma imagem de ouro que tinha vinte e sete metros de altura e dois metros e setenta de largura, que ele levantou na planície de Dura, na província da Babilônia.” – Daniel 3:1

“Quem não se prostrar e não a adorar será, no mesmo instante, lançado na fornalha de fogo ardente.” – Daniel 3:6

“Se o nosso Deus, a quem servimos, quiser livrar-nos, ele nos livrará da fornalha de fogo ardente e das suas mãos, ó rei. E mesmo que ele não nos livre, fique sabendo, ó rei, que não prestaremos culto aos seus deuses, nem adoraremos a imagem de ouro que o senhor levantou.” – Daniel 3:17-18

O exemplo de fé de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego é uma lição importante para a igreja nos dias de hoje: uma fé e dedicação a Deus que independem daquilo que o Senhor venha a fazer. Por isso seu exemplo é lembrado na lista de heróis da fé no livro de Hebreus (11:34a). Mesmo que Deus não os tivesse livrado da fornalha do rei Nabucodonosor, eles seriam heróis da fé.

Às vezes ouço alguém dizer, logo após ser atendido por Deus através de um ato de misericórdia dele: “Deus é bom!” Eu fico pensando: “Deus deixaria de ser bom se não o tivesse atendido da maneira como você pediu?”

Deus deixaria de ser bom se aquela pessoa por quem intercedesse tivesse morrido? Ou se aquele livramento não tivesse ocorrido? São perguntas importantes para pensarmos aonde chegamos em nossa fé em Deus.

Claro que a fé de cada pessoa no início é frágil, é imatura, precisa ser desenvolvida. Eis a razão de tantos milagres de Deus no evangelho e no início da igreja. Porém, como o próprio Paulo disse, no futuro a igreja deixaria de ser criança e passaria a ter a fé adulta (1 Coríntios 13:11). Daí pergunto para mim e para você que lê este artigo: já atingimos a maturidade em nossa fé, a ponto dela independer dos atos salvadores de Deus?

Quero ainda analisar a atitude de Nabucodonosor: primeiro ele pergunta: “E quem é o deus que os poderá livrar das minhas mãos?” – Daniel 3:15. Em seguida, diante do poder do Senhor, faz a declaração desnecessária: “Portanto, faço um decreto, ordenando que todo povo, nação e língua que disser blasfêmia contra o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego seja despedaçado, e que as suas casas sejam reduzidas a ruínas. Porque não há outro deus que possa livrar como este.” – Daniel 3:29

Serei até irônico agora, mas não me contenho: “Os pagãos ‘piram’ ante o poder e a majestade do Todo-Poderoso, acostumados com seus deuses falsos, que precisam ser servidos e bajulados pelos seres humanos. O Senhor dos Exércitos é Deus, independente da fé que demonstramos por Ele.

Como última lição, quero agradecer a Deus por vivermos numa democracia, a generosidade divina que nos livra da falta de jeito do ser humano com o poder. Graças a Deus, em boa parte dos países, as autoridades são submissas às leis e à Constituição. Nos tempos bíblicos os cidadãos estavam muito mais à mercê do que hoje aos caprichos dos homens que, com autoridade, pensam que são deuses, como aconteceu com Nabucodonosor. Desta maneira eles tinham poder de vida ou morte sobre os seus cidadãos.

Que a fé viva dos três amigos de Daniel nos influencie a avaliar nossa fé, vermos aonde chegamos e que esse tipo de fé deles seja algo presente na minha e na sua vida.

“Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um eterno peso de glória, acima de toda comparação, na medida em que não olhamos para as coisas que se veem, mas para as que não se veem. Porque as coisas que se vêem são temporais, mas as que não se vêem são eternas.” – 2 Coríntios 4:17-18.

DANIEL: O SEGREDO DA FIDELIDADE

“Daniel resolveu não se contaminar com as finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; por isso, pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não se contaminar. E Deus concedeu a Daniel misericórdia e compreensão da parte do chefe dos eunucos.” – Daniel 1:8-9

“Depois, compare a nossa aparência com a dos jovens que comem das finas iguarias do rei. Dependendo do que enxergar, o senhor decidirá o que fazer com estes seus servos.” – Daniel 1:13

“Daniel continuou ali até o primeiro ano do reinado de Ciro.” – Daniel 1:21

Hoje começamos o livro do profeta Daniel, que viveu na Babilônia entre os anos 605 e 539 AC, isto é, por 76 anos. Ao chegar na Babilônia deveria ser bem jovem, já li que algo em torno de 15 anos, e foi grandemente utilizado por Deus.

Qual o segredo para a fidelidade de Daniel e a maneira como o profeta foi utilizado por Deus durante o período babilônico?

Acredito que a resposta esteja no versículo 8: “Resolveu Daniel, firmemente, não contaminar-se com as finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia” (ARA), a ponto de influenciar seus 3 amigos.

Creio que se Daniel não tivesse tomado essa firme decisão, teria sido engolido pela cultura babilônica e ele seria mais um exilado na Babilônia, que na Bíblia, representa o mundo contra os valores divinos.

Sem essa decisão Daniel não teria interpretado o sonho do rei que o alçou à posição importante na Babilônia, não teria havido a experiência dele na cova dos leões nem a maneira como Daniel termina o livro:

“Quanto a você, siga o seu caminho até o fim. Você descansará e, ao fim dos dias, se levantará para receber a sua herança.” – Daniel 12:13

Infelizmente, muitos seguidores de Deus, perdem grandes oportunidades por flertar com os valores mundanos e muitas vezes são por eles devorados.

Se, de um lado, Daniel resolveu de maneira firme não se contaminar com a cultura babilônica, por outro lado, vemos a maneira cortês e sábia como ele se opõe. Isto mostra que é possível manter-se puro sem ser do contra de forma frontal.

Também essa experiência de Daniel mostra algo que um irmão em Cristo costuma dizer: “Fé é colocar o pé antes no vácuo, tendo a certeza de que Deus colocará o chão”. Sim, viver em fé é obedecer, mesmo sem parecer que Deus está agindo, como farão os amigos de Daniel, que recusaram dobrar-se ante a estátua do rei no capítulo 3, mesmo sem a certeza de que Deus os livraria.

“Se o nosso Deus, a quem servimos, quiser livrar-nos, ele nos livrará da fornalha de fogo ardente e das suas mãos, ó rei. E mesmo que ele não nos livre, fique sabendo, ó rei, que não prestaremos culto aos seus deuses, nem adoraremos a imagem de ouro que o senhor levantou.” – Daniel 3:17-18

Durante essas 12 semanas aprendemos a partir da experiência de Daniel e seus amigos que Deus reina sobre os céus e a terra, Ele é poderoso, misericordioso e cuida, sempre, daquele que se mantém fiel. 

Como disse Deus para Noé (Gênesis 7:1), dá para ser fiel a Deus, mesmo num meio onde a maioria é pagã e rebelde ao Senhor.

HERÓIS

Heróis

Ao longo do tempo e da caminhada cristã de cada um de nós, inevitavelmente acabamos escolhendo aqueles personagens bíblicos com que mais nos identificamos e acabamos meio que escolhendo um “personagem favorito”, mesmo sabendo que todos nós são igualmente inspiradores e nos servindo de exemplos de vida.

Assim sendo, alguns irão se identificar mais com Moisés, outros com Daniel, ainda outros com Paulo, Pedro, Abraão, Davi e assim por diante.

Ato contínuo, ao escolhermos nossos favoritos, passamos a olhar para a vida deles e desejamos ter a mesma trajetória. Mas, invariavelmente, acabamos por nos concentrar apenas nos melhores momentos das vidas deles, aqueles em que terminaram recebendo suas recompensas ou foram elogiados pelo que fizeram. 

E dessa maneira nos lembramos de Abraão sendo chamado de amigo de Deus (Tiago 2:23) e sendo conhecido como o pai da fé; mas acabamos por deixar de lembrar que, para chegar nesse ponto, Abraão teve que abandonar sua terra para ir para uma outra que nem conhecia e nem sabia onde era, além de ter que quase sacrificar seu filho Isaque, o filho da promessa.

Se escolhermos Daniel, gostamos de lembrar como era dedicado e fiel a Deus, mas também deixamos de lado o fato de que ele foi levado cativo ainda jovem, viveu numa terra distante longe de seu povo e seus costumes, abrindo mão de aproveitar os finos manjares da Babilônia, colocando sua vida em risco ao não se sujeitar a adorar outros deuses senão o único Deus verdadeiro, mesmo num ambiente totalmente idólatra e pagão.

Se for Moisés, lembramos de seu contato direto com o Senhor, ouvindo e falando diretamente com Deus, recebendo as tábuas da Lei e tendo o privilégio de ver a glória de Deus passar por ele (Êxodo 33:18-19); e deixamos de lembrar todo o sacrifício de viver 40 anos no deserto como pastor de ovelhas, mais 40 anos também conduzindo um numeroso povo pelo deserto junto com todos os problemas que isso causa, deixar de ser considerado filho da filha de Faraó para se tornar um perseguido por Faraó e também não ter entrado na terra prometida de Canaã por causa de um lampejo de rebeldia.

Ah! Você escolheu Davi. Rei poderoso, rico, chamado de “o homem segundo o coração de Deus” (Atos 13:22). Mas lembrou-se dele enfrentando um gigante? Ou sendo implacavelmente perseguido por Saul para ser morto, escondendo-se em cavernas? Ou ainda sofrendo amargamente por seu pecado com Bate-Seba, após a morte de seu filho?

Se for Paulo, podemos nos apegar à sua inteligência, cultura e impactante orador e divulgador do Evangelho. Mas não nos esqueçamos de suas chibatadas, prisões, sofrimento e morte em Roma para que esse mesmo Evangelho fosse conhecido e divulgado por todo o mundo.

E ainda poderíamos escolher outros vários, mas a história será sempre a mesma. Todos aqueles que chamamos de heróis na Bíblia tiveram sua grande parcela de sofrimento e resiliência para pequenos momentos de vitória. Porém, essas “pequenas vitórias” foram o motivo suficiente em suas vidas para que pudessem hoje estar ao lado do Pai, pois cumpriram com as missões para as quais foram chamados. Pequenos momentos de reconhecimento em meio a uma vida inteira de lutas, mas a recompensa é imensamente superior ao que passaram.

Resta a nós, também, cumprirmos nossos papéis de servos, mesmo em meio a lutas e dificuldades, para que possamos receber a nossa recompensa que é a mesma que a deles. Viver eternamente ao lado de nosso Senhor e Salvador após “combater o bom combate, completar a carreira, guardar a fé” (II Timóteo 4:7-8).