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Algumas Lições do Getsêmani

Na Igreja nos Pimentas estamos estudando na Escola Bíblica Dominical o curso “Momentos Importantes na vida de Jesus”, escrito por nosso irmão Álvaro Pestana e temos aprendido bastante sobre a vida do Mestre.

Jesus teve uma vida intensa, a ponto de o apóstolo João escrever que se tudo o que aconteceu com Ele fosse escrito, não caberiam livros no mundo (João 21:25);

De fato, a vida do nosso Senhor é inspiradora, desafiante, e somos incentivados pela Palavra de Jesus a seguirmos os seus passos (1 Pedro 2:21). Tudo o que foi escrito sobre Jesus tem como objetivo produzir em nós fé (João 20:30-31).

Qual o momento da vida de Jesus lhe chama mais a atenção? Qual momento toca você de maneira profunda? Eu tenho vários, porém, Jesus no jardim Getsêmani toca-me de maneira especial.

A última semana de Jesus foi repleta de acontecimentos importantes: no domingo ele entra em Jerusalém saudado por grande multidão, depois expulsa os cambistas do templo, dá muitos ensinamentos aos seus discípulos, há a ceia do Senhor, a lavagem dos pés dos apóstolos e muitos ensinamentos diretos para os 12. Quinta-feira à noite, Jesus, junto com seus 11 apóstolos, segue para o jardim conhecido como Getsêmani onde será traído por Judas Iscariotes e preso, rumo à sua crucificação na sexta-feira de manhã e sua morte à tarde.

I – JESUS NO JARDIM GETSÊMANI

Antes de ser preso, Jesus levou seus apóstolos ao lugar chamado jardim Getsêmani, um dos lugares bem identificáveis até hoje, que fica ao pé do Monte das Oliveiras, um local muito visitado por Jesus com seus discípulos.

Hoje existe a Basílica católica de Getsêmani, chamada de Igreja de Todas as Nações, pois foi construída a partir de doações de vários países do mundo.

Ali havia um caminho que dava para o deserto, por onde seria fácil Jesus ter fugido, mas Ele não o fez… E veremos as razões.

No jardim, Marcos nos diz que Jesus começou a angustiar-se e ser tomado por grande medo ou pavor. (vs. 32-34).

O Senhor leva seus 3 apóstolos mais chegados e começa a orar, suas emoções fluem, ele confessa aos 3 apóstolos estar tomado de pavor e angústia

A NTLH traduz assim as palavras de Jesus – “A tristeza que estou sentindo é tão grande, que é capaz de me matar”.

Por quê? Traição de seu discípulo, abandono dos demais, torturado pelos soldados, carregar uma cruz, morrer quase nu numa cruz… Tudo isso leva a humanidade de Jesus a sentir profundamente o que aconteceria nas próximas horas.

Os apóstolos não conseguem acompanhar o Mestre, talvez porque nunca tinham presenciado Jesus naquele estado – Ele sempre se mostrava seguro.

Esmagado pela tristeza, pela angústia, pelo medo (como o medo atrapalha!), orar para Jesus era algo natural, um dos momentos mais importantes na sua vida, basta ler o evangelho de Lucas e ver quantas vezes Jesus aparece em oração.

Porém, desta vez, a oração de Jesus é diferente, de alguém inseguro, triste, parece incerto do que deseja, é a guerra da humanidade de Jesus contra a divindade do Mestre. Ele chama Deus de Pai, como sempre o fez, porém, Marcos, como em poucas vezes no Novo Testamento, preserva a palavra aramaica “Aba”, que seria mais bem traduzida como Papai, Pai querido, Paizinho…

Somente uma vez nos evangelhos Jesus chama Deus de Deus – na cruz, carregando todos os nossos pecados. (Mateus 27:46)

“Tudo te é possível; passa de mim este cálice”.

É como se o Senhor quisesse dizer: “Será que não há outra maneira do Senhor salvar o mundo que não seja esta?”

Quantas vezes diante de situações difíceis, falamos para Deus: “Não, Senhor, isto não…”

Jesus parece não desejar morrer, e está tentando convencer Deus disso. Mesmo sabendo o que aconteceria depois. Ele demonstra sua honestidade diante de Deus – abre o seu coração para Deus e conta o que está lá dentro – “Porém, não seja o que eu quero, e sim o que tu queres.”

Ele poderia ter fugido, tinha liberdade para isso. Já tinha feito isso outras vezes (Lucas 4:30 e João 8:59).

Mas, ali, na sua humanidade – Jesus decide confiar na “verdade” de Deus Pai.

Não é o que fazemos quando decidimos deixar de lado nossa vontade e seguir a vontade de Deus?

Quantas vezes já disse para Deus: “Meu desejo, Pai, é este…, mas, por amor e confiança no Senhor, farei da maneira como o Senhor me ensina na Sua Palavra”.

Como filhos de Deus hoje tratamos uma luta contra a nossa nova natureza em Cristo e a velha natureza carnal (Romanos 8:13 e Gálatas 5:19 em diante).

Para Jesus, não era questão de sacrifício, mas questão de obediência e o livro de Hebreus nos diz que Jesus aprendeu através da obediência e assim foi apto para ser nosso Sumo- Sacerdote (5:7-9)

II – ALGUMAS LIÇÕES QUE APRENDEMOS NO GETSÊMANI A- Quem nunca disse: “Pai, afasta de mim este cálice…?”

Um diagnóstico assustador do médico, quando chamado no Departamento Pessoal, quando um parente está no leito de hospital…

“Senhor, isto não pode estar acontecendo…”

Não lidamos bem com o sofrimento, é um teste para a fé…

Num emprego onde você é maltratado e deseja devolver na mesma moeda… Cuidando de alguém com uma doença crônica…

Tendo uma doença que exige cuidado…

Especialmente quando estamos sofrendo por obedecer a Deus, como aconteceu com Jesus e muitos dos seus seguidores no primeiro século.

É momento de procurar amigos (que são limitados) e Deus (que é ILIMITADO) – aliás, Jesus sofreu assim para entender nossas dores (Hebreus 4:15).

Expressar ao Pai nosso medo e tristeza nos ajuda a tirar de nós o controle e colocá-lo nas mãos de Deus.

B- Jesus nos ensina a insistir (vs. 41).

Três vezes Ele disse ao Pai: “Se possível, afasta de mim este cálice…”

Três vezes Paulo orou a Deus: “Tira de mim esse espinho na carne…” 2 Coríntios 12:8 Por 7 dias Davi pediu que Deus não permitisse a morte do filho. 2 Samuel 12:18

“Pedi e lhes será dado. Buscai e achareis… Batei e a porta será aberta”, diz Jesus em Mateus 7:7.

C- Jesus nos ensina a aceita a vontade de Deus (vs. 41).

“Basta! A vontade de Deus vai se cumprir”, diz Jesus.
O Senhor estava pronto para enfrentar a morte e fazer a vontade de Deus.

Paulo também teve esta mesma atitude ao aceitar o espinho na carne e Davi quando se conformou na morte do filho.

Com Jesus, vamos aprendendo a dizer: “Não a minha, mas a Sua vontade, meu Pai…”

D- Jesus nos ensina a viver num mundo pecaminoso e imperfeito

Certo escritor viu um falcão devorando um pequeno pássaro. Foi horrível, ele disse, ver o mais forte superar e matar o mais fraco.

Jesus, um homem santo e perfeito, foi morto por pecadores.

Vivemos num mundo imperfeito e sofreremos nas mãos de pessoas imperfeitas e às vezes más, como aconteceu com Jesus.

Aliás, na Palavra de Deus é mostrada como bênção o sofrer por fazer o que é certo (1 Pedro 2:20-21)

E – O resultado do Getsêmani – Jesus, pronto para enfrentar a morte (vs. 42).

Um tempo no Getsêmani transforma Jesus e Ele está novamente no controle da história – depois de entregar o controle de sua vida nas mãos de Deus – COMO PRECISAMOS DISSO, entregar o controle de nossas vidas nas mãos de Deus.

Depois de passarmos pelo Getsêmani estaremos prontos para enfrentar qualquer situação.

O tempo no Getsêmani termina, a hora de Jesus chegou, Ele sabe o que precisa fazer, Ele faz – entrega Sua vida nas mãos do Pai.

CONCLUSÃO

E nós? Como agimos diante de sofrimentos que aparecem?
As vezes sofrimentos surgem por insistirmos em sermos obedientes a Deus.

Vamos para o Getsêmani – cada um de nós já passou, está passando ou vai passar – diversas vezes na vida.

Sim, contamos com pessoas, amigos, irmãos em Cristo, parentes…

Mas Jesus nos ensina que só sairemos vitoriosos depois de um tempo lamentando, chorando, tentando entender e, principalmente, aceitando o jeito de Deus em nossas vidas.

No fim de tudo, foi Jesus e seu Amado Pai celestial. O mesmo acontecerá com cada um de nós, filhos de Deus.

Nota: Mensagem pregada na Igreja de Cristo no Bairro dos Pimentas, Guarulhos/SP., em 29 de setembro de 2019.