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80% NÃO OFERTAM

Quando eu era criança, em casa éramos em 6: Meus pais e quatro filhos. Por muitos anos apenas meus pais eram os provedores. Eles proviam 100% de tudo o que precisávamos. Eles eram até mesmo a fonte do amor que recebíamos. Acho que muitas vezes eles cansaram de fazer tudo sozinhos. Algumas vezes nós éramos ingratos por ser imaturos. Por outras vezes um só deles era o provedor. Aconteceu algumas vezes em que um só deles tinha emprego. Por outras vezes ainda, eles estavam brigados entre si. Meu pai foi um alcoólatra, venceu e tornou-se um exemplo a seguir. Meus pais amadureceram e traçaram vidas eternas para si mesmos e isto influenciou para sempre a vida dos seus filhos.

Na igreja temos quatro tipos de pessoas: os fortes, os fracos, os insubmissos e os desanimados.

“Rogamo-vos, também, irmãos, que admoesteis os desordeiros, consoleis os de pouco ânimo, sustenteis os fracos, e sejais pacientes para com todos.” (1 Tessalonicenses 5:14)

Significa que cerca de 25% apenas faz tudo pela igreja. São estes que estão envolvidos em todos os ministérios. São estes que são ativos aos domingos e estão sempre presente. São estes que sustentam financeiramente as necessidades, o evangelismo, a missão e a vida da igreja. A igreja se parece muito como uma família. Numa família que ainda está no começo apenas alguns fazem tudo por todos. Se os pais forem novos e imaturos, eles fazem tudo com dificuldade e quando se unem e passam o tempo juntos, mesmo nas dificuldades, eles amadurecem e a família se fortalece. Podem esperar que seus filhos terão futuro.

Dizem as estatísticas que apenas 20% das pessoas ofertam e sustentam a igreja. 80% participam esporadicamente, mas raramente contribuem regularmente. Mas por que as pessoas não contribuem?

Três Motivos Por Que as Pessoas Não Contribuem

Eu fiz uma pesquisa com alguns missionários que chegaram em 1961 para estabelecer congregações no Brasil. Eles de fato estabeleceram e fizeram coisas que os religiosos daquela época nem sequer imaginavam. A igreja de Cristo naquele tempo teve uma rede nacional de rádio, um avião para chegar mais rápido onde as pessoas chamavam, vários prédios e terrenos espalhados pela cidade e Estado de S. Paulo. Hoje não passa de uma instituição administradora dos bens daquele tempo. A igreja de Cristo não é muito conhecida inclusive pelos religiosos, não tem uma participação nem sequer regional e contam-se os membros em milhares espalhados pelo Brasil (De 9 a 15 mil para ser mais exato e impreciso ao mesmo tempo).

1º) Falta de Ensino e Tradição

Perguntei para vários daqueles missionários qual foi um dos erros que eles cometeram e uma resposta recorrente foi: “Nós não ensinamos a contribuir“. Vemos o contraste indelével entre as denominações tradicionais e seu poder de ação em começar novas congregações, sustentar obreiros, financiar construções, instituir escolas e faculdades, retiros bem estruturados e enviar missionários para muitas partes do mundo. Veja, a comparação não foi com algumas das igrejas pentecostais e sua ganância de acumular riqueza e poder. A comparação foi com as denominações tradicionais como nós. Aquelas denominações têm uma boa estrutura baseada na contribuição dos seus membros e podem planejar e fazer a obra que julgam melhor para o crescimento visando fins espirituais.

Pela história vemos que um dos problemas que temos revelado na coleta é que não fomos ensinados e temos medo de falar sobre dinheiro no púlpito. Temos nossas razões, claro, isso explica, mas não justifica. Um dos problemas nas fracas contribuições dominicais é, então, a tradição. Não uma tradição bíblica e saudável.

Conta-se que um irmão levantou-se para fazer a coleta e quando todos já estavam prontos para a ministração ele disse: “Chegou a hora da dolorosa”. Talvez é esta a visão que muitos têm da coleta.

2º) Falta de Objetivo

Outro motivo é o alvo, plano e trabalho. Durante um ano nós ficamos visitando várias congregações das igrejas de Cristo. Ao mesmo tempo em que eu fazia uma pesquisa sobre como estavam as congregações e suas práticas, estávamos procurando uma congregação para ajudar. Ao chegar conversava com os homens da congregação para saber como estavam e quais eram os planos para a congregações. Infelizmente notei que as congregações, de um modo geral, não têm planos a curto, médio e muito menos longo prazos. Quando uma congregação não tem planos para evangelizar nem sequer a sua própria vizinhança, como espera que os seus membros contribuam de alguma forma?

Então, não significa que as pessoas são mesquinhas e egocêntricas porque não contribuem. Elas simplesmente não são ensinadas sobre o benefício de contribuir para serem abençoadas por Deus, pois só Deus pode prometer e cumprir. Elas também não vêem o motivo do porque contribuir. Quando a igreja não tem uma liderança que confia no Senhor, dificilmente vai ter planos que expressem a fé. Consequência disso é que vai ficar reclamando que não existem recursos para fazer o que não fazem com o que se tem. E os resultados? Se as pessoas não conseguem ver o que está acontecendo, não sentem-se incentivadas.

3º Motivo: Falta de Ação

O terceiro motivo que leva as pessoas a não serem regulares na oferta é a falta de ação por parte da igreja. Uma congregação que todos os homens são a liderança, não tem liderança nenhuma. Muitas congregações são regidas por reuniões administrativas e não por homens com dons para servir. Muitas congregações que têm presbíteros não têm presbitérios. São mais administradores do que bispos do rebanho de Deus. Até mesmo o mundo sabe da importância da liderança. Dizem eles: “Cachorro que tem dois donos passa fome”. A sugestão é que as congregações tenham dois ou três homens que estejam à frente e tenham autonomia para tomar decisões e até mesmo para errar. Que levem soluções e não exerçam a função de levantar problemas.

Quando a congregação local segue uma tradição de não ofertar que não é bíblica, não tem objetivo de crescer como consequência não terá trabalho também. Quem é que vai sentir o desejo de colaborar? A maioria dos irmãos estão ‘dando o sangue’ nos seus empregos e não podem fazer mais. A forma de participarem da obra é através da oferta para sustentar um evangelista que pregue a palavra e promova o culto a Deus de várias maneiras como reuniões para jovens, casais, de estudos, etc.

A SOLUÇÃO

A solução para isso começa com a Bíblia aberta ensinando o que é a oferta e tanto a importância quanto o benefício de participar desta graça. O saudoso irmão Allen Dutton deixou como legado um excelente trabalho que pode ser usado como base para o ensino de participar da graça de ofertar. Existem bons materiais para que possamos ensinar e logo colocar em prática. A igreja se mobiliza na coleta quando é conscientizada sobre a importância de dar mais que receber. Que a nossa tradição seja obedecer a Palavra e ofertar é um mandamento (1 Co 16:1, 2; 2 Co 9:6).

A igreja precisa ter homens fiéis e idôneos para a conduzir no caminho do Senhor e planejar, com fé, o crescimento. Não importam os recursos que a igreja tem, precisamos usar a quantidade dos nossos recursos como usamos a quantidade de fé que tivermos. Se nossa fé for como um grão de mostarda, é o suficiente para transportar montanhas. A igreja precisa definir baseado na sua realidade quanto quer crescer no próximo mês, no próximo semestre, no próximo ano, nos próximos 5 ou 10 anos. Estagnação é falta de fé…

Quando a igreja não tem uma visão do futuro baseada na sua fé (mesmo que seja pequena), não vai ter resultados. Se nós plantamos, outros regam Deus dá o crescimento. O crescimento, como na parábola do Semeador, pode ser 30, 60 ou 100%, podemos não saber com certeza o quanto vamos crescer, mas tenhamos certeza de que Deus abençoa e dará o crescimento. Se nós não plantamos, já sabemos qual vai ser o resultado.

Com ensino, planejamento e trabalho, a igreja vai contribuir o que precisarmos para fazer o reino de Deus crescer onde estamos. Deus é poderoso e pode fazer mais do que podemos pedir ou pensar… que não seja um problema Ele ter confiado o Seu poder em nós (Ef 3:20).